ALEGRIA: ENCONTRÁ-LA REZANDO (I)

EVANGELHO – Jo 15, 12-17

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que, então, pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Quantos motivos de alegria nos dá o Evangelho de hoje. Jesus nos diz: “Vós sois meus amigos (…) já não vos chamo servos”. Que Deus nos considere seus amigos, nós que somos simples criaturas. Isso é maravilhoso! Depois Jesus disse: “vos escolhi para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça”. Ou seja, não somos chamados nesta vida à esterilidade, mas a dar frutos e que eles permaneçam, se perpetuem. Esta é uma certeza de que nossa vida nunca será estéril. E estas outras palavras: “o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá”. Ou seja, Deus não nos abandona à nossa sorte, está sempre intercedendo, cuidando de nós. Estas palavras nos animam a dar continuidade à nossa reflexão sobre a alegria. Dom Rafael dirá hoje que temos que sair ao encontro da alegria e que uma forma de fazer isso é rezar. Vejamos.

* * *

SAIR AO ENCONTRO DA ALEGRIA

Temos de sair todos os dias ao encontro da nossa querida amiga, a alegria. Parece que não a vemos, que não existe. Mas a verdade é que está escondida por trás de cada coisa com que nos deparamos diariamente, como a vida está escondida na palpitação de cada ser e o amor em cada coração humano… Não é tão difícil encontrá-la.

PROCURE A DEUS

Quando estamos doentes, vamos procurar o médico; quando precisamos de dinheiro, dirigimo-nos a um estabelecimento financeiro; quando temos de construir uma casa, valemo-nos de um arquiteto… E quando estamos tristes, que devemos fazer? Diz Caminho: “Para dar remédio à tua tristeza, pedes-me um conselho. — Vou-te dar uma receita que vem de boa mão — do Apóstolo Tiago: — Estás triste, meu filho? — Faz oração! — Experimenta.”
Experimentaram-no muitos homens e mulheres ao longo de vinte séculos de cristianismo: os mártires, os confessores, as virgens e milhões de cristãos comuns.
O escritor Armando Valadares, que esteve nas prisões da Cuba comunista, sofrendo um trato verdadeiramente desumano por mais de vinte anos, chegando a situações-limite, para além da capacidade normal, escreve na sua obra “Contra toda a esperança”. “Todas as noites, nesses minutos que antecedem o sono, recomendava-me a Deus pedindo-lhe que fortalecesse a minha fé; a minha preocupação constante era não afundar-me no desalento e no desespero. Em minhas conversas com Deus, na solidão daqueles minutos, ia encontrando o ponto de apoio na fé que, com o decorrer dos anos, seria submetida a tirânicas provas de resistência das quais sairia vitoriosa. Uma atitude de confiança diante de todas as circunstâncias difíceis transformou-se em mim num instrumento de combate. Mais de vinte anos depois, os coronéis da Polícia Militar seriam forçados a comentar, com odiosa inveja, que eu sempre estava rindo. Tiraram-me o espaço, a luz, o ar, mas não puderam tirar-me o sorriso”.
Tamanha força para vencer o desalento, superar a tristeza e conservar o sorriso veio-lhe de algo muito simples e muito grande: a oração.
Que significa, porém, fazer oração? Fazer oração é conversar com Deus, elevar o coração a Ele, abrir-se diante da sua presença.
Deus não está longe, lá em cima onde brilham as estrelas. Está perto, ao nosso lado. O nosso Deus, não é o Deus das distâncias astronômicas. É para nós Jesus, um Deus de coração humano, Aquele que nasceu num presépio, morreu na Cruz e ficou no Sacrário por nosso amor. E Ele nos diz: Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos (Mt 28, 20).
Está junto de nós; mais ainda, está dentro de nós: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele, e nele faremos a nossa morada (Jo 14, 23). Está mais dentro de nós do que nós mesmos, porque está na própria raiz do nosso ser: Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17, 28). Podemos encontrá-lo e conversar com Ele em qualquer momento. Com Ele, que é a fonte de toda a alegria e de toda a felicidade.
Quando queremos acender a luz, ligamos o interruptor. Um pequeno dispositivo põe-nos em contato com toda a rede de energia que se estende pelo país. É uma maravilha! Pois bem, colocar-se na presença de Deus e dizer-lhe: “Meu Senhor e meu Deus, creio firmemente que estás aqui, que me vês, que me ouves…” é como ativar o dispositivo espiritual que nos põe em conexão pessoal com essa infinita rede de poder, de sabedoria, de compreensão, de carinho, de alegria que é Deus… Não é um mecanismo eletrônico o que se põe em movimento, mas é o coração do nosso Pai que está à nossa escuta. É alguém que nos diz, tendo nas suas mãos toda a riqueza do universo: Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á, porque todo aquele que pede recebe, o que busca, acha, e a quem bate, abrir-se-lhe-á (Mt 7, 7).
Mas para isso é preciso ter fé. Se pedirdes com uma fé tão grande como um grão de mostarda, direis a essa montanha. Arranca-te e lança-te ao mar e assim se fará (Mt 21, 21). Não basta, pois, uma fé interesseira que só se lembra de Deus na hora dos “apertos”. As alegrias de Deus não se “compram” em troca de quatro bugigangas, de quatro orações mal alinhavadas… Deus espera de nós uma fé confiante, que se abra num diálogo filial e amável, que nos leve a falar com Jesus, exatamente como faríamos se nos encontrássemos com Ele sentados à margem do mar de Tiberíades ou à sombra de uma oliveira lá na Palestina: “Senhor, hoje estou triste… Acabo de receber esta notícia desagradável… Estou sentindo o meu corpo doente… Não espero grandes coisas nos próximos anos… Senhor, ajuda-me!” Peçamos, sim, que Ele não deixará de nos atender. Vinde a mim, todos os que estais fatigados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei (Mt 11, 28), disse Jesus.
Poderíamos perguntar-nos: acreditamos nestas palavras? Se não acreditamos, estamos ofendendo a infinita veracidade e o poder de Deus. Mas, se acreditamos, por que não nos lançamos nos braços do Senhor, como uma criança nos braços de seu pai?. Diz São Pedro: “Confiai-lhe todas as vossas preocupações porque ele cuida de vós” (1 Pe 5, 7).

Lição: que guardemos no coração estas palavras de Dom Rafael: estamos tristes? Procuremos rezar! Como disse Nossa Senhora numa mensagem em Medjugorje: “Rezai, rezai, rezai e encontrareis a alegria”!

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