EVANGELHO – Mt 7, 1-5
“Não julgueis, e não sereis julgados. Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, com a mesma medida com que medirdes. Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho? Ou, como podes dizer ao teu irmão: “deixa-me tirar o cisco do teu olho”, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Jesus hoje nos transmite um ensinamento da caridade: “Não julgueis”. Quem nos animou a não julgar os demais e viver uma profunda caridade no dia-a-dia, nas realidades do nosso cotidiano, foi São Josemaria. Como hoje é a sua festa, gostaria de falar um pouco sobre este grande santo que veio trazer uma mensagem incrível para todos nós.
* * *
São Josemaria nasceu em 1902 na cidade de Barbastro, Espanha e morreu em Roma no ano de 1975. Sua família era muito católica. Prestes a completar 16 anos de idade, morando na cidade de Logronho, um dia saiu à rua, tinha acabado de nevar, e viu vários carmelitas andando descalço sobre a neve. Deus se serviu deste episódio para tocar profundamente o seu coração e o levar a se aproximar mais dEle, frequentando mais os sacramentos.
Os anos foram se passando e, enquanto isso, Deus o ia inspirando com frases da Sagrada Escritura que ele ia anotando em pequenas fichas. Viu que Deus lhe pedia para entrar no seminário e ordenar-se sacerdote. Dois anos depois de ordenado, fazendo um retiro em Madri, no dia 2 de outubro de 1928, depois do café da manhã, decidiu colocar as fichas em cima da cama para lhe dar uma ordem nelas. Ele conta que nesta hora, através de uma luz sobrenatural, Deus lhe mostrou o Opus Dei projetado no tempo.
O que ele viu? Ele viu pessoas de todas as raças e condições santificando-se no meio das suas tarefas de cada dia. Aí ele explicava que até então isso era inconcebível na mentalidade da Igreja. Por vários motivos, acreditava-se unicamente que as pessoas que se afastam do mundo, como os religiosos, ou os sacerdotes, podiam ser santas. Jamais passava pela cabeça das pessoas que um pai de família, um trabalhador normal, uma dona de casa, um taxista podia um dia estar nos altares de uma igreja.
Chestherton no seu livro sobre São Francisco diz que São Tomás colocou a inteligência no lugar, que até São Tomás de Aquino os católicos não sabiam se a inteligência, a filosofia, ajudava ou atrapalhava a fé. Este santo mostrará que a inteligência é boa e nos dá a base para a fé. Da mesma forma, dirá que São Francisco de Assis colocou a natureza no seu devido lugar, que até São Francisco os católicos não sabiam, diante da fé, que lugar a natureza devia ocupar, mostrando ser ela uma obra de Deus que nos conduz à fé. Olhando para São Josemaria, vemos que Deus vai se servir dele para colocar o mundo no seu lugar. O mundo sempre foi visto como algo ruim, que nos afasta de Deus. Além disso, o trabalho, as obrigações, que são necessidades próprias do mundo, nos impedem de rezar.
Deus, através de São Josemaria, vai nos lembrar que o mundo não é ruim, pois saiu das mãos de Deus, é obra da criação. O que torna o mundo ruim são as más ações dos homens. Também vai nos dizer que o trabalho, além de ser querido por Deus, pois trabalhar é cooperar com Deus na obra da criação, pode ser convertido em oração, em ocasião de encontro com Deus, oferecendo-o para Deus e fazendo-o bem-feito, santificando-o. Daí São Josemaria ter visto pessoas de todas as raças e condições santificando-se no meio das tarefas de cada dia, alcançando os altares através do trabalho cotidiano.
Com esta luz de Deus, São Josemaria entendeu que a santidade é, então, para todos, que uma pessoa que vive no meio do mundo pode ser tão santa quanto Santa Teresinha, quanto São Pio de Pietrelcina, que se afastaram do mundo para viver uma vida de oração e de união com Deus.
Esta mensagem de São Josemaria é transformadora. Ela:
– nos leva a ver um sentido divino em toda realidade terrena;
– leva-nos a vivermos uma profunda unidade entre o humano e o espiritual, o material e o espiritual;
– leva-nos a ver o trabalho com outros olhos, com uma dimensão divina, sobrenatural, uma ocasião de encontro com Deus, um meio de santificação, conquistando todas as virtudes através dele, um prolongamento da obra da criação, um instrumento de corredenção, isto é, algo que pode ser oferecido para fins sobrenaturais como salvar as almas, tirar as almas do purgatório, obter a conversão das almas, mover a Deus a interceder por alguém que esteja precisando etc. São Josemaria lembrava de Cristo na carpintaria oferecendo o seu trabalho para estas intenções;
– leva-nos a ser profundamente humanos e divinos, leva-nos a imitar Cristo que é perfeito Deus e perfeito homem, leva-nos a ser cristãos de uma só peça, não só aquele que vai à missa e reza, mas aquele que faz bem todas as coisas: é um bom profissional, um bom pai, uma boa mãe, um bom filho, uma boa filha, um bom marido, uma boa esposa etc.
Aconselho a todos a conhecerem melhor a vida de São Josemaria e o conteúdo da sua mensagem. Para isso, nada melhor do que entrar no site do Opus Dei.
Que a sua mensagem nos leve a ver a vida com outros olhos e que, sobretudo, mude a nossa vida.