SÃO JOAQUIM E SANT’ANA: A SANTIDADE DOS NOSSOS AVÓS

EVANGELHO – Mt 13, 16-17 (próprio)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
O Evangelho que li é o sugerido para a festa de hoje. Fala da felicidade daqueles que puderam ver o Messias. São Joaquim e Sant’Ana muito provavelmente tiveram esta felicidade. A verdade é que a Bíblia não menciona nada sobre eles. Temos alguma informação sobre eles no Evangelho apócrifo de São Tiago e através da revelação particular de Deus a alguns santos. Gostaria de ler o que diz sobre eles a Beata Maria de Jesus Agreda. Ela teve revelações de toda a vida de Nossa Senhora. Suas palavras são muito bonitas:

Nesta ocasião – ao nosso modo de entender – o Altíssimo voltou sua atenção para o atributo da misericórdia e com a lei da clemência inclinou o peso de sua incompreensível equidade. Sentiu-se mais empenhado pelos clamores e serviços dos justos e profetas de seu povo, do que dispensado pelas ofensas e maldade de todo o resto dos pecadores.

Naquela tão densa noite da antiga lei, determinou dar sinais certos do dia da graça, enviando dois astros brilhantes que anunciassem a claridade já próxima do sol da justiça, Cristo nossa salvação.
Foram eles São Joaquim e Sant’Ana preparados e criados pela divina vontade, segundo a semelhança de seu coração.

São Joaquim tinha residência, família e parentes em Nazaré, povoado da Galileia, e sempre foi homem justo e santo, ilustrado com especial graça e luz do alto. Possuía compreensão de muitos mistérios das Escrituras e dos antigos profetas. Com oração contínua e fervorosa, pedia o cumprimento das promessas divinas, e sua fé e caridade penetravam os céus. Era homem humilíssimo e puro, de costumes santos e suma retidão, de grande peso e seriedade, de incomparável modéstia e honestidade.

A felicíssima Ana morava em Belém, era donzela castíssima, humilde, formosa, santa desde a infância, distinta e cheia de virtudes. Recebeu também grandes e contínuas ilustrações do Altíssimo, e sempre exercitava a vida interior com altíssima contemplação. Ao mesmo tempo era muito ativa e laboriosa, alcançando a plenitude da perfeição das vidas ativa e contemplativa. Possuía conhecimento das divinas Escrituras e profunda inteligência de seus ocultos mistérios. Nas virtudes infusas, fé, esperança e caridade foi incomparável.

Preparada por estes dons, orava continuamente pela vinda do Messias (…) Sem dúvida alguma, os merecimentos de Sant’Ana entre os santos do Antigo Testamento, tiveram lugar de destaque para apressar a encarnação do Verbo.

(…) Por disposição divina, ficou determinado que Joaquim e Ana tomariam estado de matrimônio e seriam pais da Mãe do mesmo Deus humanado.

Para se executar este decreto o santo anjo Gabriel foi enviado para manifestá-lo a ambos.
À Sant’Ana apareceu corporalmente, estando ela em fervorosa oração, pedindo a vinda do Salvador do mundo e a salvação dos homens. Viu o santo príncipe com grande formosura e luz, produzindo-lhe esta visão alguma perturbação e temor, ao mesmo tempo que júbilo e iluminação interior. Prostrou-se a santa com profunda humildade para reverenciar o embaixador celeste. Este a impediu e animou, pois ela viria a ser guarda da arca do verdadeiro maná, Maria Santíssima, Mãe do Verbo eterno.

(…) A São Joaquim apareceu e falou o Arcanjo, não corporalmente como a Sant’Ana, mas em sonhos.

(…) Viveram os dois santos esposos em Nazaré, procedendo e caminhando segundo as leis do Senhor. Com retidão e sinceridade agiam com grande perfeição, sem a menor falta e tornaram-se muito agradáveis e aceitos ao Altíssimo. Todos os anos dividiam suas rendas em três partes: a primeira ofereciam ao Templo de Jerusalém para o culto do Senhor; a segunda distribuíam aos pobres; e com a terceira sustentavam-se honestamente. Deus lhes aumentava os bens temporais, porque os distribuíam com tão generosa caridade.

Viviam também, na mais completa paz e união sem a menor queixa ou rusga. A humilíssima Ana era em tudo submissa à vontade de Joaquim, e o homem de Deus em santa competição da mesma virtude, antecipava-se para conhecer a vontade da esposa, confiando nela (Pr 31, 11) e não ficando decepcionado. Deste modo viveram em tão perfeita caridade, que em toda a vida jamais discordaram, deixando de querer o mesmo que o outro. Unidos (Mt 18, 20) em nome do Senhor, Deus e seu santo temor permaneciam com eles. Obedeceu e cumpriu S. Joaquim o mandato do anjo na estima e guarda de sua esposa.

Dotou o Senhor com preciosas bênçãos (SI 20, 4) a santa matrona Ana. Comunicou-lhe altíssimos dons de graça e ciência infusa para dispô-la à felicidade que a esperava: tomar-se mãe da que seria do mesmo Senhor. Como as obras do Altíssimo são perfeitas e acabadas, foi lógico que a fizesse digna mãe da criatura mais pura na santidade, inferior só a Deus e superior a toda a criação.

Estes santos passaram casados vinte anos sem terem filhos, coisa que, naquela época e povo, considerava-se grande infelicidade e desgraça. Por esse motivo, sofreram muitos opróbrios e desprezos dos vizinhos e conhecidos, pois os que não tinham filhos eram reputados por excluídos de participarem na vinda do Messias esperado.

O Altíssimo, porém, querendo prová-los e dispô-los por meio desta humilhação para a graça que lhes reservava, também lhes deu paciência e conformidade para que semeassem, com lágrimas (S1 125,5) e orações, o ditoso fruto que depois haveriam de colher.

Fizeram ardentes súplicas do fundo do coração, tendo para isto especial ordem do alto. Prometeram ao Senhor, por voto, que se tivessem filhos, consagrariam ao seu serviço no templo, o fruto que de sua bênção recebessem.

Esta promessa foi especial inspiração do Espírito Santo. Foi o meio pela qual Aquela que seria morada de seu Unigênito Filho, ainda antes de existir fosse oferecida e entregue por seus pais ao mesmo Senhor.

Se antes de conhecê-la e conviver com ela, não se tivessem obrigado por voto a oferecê-la ao Templo, vendo-a depois tão doce e aprazível criatura, não o poderiam fazer com tanta prontidão, pelo veemente amor que lhe teriam.

Lição: estas palavras nos ajudam a penetrar nos mistérios insondáveis de Deus, do seu projeto de salvação dos homens e também nos ajudam a ter uma admiração maior pelos nossos santos avós, pois todos nós vivemos numa família onde Nossa Senhora é nossa mãe, São José, nosso pai adotivo e Jesus, nosso irmão.

SÃO JOAQUIM E SANT’ANA: A SANTIDADE DOS NOSSOS AVÓS

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