OTIMISMO: SEU FUNDAMENTO NA FÉ (I)

EVANGELHO – Lc 24, 35-48

Naquele tempo, os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco”! Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles. Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
na homilia de hoje e de amanhã gostaria de explorar uma ideia fundamental da ressurreição de Cristo: o otimismo. Como já dissemos anteriormente, São Paulo pensando no episódio da ressurreição, fará um raciocínio muito simples: se Cristo ressuscitou, Ele venceu a morte. E se Cristo venceu a morte, já não há mais morte, pois Cristo transforma a morte, qualquer tipo de morte, em vida. Então a ressurreição de Cristo tem que gerar em nós um profundo otimismo.

Dom Rafael Llano Cifuentes, que foi bispo de Nova Friburgo e antes, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, e já é falecido, publicou um livro que tem justamente este título: Otimismo. Ele diz, em primeiro lugar, que a fonte do nosso otimismo é a fé. Vejamos.

* * *

A fé não é um “assunto de padres”, um problema “de sacristia”: é um tema vital que compromete o próprio sentido da existência. Acreditar que Deus existe ou que não existe é o ponto mais importante da vida humana.

Se Deus não existe, a vida é “um caos apocalíptico”, dirá Charles Charbonneau. Se Deus não existe, “só há uma verdade, uma verdade fácil de entender e difícil de aceitar: os homens morrem e não são felizes”: “a existência humana é um perfeito absurdo para quem não tem fé na imortalidade”, escreverá Camus. Se Deus não existe, “somos uma raça de doentes mentais”, dirá Koestler. Se Deus não existe, somos “náufragos num planeta condenado”, afirmará Wiener. Se Deus não existe, todo “o Humanismo é estéril; é um humanismo do inferno”, acrescentará Sartre. E ainda Dostoiewski sentenciará literalmente: “Se Deus não existe, não percebo como é que um ateu não se suicida imediatamente”.

Mas se Deus existe, se Ele está ao nosso lado como um Pai amoroso, por que inquietarmo-nos, por que perder a paz e o otimismo? Por que não nos deixarmos penetrar por esse equilíbrio íntimo, por essa serenidade que se desprende dessas palavras simples e profundas do Senhor que são como um rio de paz (Is 66, 12) no mar agitado das nossas ansiedades e pessimismos? “Não se vendem dois passarinhos por um asse? Todavia nem um só deles cai em terra sem a vontade do vosso Pai. Quanto a vós, até mesmo os cabelos todos da vossa cabeça estão contados. Não temais, pois valeis mais do que muitos pássaros” (Mt 10, 29-31).

Quando a fé ocupa todos os espaços e abrange a vida toda — o passado, o presente e o futuro —; quando ela representa um verdadeiro abandono nas mãos do nosso Pai-Deus, como não havemos de ser otimistas! São Josemaría Escrivá assim repetia: “Que confiança, que descanso e que otimismo vos dará, no meio das dificuldades, sentir-vos filhos de um Pai que tudo sabe e que tudo pode”.

* * *

Perguntas: como anda a minha fé? Ela é sólida, robusta? Ela influi na minha vida gerando paz e otimismo?

Amanhã continuamos…

OTIMISMO: SEU FUNDAMENTO NA FÉ (I)

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