CRUZ: EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ, FONTE DE BÊNÇÃOS

EVANGELHO – Jo 3, 13-17

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: “Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus
: Como dissemos, hoje é a festa da Exaltação da Santa Cruz. Alguém poderia dizer: como assim, exaltação da Santa Cruz, exaltar a Cruz? A cruz nem sequer deveria existir, muito menos exaltar. Será que a Igreja não está errada em exaltar a Cruz?

Podemos falar muitas e muitas coisas sobre este tema. Hoje gostaria de citar um exemplo, o do Romeo, filho do Marcos Mion.

O Romeo, como muitos de vocês sabem, é autista. Imaginem quando a Susana e o Marcos, que são meus amigos, ficaram sabendo que o Romeo era autista. É realmente uma pedrada, ninguém nega. Há muita gente que diz não ter condições de lidar com isto.

Se ficamos só com esta notícia, ficamos paralisados na dor. Mas quem passa pela dor, se está aberto a Deus, passa por várias fases. A fase seguinte, procurando aceitar a vontade de Deus, é a resignação. Não há mais remédio senão aceitá-la.

Mas, passa um pouco mais de tempo e você não acredita: este casal está completamente mudado, estão felicíssimos. E mais: não trocariam esta filho por nada neste mundo. E mais: não param de agradecer a Deus por terem recebido este “presente”.

Aí você pergunta: mas aquilo não era uma grande dor? Como eles estão assim agora? Estão assim, justamente porque a cruz é uma fonte impressionante de graças e bênçãos e algumas delas, vamos perceber só na outra vida.

Por ocasião de um episódio ocorrido com o Romeo numa noite de Natal, o Marcos escreveu este artigo tocante que leio a seguir:

LIÇÕES QUE APRENDI COM MEU FILHO AUTISTA

Este texto é uma reflexão natalina. Um aprendizado.
Quanto mais leio para meus filhos sobre o “menino” Jesus e toda sua sabedoria, mais a identifico dentro da minha própria casa.
Não apenas os discípulos, mas todos que o conheciam, chamavam o menino Jesus de mestre.
Todos já me viram falar publicamente que me sinto abençoado e extremamente feliz por ter sido escolhido por Deus para ser pai de uma criança autista, ou como eu prefiro dizer, o guardião de um anjo. O meu Romeo.
Sempre que faço algum post, aparecem centenas de pais comentando e dividindo o mesmo sentimento de gratidão. Como se fosse um clube que, quem faz parte, secretamente agradece e quem não, não consegue entender por que, os que fazem, são tão gratos por pertencerem a ele.
Afinal, como que, na prática, meu filho me faz tanto bem? Como uma criança que tem muitas dificuldades consegue me ensinar, ser mestre também.
Vou contar o que aconteceu este Natal e qual foi a lição que ele nos deu.
Como de costume, pelo fim de Novembro, minha esposa, Suzana, e eu juntamos os três filhos para fazer a carta do Papai Noel.
“Eu quero infinitos Legos!”, disse Stefano.
“Calma que já tenho minha lista separada em imagens no ipad”, disse Donatela, lembrando da quantidade razoavelmente grande de presentes que já tinha separado entre borrachas da Hello Kitty e um tênis da Nike, além de várias coisas de marcas que meninas da sua idade gostam.
Resumindo: duas listas extensas e extremamente comuns para crianças que convivem num mundo tecnológico, repleto de marcas, com demandas que eu considero exageradas de consumismo e que combatemos em casa.
Até que chegamos no Romeo e indagamos o que ele gostaria de ganhar do Papai Noel.
“Uma escova de dentes azul”.
Suzana e eu, ao ouvirmos isso, ficamos muito emocionados. No meio de tanto consumismo, numa época que todos nós estamos impregnados de bens materiais, nosso mestre, sem saber, sem ter a consciência externa do que estava fazendo, afinal sua sabedoria é inata, instintiva, colocou nossos pés no chão, nos remontando aos verdadeiros valores do Natal.
(O que realmente vale nessa vida? Essas coisas materiais vão com o tempo, quebram, ficam velhas e obsoletas tornando-se um lembrete vivo e constante de dinheiro que jogamos pela janela adquirindo valores que não interessam).
(Não serei hipócrita e dizer que não é saudável comprar brinquedos e presentes. Não é isso. Sou totalmente a favor de usar o ato da compra material como recompensa e até como educação, inclusive de valores morais, mas fato é que existe um grande exagero nas proporções que o consumismo tomou hoje em dia, como mencionei explicando os pedidos dos meus outros filhos).
Ainda perguntamos para ele se não queria mais nada, um bichinho de pelúcia que ele adora, um ipad novo que, para quem não sabe, é uma das ferramentas mais poderosas de comunicação dos autistas com o mundo exterior, mas ele foi categórico: “uma escova de dentes azul. É isso que eu quero ganhar do Papai Noel”.
Chegou a véspera do Natal quando colocamos os presentes debaixo da árvore para eles pegarem no dia seguinte de manhã. Não é preciso dizer que às 5h da manhã já comecei a ouvir barulhos de presentes sendo abertos.
Levantamos para ver. Enquanto Stefano e Donatela pareciam dois demônios da tasmânia envoltos em presentes e embrulhos, abrindo mais um e mais um e mais um, Romeo assistia de longe com um certo grau de apreensão.
“Será que o Papai Noel vai trazer a minha escova de dentes azul?”, disse ele manifestando um certo receio. Conduzi, então, Romeo até árvore e o deixei identificar o presente com seu nome.
Ele abriu o embrulho com uma expectativa tão grande, uma ingenuidade e um doutorado em desapego que, quando o último pedaço de papel revelou sua escova de dentes azul, ele foi tomado de emoção!! Abaixou a cabeça num alívio e se atrapalhou todo de tão forte que era sua emoção. E aí ele chorou. Sim, ele chorou de alegria, inundado pela mais pura e bela emoção! Eu e Suzana choramos juntos.
Tão pouco… um presente tão simples… e aí me deu o estalo. Mestre!
Entendi que o que estava por trás de tudo aquilo era algo muito maior do que uma simples escova de dentes. Ali, naquela emoção, naquela pureza, naquela humildade e, acima de tudo, naquele desapego, tive a maior lição de Natal da minha vida. Obrigado Mestre, por mais uma. Te amo.

Que bonita é esta história, não é verdade? Não era para imaginar que o Marcos e a Suzana estivessem se queixando e se lamentando por ter um filho autista e por todo o trabalho que ele dá? E o que vemos? O contrário: não só não estão se queixando, apesar das dificuldades que ter um filho autista supõe, como se sentem abençoados e extremamente felizes por terem sido escolhidos por Deus para ser pais de uma criança autista, os guardiões de um anjo.

Lição: A principal cruz que exaltamos hoje é a Cruz de Cristo que nos trouxe a salvação. Quando bater à nossa porta a cruz, saibamos unir-nos a Deus nesta hora e pensemos que dela virá muitas graças e bênçãos. E, se carregamos a cruz com Cristo, como dizia São Josemaria, ela já não pesa, pois quem a carrega é Ele.

CRUZ: EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ, FONTE DE BÊNÇÃOS

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