PAZ: COMO CONQUISTÁ-LA

EVANGELHO – Jo 14, 23-29

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que eu vos disse: “Vou, mas voltarei a vós”. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Disse-vos isso, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis”. – Palavra da Salvação – Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus: Como comentei numa outra ocasião, o Evangelho de domingo vai seguindo outra sequência. Justamente por isso, o Evangelho de hoje coincide com o que lemos uns dias atrás, pois estamos percorrendo durante a semana todo o Evangelho de São João. Gostaria de comentar hoje sobre a paz. Jesus nos diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. E mais adiante: Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Deus quer a nossa paz. Em nenhuma ocasião Jesus disse para estarmos perturbados. Como é importante falar sobre a paz, a paz interior, pois é um dos bens espirituais mais desejados por nós, ao lado da felicidade e do amor. Que bom seria se no nosso interior reinasse sempre a paz! Por que desejamos tanto esta paz? Porque a paz é sinônimo de bem-estar, de felicidade. Porque ter a paz é sinônimo de fazer tudo melhor, de render o trabalho, de dormir maravilhosamente bem, de ser mais delicado no relacionamento com os outros, de afastar para longe qualquer stress, qualquer gastrite nervosa, qualquer ansiedade, qualquer sofrimento interior, etc. No entanto, como nós sabemos, a paz é uma mercadoria difícil de ser alcançada. E por quê? Porque para conquistá-la requer-se fé e muito empenho da nossa parte. A conquista da paz é uma conquista trabalhosa. Qual é, então, o seu caminho? De modo resumido e abrangente quero indicar desta vez apenas dois caminhos: 1. Apoiar-se em Deus (para este apoio requer-se a fé, como falava acima) Como Nosso Senhor nos disse, “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz”. A primeira coisa que precisamos saber é que a paz vem de Deus e sem Deus jamais teremos paz. Querer ter paz sem Deus é como querer costurar sem linha; é absolutamente impossível! Isto é assim porque toda a nossa vida está suspensa por uma casca de ovo: a saúde, a situação financeira, o futuro, etc. Basta simplesmente uma noite para no dia seguinte a situação da nossa vida estar completamente diferente: acordar com uma doença grave, ter uma derrocada financeira, receber uma notícia ruim, etc. Sem Deus, por mais controle que queiramos ter da vida, ela nos escapa das mãos. Ter paz é pôr nas nossas mãos o controle que podemos ter da nossa vida (dos filhos, dos familiares, etc) e pôr nas mãos de Deus tudo o que escapa a este controle, confiando na sua Paternidade e Amor divinos. Quem é que costuma perder a paz, deixar-se levar pela ansiedade, ter noites mal dormidas? Quem está querendo ter o controle de tudo! Como uma vez me disse um amigo, querer ter o controle de tudo é querer ser Deus ou achar que temos a vocação para ser Deus. Não, Deus é Deus e nós somos nós. Nós somos simples criaturinhas sustentadas pelas mãos de Deus. Se estamos tensos, nervosos, ansiosos, façamos o exercício de abandonar todas as coisas nas mãos de Deus, dizendo, quem sabe, esta oração: “Senhor, em tuas mãos abandono o presente, o passado e o futuro, o pouco e o muito, o pequeno e o grande, o temporal e o eterno!“. 2. Ir à causa das tensões, ansiedades, e aplicar o remédio oportuno (isto requer um exercício que demanda tempo para curar cada ferida). Todas as vezes que tivermos perdido a paz temos que nos perguntar: o que é que está me fazendo perder a paz? Ao fazermos esta pergunta, vamos encontrar dezenas de respostas: a dificuldade de convivência com uma pessoa, uma notícia que nos deixou apreensivos, uma dor de cabeça que não passa, a saúde de um familiar, uma pessoa que fez um comentário desagradável, um objeto que acabamos de perder, a apreensão com relação ao futuro, o trânsito que está cada vez pior, etc, etc… Uma vez identificada a causa, devemos fazer o seguinte exercício: colocar-nos diante de Deus e dizer para Ele: “Senhor, estou preocupado com isto, que devo fazer? Sei que o Senhor está vendo o que estou passando, e não só isto, mas todos os problemas que há no mundo, e o Senhor não está aflito porque o Senhor é o Príncipe da Paz. Que devo fazer para também ficar em paz?”

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