DOMINGO: DIA DO SENHOR

EVANGELHO – Mc 2, 23 – 3, 6

Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?” Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.
Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”. Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. Alguns o observavam
para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” E perguntou-lhes:
“É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”.
Ele a estendeu e a mão ficou curada. Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
gostaria de citar a homilia de um sacerdote, Pe. José Maria Pereira, que achei muito bonita para o Evangelho de hoje. Segue a homilia:

* * *

A Liturgia nos faz ler hoje os textos da Bíblia que falam do dia de descanso festivo: o “sábado” dos Judeus e o “domingo” dos cristãos. A santificação do dia do Senhor ocupa um lugar privilegiado na Sagrada Escritura.

Tal como lemos em Dt 5, 12 – 15, foi o próprio Deus quem instituiu as festas do Povo escolhido e quem o instava a observá-las: Guardarás o dia do sábado e o santificarás, como te ordenou o Senhor, teu Deus. Trabalharás seis dias e neles farás todas as tuas obras; mas no sétimo dia, que é o repouso do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum…

Além do sábado, existiam entre os judeus outras festas principais: a Páscoa, o Pentecostes, os Tabernáculos em que se renovava a Aliança e se agradeciam os benefícios obtidos. O sábado, depois de seis dias de trabalho nos afazeres próprios de cada um, era o dia dedicado a Deus em reconhecimento da sua soberania sobre todas as coisas.

No tempo de Jesus, haviam-se introduzido muitos abusos rigoristas, o que originou diversos choques dos fariseus com o Senhor, como o que relata o Evangelho de Mc 2, 23 – 3,6. Num sábado, enquanto atravessavam um campo semeado, os discípulos de Jesus começaram a arrancar espigas. Disseram-lhe os fariseus: Olha, como é que eles fazem em dia de sábado o que não está permitido? … Cristo recorda-lhes que as prescrições sobre o descanso sabático não têm um valor absoluto e que Ele, o Messias, é o Senhor do sábado.

Jesus Cristo teve um grande apreço pelo sábado e pelas festividades judaicas, embora soubesse que, com a sua chegada, todas essas disposições seriam abolidas para darem Iugar a festas cristãs. São Lucas diz-nos que a Sagrada Família ia todos os anos a Jerusalém por ocasião da Páscoa (Lc 2, 41). Jesus também celebrou todos os anos essa solenidade com os seus discípulos. Vemo-lo, além disso, santificar com a sua presença a alegria de um casamento (Jo 2, 1 – 11), e na sua pregação emprega frequentemente exemplos de festejos domésticos: o rei que celebra as bodas de seu filho. O banquete pela chegada do filho que havia partido para longe da casa paterna e que retorna ( Lc 15, 23 ). O Evangelho está dominado uma alegria festiva, sinal de que o noivo, o Messias, se encontra já entre os seus amigos.

O próprio Senhor quis, pois, que celebrássemos as festas, interrompendo as ocupações habituais para procurá-lo mediante a participação da Santa Missa e uma oração mais intensa e sossegada, dedicando mais à família e dando ao corpo e à alma o descanso necessário. O domingo é realmente o dia que o Senhor fez para o regozijo e para alegria (Sl 117, 24).

A Ressurreição do Senhor teve lugar no “primeiro dia da semana”, como testemunham todos os Evangelistas. Oito dias mais tarde, isto é, no “primeiro dia da semana” seguinte, apareceu de novo em circunstâncias semelhantes (Cf. Jo, 20).

É possível que o Senhor quisesse indicar-nos que esse primeiro dia devia ser uma data muito particular. Os cristãos entenderam-no assim e desde o início começaram a reunir-se para celebrá-lo, de tal modo que o denominavam o dia do Senhor (Ap 1, 10), donde provém a palavra domingo. Os Atos dos Apóstolos e as Epístolas de São Paulo mostram como os nossos primeiros irmãos na fé se reuniam aos domingos para a fração do pão e para a oração, e é isso exatamente o que se continua a fazer até hoje (Cf. (At 20, 7; 1 Cor 16, 2; At 2, 42).

Para nós, o domingo deve ser uma festa muito particular e muito apreciada. Mais ainda quando em muitos lugares parece ter perdido o seu sentido religioso.

Desde o começo, pois, e de uma forma ininterrupta, esta data foi sempre celebrada de um modo muito particular e muito apreciada

O domingo deve ser um dia para descansar em Deus, para adorar, suplicar, agradecer, pedir perdão ao Senhor pelas culpas coe metidas na semana que passou, pedir-lhe graças de luz e força espiritual para os dias da semana que começa” (Papa Pio Xll) e que iniciaremos então com mais alegria e com o desejo de acometer o trabalho com outro entusiasmo.

O descanso dominical – bem como os demais dias de preceito – não pode ser para nós um tempo de repouso cheio de ociosidade insossa, desculpável talvez em quem não a Deus. “Descanso significa represar: acumular forças, ideais, planos… Em poucas palavras: mudar de ocupação, para voltar depois – com novos brios – aos afazeres habituas” (São Josemaria Escrivá, Sulco, 514 ). Trata-se de um “descanso dedicado a Deus”.

Os domingos e dias de preceito são ocasião para dedicarmos mais tempo à família, aos amigos, àquelas pessoas que o Senhor nos confia. Para os pais, é a oportunidade, que talvez não tenham ao longo da semana, de conversar tranquilamente com os filhos ou de fazer alguma obra de misericórdia: visitar um parente doente, o vizinho ou o amigo que está só…

Que a alegria do Senhor que gozamos neste dia de festa seja, de verdade, nossa força para toda a semana!

Lição: saibamos viver o domingo como nos ensina o Pe. José Maria nesta homilia.

DOMINGO: DIA DO SENHOR

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