ALEGRIA: EM SACRIFICAR-SE PELOS DEMAIS (II)

EVANGELHO – Jo 16, 29-33

Naquele tempo: Os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus. Jesus respondeu: “Credes agora? Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o Pai está comigo. Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo”!
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
No mundo, tereis tribulações. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo”! Que mensagem mais alentadora de Jesus! Sim, teremos tribulações ao longo da nossa vida. Deus não nos poupa delas, não é um Pai que mima no mal sentido os seus filhos. Mas tende coragem, pois assim como eu venci o mundo, comigo o vencereis também. Assim não há motivo para a tristeza. Continuemos nossa reflexão sobre a alegria, falando sobre esta grande alegria de sacrificar-nos pelos outros. Continua o Padre Francisco.

* * *

Corações generosos

Há outros que, pelo contrário, foram generosos, não optaram por «defender-se, acautelar-se e proteger-se» dos sacrifícios.

O Dr. Eduardo Ortiz de Landázuri, médico e professor universitário de grande prestígio, foi um deles. Fundador, com outros colegas, da Faculdade de medicina da Universidade de Navarra, está em processo de Beatificação.

Quando já sabia do câncer que o aproximava do fim, foi entrevistado por um jornalista. A entrevista é longa e tocante. Transcrevo a seguir só uns trechos:

O repórter escreve que o Dr. Eduardo, ao longo dos seus cinquenta anos de exercício da medicina, «espremeu sua vida, atendendo a uns quinhentos mil doentes para os quais não tinha limite de horários. “Às três da madrugada – dizia o doutor – pode-se salvar uma vida que, se a deixarmos para atender às nove horas, só vai dar para exarar um atestado de óbito”».

O professor conta o seu encontro com o Opus Dei, em 1952, e a sua conversão juntamente com a da esposa. Faz balanço da vida e conclui com simplicidade: «Tentei passar pela vida fazendo todo o bem que pude. Tentei, digo, mas não quero que me digam que consegui, porque me assusta a possível vaidade. Quero ir para o céu e lá não há lugar para os vaidosos»[2].

Foi um homem bom, um bom cristão, que se esforçou por viver o que pregava São Josemaria Escrivá, que para ele era um pai espiritual venerado: Quando vivemos em união com Deus, «o nosso coração se dilata e revestimo-nos de entranhas de misericórdia. Doem-nos, então, os sofrimentos, as misérias, os erros, a solidão, a angústia, a dor dos outros homens, nossos irmãos. E sentimos a urgência de ajudá-los em suas necessidades e de lhes falar de Deus, para que saibam tratá-lo como filhos e possam conhecer as delicadezas maternais de Maria» (É Cristo que passa, n. 146).

Assim, a vida se “complica”. Mas sacudimos o comodismo, a rotina morna e a “vidinha” aconchegada, saímos à procura do bem dos outros, e o sacrifício generoso se torna o bater do nosso coração.

O perfume do incenso

«Nenhum ideal se torna realidade sem sacrifício» (Caminho, n. 175).

«O amor – diz belamente São Josemaria – traz consigo a alegria, mas é uma alegria com as raízes em forma de cruz… Uma dor que é fonte de íntima alegria, porque supõe vencer o egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma de nossas ações» (É Cristo que passa, n. 43).

É assim que o cristão é feliz. Das cinzas do egoísmo que vai queimando, sobe até Deus um perfume de incenso, uma oferenda que Ele acolhe e retribui com as suas bênçãos e a bem-aventurança terrena e eterna.

Veja o que conta o autor de uma breve biografia da Madre Teresa de Calcutá: «Nenhum hospital aceitaria as escórias humanas que ela aceita e acolhe com alegria sincera na sua casa, a dois passos do templo da deusa Káli, em Calcutá. E com que nome pensa você que uma ex-leprosa de Benares se tornou religiosa professa entre as Missionárias da Madre Teresa? Com o nome de Irmã Alegria. É toda uma radiografia desse espírito de felicidade no sacrifício».

«Nós nascemos – declarava a Madre Teresa – para amar e ser amados, e isso é muito mais forte do que tudo o que destrói o poder de amar». «Uma noite – contava –, alguém me disse: “A senhora não fala nunca das dificuldades que encontra na sua tarefa diária”. E a minha resposta foi que eu não tinha nem tenho necessidade de falar das dificuldades e obstáculos que se apresentam – claro que se apresentam! – no nosso trabalho diário, porque todos sabem que isso acontece e que é normal que seja assim… O importante é dar a própria vida, sabendo que morrer não é senão ir para casa, voltar para casa, onde nos espera o Pai, com Jesus, com o Espírito Santo e com a Santíssima Virgem»[3].

Tomara que esses belíssimos exemplos nos movam a fazer um profundo exame da nossa vida e a acreditar, com fé viva, no que escreve São Paulo: Deus ama a quem dá com alegria (2 Cor 9, 7)?

* * *

Meditemos com carinho nestas palavras do Padre Francisco Faus.

ALEGRIA: EM SACRIFICAR-SE PELOS DEMAIS (II)

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