EVANGELHO – Mt 24, 42-51
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: Ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.
Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa?
Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar.
Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens.
Mas, se o empregado mau pensar: “Meu senhor está demorando”,
e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados;
então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Este mesmo Evangelho de hoje nós vimos no Domingo da 19ª. STC e falamos da importância de estarmos vigilantes para o dia em que o Senhor nos chamar à sua presença para que nos encontre preparados para ir ao seu encontro.
Hoje gostaria de falar da morte, pois é importante falar dela já que é uma realidade e não podemos fugir dela.
Alguém poderá dizer: que horrível, falar sobre a morte, não há um tema melhor para falar? Eu diria que falar sobre a morte é importantíssimo por vários motivos e um deles é que se descobrimos qual é o seu sentido, passamos a viver muito mais serenos.
Qual é, então, o sentido cristão da morte?
É este: a morte é um momento de grande alegria por dois grandes motivos.
Primeiro: a morte é o começo da Vida.
A outra Vida é que é a Vida!!! Esta vida aqui na terra é só de passagem para preparar a outra Vida. Aqui se experimentam alegrias bastante limitadas, mescladas com dor e sofrimento. Na outra Vida não haverá mais nenhuma dor e sofrimento. A outra Vida é tão maravilhosa, tão indescritível, que São Paulo tentando descrevê-la disse que “nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus preparou para os que o amam” (1 Coríntios 2, 9).
Segundo: a morte é o momento do encontro tão esperado com Deus.
Para quem descobriu o amor a Deus e começou a corresponder a ele, vai nascendo no seu coração, à medida que vai se apaixonando, o desejo indescritível de vê-lo face a face. De lhe dar um abraço.
Vamos imaginar que um rapaz muito simples, sem meios econômicos, conhecesse uma moça também muito simples pela internet que mora num país muito distante e começasse a se corresponder com ela. E que este conhecimento se tornasse em namoro e o amor entre eles fosse aumentando cada vez mais. Como não têm condições de fazerem uma viagem estão juntando dinheiro para um dia se encontrarem. O amor entre eles não para de aumentar e não veem a hora de poderem se encontrar, de se abraçarem. Até que chega o dia tão esperado do encontro.
Esta é uma imagem do que é a vida de um cristão e o desejo que tem de se encontrar com Deus, que é o seu grande Amor. Por isso, a morte, para quem foi crescendo neste grande Amor, é um momento de uma indizível alegria.
Se a morte é a passagem para a Vida, a felicidade indescritível, se a morte é o momento do encontro tão esperado com o Amor dos amores, porque, então, ter medo da morte?
Comecemos a tirar este medo!
Comecemos a tirar o medo:
– de morrer: pelo que já dissemos acima;
– de sofrer no transe da morte: Nossa Senhora estará conosco neste momento; é o que pedimos toda vez que rezamos a Ave-Maria: “rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte”;
– de separar-nos das pessoas queridas: Deus saciará todo o nosso coração no Céu e consolará e dará forças para os parentes e familiares que ficarem na terra;
– de deixar os familiares, dependendo da circunstância, numa situação econômica difícil: Deus provê tudo e não deixa nenhum dos seus filhos na mão.
Não é verdade que pensar assim nos dá uma grande paz? Não é verdade que pensando assim começaremos a viver sem medo da vida e sem medo da morte e aprenderemos a deixar tudo nas mãos de Deus, vivendo uma paz extraordinária?
Uma última consideração a respeito da morte. Se esta vida passa, não é uma loucura colocar o coração, a esperança e a felicidade nas coisas da terra? Quem se apega às coisas da terra:
– sofre muito pois tudo daqui de baixo é instável, volátil;
– sentirá, mais dia ou menos dia, uma profunda frustração, pois nada daqui debaixo satisfaz o nosso coração;
– sofrerá muito ao deixar este mundo, ao morrer, pois colocou todo o seu coração nas coisas daqui. E quanto mais apegado às coisas da terra, mais sofrerá nesta hora.
Portanto, não vale a pena colocar todo o nosso coração aqui!!! Vivamos como dizia Jesus Cristo:
Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam (Mateus 6, 19-20).
Lição: Aprofundarmos na realidade da morte para que a vejamos como Deus a vê, como o grande momento de vê-lo face a face. E que o pensamento da morte nos leve a lutarmos com todas as forças para arrancar todo pecado da nossa alma e a estarmos sempre em estado de graça, preparados para o seu encontro.