EVANGELHO – Jo 6, 16-21
Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles. Soprava um vento forte e o mar estava agitado. Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo. Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: no Evangelho de hoje vemos este momento após a ressurreição em que Jesus aparece junto dos apóstolos num momento que começam a passar um certo perigo: estavam na barca e começa a soprar um vento forte e o mar estava agitado. Apresenta-se e diz: “Sou eu. Não tenhais medo”. Assim é Jesus! Basta passarmos um perigo um pouquinho maior e Ele já está do nosso lado.
Deus cuida de nós e nunca chega tarde. Podemos ver esta ideia de que nunca chega tarde tanto no episódio da filha de Jairo como no episódio da ressurreição de Lázaro.
Um autor espiritual diz assim:
Conta-nos São Lucas que, certa vez, Jesus voltava a Cafarnaum e todos o estavam esperando. Do meio daquela multidão, avança um personagem – que o evangelista destaca dizendo que era um chefe de sinagoga, chamava-se Jairo – e pede a Jesus que lhe cure a filha: prostrou-se aos seus pés; não se importa de dar essa demonstração pública de humildade e de fé nEle.
Imediatamente, a um gesto do Senhor, todos se põem a caminho da sua casa. A menina, de doze anos, filha única, estava morrendo. Quando já tinham feito uma boa parte do trajeto, uma mulher, que padecia de uma doença que a tornava impura segundo a lei, aproximou-se de Jesus por trás, por entre o tropel da multidão, e tocou a extremidade do manto do Senhor. Era também uma mulher cheia de uma profunda humildade.
Jairo tinha mostrado a sua esperança e a sua humildade prostrando-se diante de Jesus na presença de todos. Esta mulher, pelo contrário, pretende passar despercebida, não quer que o Mestre se detenha por causa dela; pensava que valia muito pouco para que o Senhor reparasse nela. Bastava-lhe tocar a orla do seu manto.
Os dois milagres realizam-se plenamente. A mulher ficará livre para sempre de um mal que a ciência de tantos médicos não tinha podido curar, e a filha de Jairo recuperará totalmente a saúde, embora já estivesse morta quando a comitiva chegou.
Que aconteceu com Jairo, enquanto o Senhor se detinha a conversar com a hemorroíssa? Parece ter passado a um segundo plano, e não é difícil imaginá-lo um pouco impaciente, pois deixara a filha agonizante quando saíra à procura do Mestre. Mas Cristo não mostra ter pressa. E é precisamente quando parece ter chegado tarde, quando parece já não haver nada a fazer, quando tudo convida ao desalento, que chega a hora da esperança sobrenatural.
Jesus nunca chega tarde. Só nos pede uma fé maior. Esperou que se fizesse “tarde demais” para nos ensinar que a esperança sobrenatural também tem por alicerce as ruínas da esperança humana, e que a única coisa necessária é uma confiança ilimitada nEle, pois Ele pode tudo a todo o momento.
Este trecho do Evangelho recorda-nos situações por que já passamos na nossa própria vida, quando parecia que Jesus não vinha ao encontro das nossas necessidades, e depois nos concedeu uma graça muito maior. Recorda-nos tantos momentos em que estivemos de joelhos diante do Sacrário, e nos pareceu ouvir palavras muito semelhantes a estas: Não temas, mas apenas crê. Esperar em Jesus é confiar nEle, deixá-lo atuar; é ter tanto mais confiança quanto mais escassos forem os elementos em que nos possamos apoiar humanamente (Francisco Fernandez Carvajal).
Com relação à ressurreição de Lázaro, Jesus ao ser informado que ele estava muito doente, ficou ainda dois dias no lugar em que se encontrava. Na verdade Jesus, sabia que Lázaro já estava morto. Então vai até Betânia, onde os irmãos Marta, Maria e Lázaro moravam e ao chegar lá, já fazia quatro dias que Lázaro havia morrido. Parece, então, que Jesus chegou tarde. Mas, não esqueçamos, Deus nunca, nunca chega tarde. Chegou no momento que era para chegar, pois o que queria era ressuscitar Lázaro e fazer este milagre depois de vários dias falecido, faria as pessoas não terem dúvida de que foi um autêntico milagre. E foi assim que Jesus fez.
Nem sempre Deus fará aquilo que estamos desejando. Talvez Deus não quisesse ressuscitar a filha de Jairo ou Lázaro. De uma forma ou de outra, Deus sempre faz o melhor. Assim, Deus nunca chega tarde para fazer o melhor, o que mais convém a nós ou aos outros. Que esta certeza nos dê uma profunda serenidade diante dos acontecimentos da vida. Deus cuida de nós e nunca nos abandona.