PLANO DA SANTIDADE (8): TERÇO

EVANGELHO – Mc 1, 40-45

Naquele tempo: Um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres tens o poder de curar-me”. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado. Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus, mostrando a sua divindade, continua fazendo curas mostrando que tem poder sobre toda a realidade física.

A lepra sempre foi vista como uma imagem do pecado. E o que realmente Deus quer curar em nós é o pecado. A doença física não nos afasta de Deus e nem da salvação. O pecado, por outro lado, nos afasta de Deus e da salvação. Por isso, esta frase do leproso, “Senhor se queres, podes me curar”, é utilizada com muita frequência pelos cristãos para pedir a Deus o perdão dos nossos pecados ou para manifestar a Deus a fraqueza diante de um pecado específico, pedindo a sua ajuda para não mais pecarmos.

Que também nós utilizemos esta frase para Deus tirar toda a lepra da nossa alma.

Dando continuidade aos temas relacionados com o Plano da Santidade nas quintas feiras, na última vez falamos sobre a Visita ao Santíssimo e hoje vamos falar sobre o terço.

Desde que o terço foi “inventado”, por assim dizer, ele passou a ser uma oração importantíssima na vida do cristão.

Quem “inventou” o terço? Deus através de Nossa Senhora. A história do terço remonta aos primeiros tempos do cristianismo quando os cristãos começaram a rezar a primeira parte da Ave-Maria em homenagem ao “sim” de Nossa Senhora no dia da Anunciação.

Entre os séculos X e XI foi acrescentado o nome de Jesus no final desta primeira parte da Ave-Maria. A segunda parte surgiu no século XIII, juntamente com o terço, tendo um papel importante São Domingos de Gusmão.

Este santo, que viveu entre os anos 1170 a 1221, foi um sacerdote espanhol, fundador da ordem dos dominicanos ou pregadores. Num determinado momento da sua vida decidiu ir à França para lutar contra a heresia albigense. Esta heresia, entre outros erros, ensinava que havia dois deuses: um bom e um mau. São Domingos se empenhou no combate desta heresia, mas durante um ano de tentativas, não conseguiu sequer falar com os hereges.

Segundo uma antiga tradição, no ano de 1208, foi a um bosque chorar, rezar e suplicar a Nossa Senhora para que mostrasse uma arma espiritual eficaz para vencer aquela batalha. Depois do terceiro dia que estava em oração, Nossa Senhora apareceu-lhe acompanhada de três anjos e disse a São Domingos:

– Querido Domingos, você sabe qual é a arma que a Santíssima Trindade quer usar para mudar o mundo? A resposta de São Domingos foi que ela sabia melhor que ele. Então Nossa Senhora lhe disse:

– Quero que saiba que neste tipo de guerra a arma sempre foi o Saltério Angélico (palavras do Arcanjo Gabriel a Nossa Senhora na Anunciação que estão na primeira parte da Ave-Maria), que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Portanto, se você quer converter estas almas endurecidas e ganhá-las para Deus, difunda o meu saltério.

Conta-se que Nossa Senhora, então, mostrou o terço para São Domingos, com as 50 Ave-Marias, que passou a ser conhecido como Saltério da Bem-Aventurada Virgem Maria. A partir daí São Domingos começou a espalhar esta devoção, encontrando eco nos fiéis católicos que não sabiam ler e queriam de alguma maneira imitar os monges que recitavam os 150 Salmos da Bíblia.

Passado um tempo, como esta devoção veio a diminuir, Nossa Senhora apareceu ao beato Alano de Rupe (1428-1475), também da ordem de São Domingos, e lhe pediu para avivá-la novamente. Nossa Senhora lhe disse que seriam necessários volumes imensos para registrar todos os milagres obtidos por meio do terço e reiterou as promessas feitas a São Domingos de Gusmão. Inspirado pela Mãe de Deus, Alano criou as agrupações de 50 Ave-Marias conhecidas como Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. Acrescentou também os Pai-Nossos no início de cada dezena. Surgia assim o Rosário como nós conhecemos hoje, com a diferença da inclusão recente dos Mistérios Luminosos pelo papa João Paulo II.

Um pouco depois viria a famosa batalha de Lepanto que ocorreu em 1571 e teve como finalidade conter o avanço turco na Europa. Ao ver a Europa ameaçada pelos exércitos do império otomano, que avançavam por mar e por terra, devastando tudo e perseguindo os cristãos, o Papa São Pio V, no dia 14 de setembro de 1569, publicou um documento chamado Carta Breve Consueverunt, onde recomendava a oração do Rosário por parte dos católicos, e implorava a proteção de Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, com o auxílio da Espanha e de Veneza, reuniu uma esquadra no Mar Mediterrâneo para defender os países católicos.

Dois anos depois, a sete de outubro de 1571, a frota católica, composta de aproximadamente 200 embarcações, encontrou a poderosa esquadra otomana no golfo de Lepanto com uma frota adversária ligeiramente superior. E apesar da superioridade numérica, os cristãos saíram triunfantes, afastando definitivamente o risco de uma invasão. Antes de travar-se o combate, todos os soldados e marinheiros católicos rezaram o Rosário com grande devoção.

A Virgem Santíssima, – segundo testemunho dado pelos próprios muçulmanos – apareceu durante a batalha, infundindo-lhes grande terror.

No final da luta, Nossa Senhora apareceu também ao papa Pio V, que estava em Roma, para lhe comunicar a boa notícia. Com grande alegria o papa instituiu neste dia a festa de Nossa Senhora do Rosário, com a certeza de que foi através da oração do Rosário recitada por tantos fiéis ao longo de dois anos que propiciou a vitória nesta batalha tão decisiva para a cristandade. A partir desta data o rosário passará a ser conhecido como “arma poderosa”, a arma por excelência dos católicos para vencerem todos os inimigos.

Promessas que Nossa Senhora fez a São Domingos de Gusmão para quem rezasse o terço:

1. Prometo minha proteção e as maiores graças aos que rezarem o terço.
2. Aqueles que rezarem-no com muita fé em vida, na hora de sua morte encontrarão a luz de Deus e a plenitude da sua graça.
3. As crianças devotas dele merecerão um alto grau de glória no céu.
4. Obterão tudo o que pedirem mediante esta oração.
5. Os que propagarem esta devoção serão assistidos por mim em suas necessidades.
6. Os que acudirem a mim ao rezá-lo, terão como intercessora toda a corte celeste durante a vida e na hora da morte.

Estas promessas, de uma maneira ou de outra, foram reiteradas por Nossa Senhora nas aparições de Fátima:
– Rezai o Rosário todos os dias para obter a paz do mundo e para terminar a guerra.

Nossa Senhora, nestas palavras, mostra a força do terço para alcançar a salvação e como instrumento da paz do mundo.

Lição: que o terço passe a fazer parte do nosso dia-a-dia sabendo do imenso poder que ele tem.

PLANO DA SANTIDADE (8): TERÇO

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