VIRTUDES HUMANAS (9): ORDEM (1)

EVANGELHO – Mc 3, 13-19

Naquele tempo: Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele.
Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar,
com autoridade para expulsar os demônios. Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
São Marcos hoje relata a vocação, o chamado dos apóstolos. É interessante que Deus conte com pessoas humanas para fazer a sua obra. Ele poderia fazer tudo sozinho. No entanto, conhecendo a Deus, nós vemos que Ele não é um deus paternalista, que faz tudo pelos seus filhos e eles não fazem nada. Não, tudo o que Deus faz, Ele quer que nós façamos também. Isto faz com que Deus esteja mais unido a nós e nós estejamos mais unidos a Ele. Esta atitude ajuda também a não sermos passivos, ficarmos de braços cruzados esperando que tudo caia do Céu.

Deus, assim como contou com os apóstolos para salvar este mundo, quer contar conosco também nesta tarefa maravilhosa. Que todos nós digamos ao Senhor: “Senhor, pode contar comigo! Quero te ajudar também a salvar este mundo! Que queres que eu faça!” Vivamos, portanto, para sermos instrumentos de Deus aqui na terra, convertendo tudo o que fazemos, trabalho, descanso, esporte, em ocasião para aproximar as pessoas de Deus. Assim, tudo o que fazemos terá um sentido muito elevado.

Continuando a nossa série nas sextas-feiras sobre as virtudes, na semana passada falei sobre a virtude da temperança e assim abordei as quatro virtudes cardeais. Agora começarei a falar sobre as outras virtudes que são desdobramentos das virtudes cardeais.

Comecemos pela virtude da ordem.

Quando falamos sobre a virtude da prudência, dissemos, citando o Catecismo da Igreja, que ela «guia imediatamente o juízo da consciência. O homem prudente decide e ordena a sua conduta seguindo este juízo» (n. 1806).

No parágrafo anterior, o Catecismo afirma que é próprio da prudência «discernir o nosso verdadeiro bem e escolher os meios adequados para realizá-lo» (ibidem).

A prudência, então, decide e ordena. São duas atitudes que se entendem bem meditando estas palavras de um autor chamado Jacques Leclecq: «O problema da ordem é um problema fundamental na vida do homem. No universo, cada coisa está no seu lugar; tudo se encadeia na ordem imutável das leis cósmicas. O homem também está no seu lugar, um lugar sinalizado pelas leis divinas – leis morais − que não admitem mudança. Mas o homem, ao mesmo tempo deve tomar a iniciativa de ocupar o seu lugar. Deve assumir o seu lugar, porque é livre, ou seja, deve orientar pessoalmente a sua vida» (cf. Vida em ordem, Ed. A.C.P. Lisboa 1955, pp. 17-18).

Assim, a virtude da ordem consiste em decidir-nos livremente a “pôr a vida em ordem” e a empregar os “meios adequados” para tanto. A virtude da ordem, apresenta várias dimensões que vamos considerar: a ordem dos valores, a ordem dos deveres e a ordem do tempo. Os dois últimos vamos deixar para a semana que vem.

A ordem dos valores

É a principal. Qual é a hierarquia dos valores – das prioridades − na minha vida?

Depende dos meus ideais. Sem um «ideal profundo, que só se descobre à luz de Deus – dizia São Josemaria −, sem ideais bem determinados, capazes de orientar a vida inteira, nasce um estado de desorientação, de ansiedade ou até de desânimo. O remédio – custoso como tudo o que tem valor – está em procurar o verdadeiro centro da vida humana, aquilo que pode dar uma hierarquia, uma ordem e um sentido a tudo».

«Se, vivendo em Cristo – acrescenta −, tivermos nEle o nosso centro, descobriremos o sentido da missão que nos foi confiada, teremos um ideal humano que se torna divino, novos horizontes de esperança se abrirão à nossa vida» (Questões atuais do Cristianismo, n. 88).

Numa perspectiva cristã, a hierarquia certa dos valores é:
– Em primeiro lugar, Deus (“amar a Deus sobre todas as coisas”).
– Em segundo lugar, os outros (a justiça, o amor, a caridade com o próximo).
– Em terceiro lugar, “nós” (nossas obrigações).

Se algum de nós descobre que a “ordem real” da sua vida é muito diferente dessa que acabamos de mencionar, pense que deve fazer uma profunda revisão do seu modo de pensar e de viver.

Lição: podemos guardar esta frase de Santo Agostinho que nos faz ver a ordem de um modo prático: “Guarda a ordem e a ordem te guardará”. Comecemos a aplicar isto no que diz respeito à ordem dos valores.

VIRTUDES HUMANAS (9): ORDEM (1)

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