PROVIDÊNCIA DIVINA (11): EXEMPLOS NA BÍBLIA (5)

EVANGELHO – Jo 10, 22-30

Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era inverno.
Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”. Jesus respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai.
Eu e o Pai somos um”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus no Evangelho de hoje nos diz Ele nos dá a vida eterna e que nós, suas ovelhas, jamais nos perderemos. E que ninguém vai nos arrancar das suas mãos. Ou seja, estamos em boas mãos e não há nada o que temer.

Continuando a nossa série sobre a Providência divina, gostaria de falar hoje, citando exemplos da Bíblia, da história de Tobit e de Sara que está no livro de Tobias no Antigo Testamento. Veremos como Deus nunca nos abandona, mais ainda aqueles que o amam e o temem.

Tobit era um judeu da tribo de Neftali (da Galileia) e foi levado cativo, junto com muitos outros, para a cidade de Nínive, na Assíria, cujo rei era Salmanasar. Com ele foi também sua mulher, Ana, e seu filho, chamado Tobias.

Tobit era um homem reto e cumpria seriamente, desde a infância, as leis de Deus, distribuindo dízimos e primícias. Dividia tudo o que possuía com os outros judeus que viviam em Nínive, alimentava e vestia os pobres, consolava os desolados e enterrava os mortos.

Apesar de ser judeu, o rei Salmanasar o estimava. Numa ocasião ele foi a Rages, onde emprestou algumas moedas de prata a um amigo chamado Gabael. Depois da morte do rei Salmanasar, passou a reinar o seu filho, Senaqueribe, que odiava os judeus e os perseguia e mandava matar. Tobit enterrou vários judeus mortos e foi denunciado. Jurado de morte, Tobit foge e uns dias depois os filhos de Senaqueribe matam o rei.

Tobit volta e continua a enterrar os judeus mortos. Seus vizinhos judeus criticavam-no duramente. Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a enterrar os mortos.

Um dia, ao voltar para casa cansado, recostou-se no muro, e uma andorinha deixou cair as fezes em seus olhos. Tobias ficou cego. Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade. Como havia sempre temido a Deus, desde a sua infância, e guardado seus mandamentos, ele não se afligiu, nem murmurou, contra Deus por ter sido atingido pela cegueira. Mas perseverou firme no temor de Deus, e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida. Sua esposa Ana também o censurava dizendo que a sua
esperança era vã e que não valia nada as esmolas que dava.

Ao mesmo tempo, numa outra cidade, mais ou menos próxima, Sara, filha de Raguel, que era parente de Tobit, cheia de angústia, rezava também a Deus pedindo a sua ajuda, pois já havia tido sete maridos e os sete morreram na noite de núpcias por um demônio chamado Asmodeu e a sua serva caçoava dela.

As orações de ambos foram ouvidas, e Deus enviou o arcanjo Rafael para ajudá-los. Tobit, lembrando do dinheiro que havia emprestado a Gabael, pediu ao seu filho Tobias que fosse até sua cidade para recuperá-lo e pediu que encontrasse um companheiro para fazer esta viagem. O Arcanjo Rafael apareceu como um belo jovem, mas não se deu a conhecer, e prometeu acompanhar o jovem Tobias.

Eles partiram. Chegando à beira do rio Tigre, Tobias se assustou com um enorme peixe. O Arcanjo Rafael ordenou que ele o pegasse pelas guelras, que lhe tirasse a bile (vesícula), o coração e o fígado, que iria servir mais adiante. Depois, comeram um pouco da carne e salgaram o resto para a viagem.

Parando em frente à casa de Raguel, o Arcanjo Rafael pediu a Tobias que pedisse a sua filha Sara em casamento. Tobias, que sabia de sua história, assustou-se, mas o Arcanjo Rafael disse que confiasse que tudo daria certo. Pediu para não se unirem maritalmente na noite de núpcias, que passassem a noite rezando e que jogasse o coração e o fígado, que havia guardado daquele peixe, e o colocassem no fogo para que a fumaça espantasse o demônio.

No dia seguinte Tobias estava vivo e Sara, junto com a família, ficaram imensamente felizes. Festejaram o casamento e, enquanto Tobias ficava com a Sara, o Arcanjo Rafael foi buscar o dinheiro com Gabael. Voltou com as moedas de prata e os três se dirigiram felizes para a cidade de Nínive. Enquanto isso, todos os dias Ana olhava no horizonte esperando ver o seu filho chegar. No caminho, o Arcanjo Rafael deu instruções a Tobias. Devia ir na frente e ao chegar em casa, devia rezar e untar os olhos do seu pai com a bile do peixe que havia guardado. Assim foi feito, e Tobit recuperou a vista. Depois, chegou o Arcanjo Rafael com Sara. Tobit ao ver todas aquelas graças dadas por Deus, faz um banquete e no meio dele, o Arcanjo Rafael se dá a conhecer.

O Arcanjo Rafael diz, então estas palavras:
Tobit, quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor.
Mas porque eras agradável ao Senhor, foi preciso que a tentação te provasse.
Agora o Senhor enviou-me para te curar e também para livrar Sara do demônio.
Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor (…)
É chegado o tempo de voltar para aquele que me enviou: vós, porém, bendizei a Deus e publicai todas as suas maravilhas. Acabando de dizer estas palavras, desapareceu diante deles, e eles não viram mais nada. Durante três horas permaneceram prostrados por terra, bendizendo a Deus. Depois levantaram-se e publicaram todas essas maravilhas.

Tobit tomou, então, a palavra e, num transporte de alegria, escreveu esta prece: Sois grande, Senhor, na eternidade, vosso reino estende-se a todos os séculos.
Porque vós provais e, em seguida, salvais. Conduzis a profundos abismos e deles tirais; e não há quem possa escapar à vossa mão. Celebrai o Senhor, filhos de Israel. Louvai-o em presença das nações. Porque, se ele vos dispersou entre povos que o não conhecem, foi para que publiqueis as suas maravilhas e lhes façais reconhecer que não há outro Deus onipotente senão ele.

Tal foi o cântico de Tobit, diz o Livro de Tobias. Depois que recobrou a vista, viveu (ainda) quarenta e dois anos, e viu os filhos de seus netos. (Morreu) com a idade de cento e dois anos, e foi sepultado com muita honra em Nínive. Aos cinquenta e seis anos tornou-se cego, e recobrou a vista aos sessenta. Todo o resto de sua vida se passou na alegria. E a paz de que gozou foi em proporção aos seus progressos no temor a Deus.

Lição: que a história de Tobit e de Sara nos ajude nestes momentos em que, mesmo sendo fiéis a Deus, parece que Ele nos abandonou por nos acontecer muitas coisas ruins. Mas não é verdade. Deus nunca nos abandona! Os momentos ruins são, como disse o Arcanjo Rafael, provações para que ganhemos um Céu bem grande. Mas logo veremos que este período de provações passa e vem os momentos de grande alegria.

PROVIDÊNCIA DIVINA (11): EXEMPLOS NA BÍBLIA (5)

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