FÉ: DIANTE DOS PERIGOSOS; TEMPESTADE ACALMADA

EVANGELHO – Mc 4, 35-41

Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava na barca. Havia ainda outras barcas com ele. Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O ventou cessou e houve uma grande calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
para o Evangelho de hoje gostaria de sugerir a homilia de um sacerdote italiano que segue a seguir:

* * *

O XII Domingo do Tempo Comum deixa-nos uma exclamação de busca, mas também de provocação: “Onde estás, Deus?”, que é mais ou menos aquela invocação de Cristo na cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

Penso que todos nós já experimentamos a experiência crítica do abandono por parte de Deus, mas sobretudo do ser humano, em várias situações: na nossa vida privada, íntima, familiar, de parentesco e de vizinhança.

Vamos imaginar a situação inicial: Jesus é tirado da multidão e, assim como Ele estava, eles o colocam na barca, dando-lhe um travesseiro como conforto. Ele se afasta da costa para afastar-se da multidão que o interpela constantemente e também para fazer seu trabalho de pesca.

De repente ocorre uma situação que vários deles, que eram pescadores, já teriam vivido algumas vezes, mas que desta vez é diferente. Há um vendaval, um céu negro, um barco agitado por ondas espumantes, um vento uivante, e eles têm que enfrentar esses elementos, que eles conheciam bem, porém agora com elemento novo: um perigo chamado “morte”. E eles estão apavorados, com medo, angustiados… como muitas vezes nós em nossas vidas.

E não sabem como enfrentar esta situação. E aquele que poderia salvá-los dorme tranquilamente no travesseiro, na popa do barco.

Um pouco como em nossas vidas: muitas vezes aqueles que poderiam ajudar-nos não querem se envolver, ou escapam, ou ajudam sem ajudar, e ficamos sem ninguém além de Deus.

“Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Uma súplica como um desafio provocativo para que Ele faça algo necessário que é a salvação. Quantas vezes provocamos a Deus com um pedido de “sinais” visíveis que, em algumas ocasiões, quando os temos, ficamos surpresos: “Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?”

A resposta de ‘Quem é esse…’ é rápida, cheia de autoridade, solene, eficaz, rápida e decisiva: “Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “silêncio! Cala-te!”

Os três imperativos “ordenou; silêncio; cala-te, deveriam ser mais dirigidos a eles, a nós, do que às forças da natureza. Três imperativos que devem ser ditos para estes apóstolos que desconfiam de “Quem é este…” e com quem partilharam os três anos da sua vida. Mas, que ao menor indício de perigo, refugiam-se no medo, sendo tranquilizados apenas quando Nosso Senhor os reprova dizendo: “Ainda não tendes fé?”

E, passados mais de dois mil anos, Ele ainda está aqui para nos censurar pela cultura da incerteza, da ansiedade, da doença, das dificuldades financeiras, do fracasso matrimonial, profissional, apesar da vida ter melhorado em termos de proteção social, de saúde, com transportes mais seguros e territórios mais bem defendidos e um mundo econômico global.

Apoiando-nos em “Quem é este…” Nós, a família, a sociedade devemos acreditar mais, ter mais confiança (…) A única força que pode nos salvar é a fé e a confiança em Deus, que é infinitamente mais sábio, mais poderoso, mais benevolente do que nós: “Entregai a Ele todas as vossas preocupações”, exortava São Pedro, “pois Ele cuida de nós”.

Um dia – diz um apologista muito querido por Martin Luther King, e muitas vezes citado por V. Bachelet – o medo bateu à porta e a fé a abriu: não havia ninguém lá.

Perguntemo-nos, pois:
Como indivíduos, como casal, como família, podemos encontrar em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, a força e a confiança inabaláveis que nos permitem enfrentar as tempestades da vida? Pensemos nisso!

FÉ: DIANTE DOS PERIGOSOS; TEMPESTADE ACALMADA

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