EUCARISTIA: POR QUE DAR-NOS A SUA CARNE PARA COMER?

EVANGELHO – Jo 6, 44-51

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas:
“Todos serão discípulos de Deus”. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus: o Evangelho segundo São João transmitiu-nos como nenhum outro Evangelho os discursos de Jesus nos quais fala da sua relação com o Pai. Nestes dias, a liturgia recorda-nos as palavras que encontramos no capítulo sexto, concretamente no discurso do Pão do Céu. As pessoas que seguiam o Senhor procuravam n’Ele a vida. E, sim, Jesus oferecia-se como Pão da Vida, mas de uma Vida que eles não podiam imaginar. O alimento que oferecia não era simplesmente para o corpo.

Com as palavras do Evangelho de hoje animamo-nos a não desistir de procurar, encontrar e amar Jesus (cf. Caminho, 382). Para isso, é necessária uma atitude aberta do coração, de escuta confiada e agradecida, que responda comprometendo-se num diálogo de amor com a própria existência. Isto é: uma verdadeira escuta é aquela pela qual nos deixamos tocar no mais profundo do nosso ser e, em consequência disso, conformamos a nossa vida segundo aquilo que recebemos. Cristo quer dar-nos a mão, iluminar a nossa inteligência, fortalecer a nossa vontade e acompanhar-nos no caminho ao Pai. Deus é a fonte da Vida, e quer levar-nos a essa fonte. Como o faz? Deixando-nos exemplo para que sigamos os seus passos (cf. 1 Pe 2,21). Isto é a fé: identificação com Aquele em quem se crê.

Numa das leituras da Vigília Pascal liamos estas palavras: “Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo” (Is 55,1-2). Quantas vezes teremos usado a palavra “saciar” sem saber realmente o que significa estar saciados! Porque o profeta está falando de algo que preenche e já não se perde. É aí que devemos investir: em nos alimentarmos de Cristo, em converter toda a nossa existência em um diálogo com Ele, trabalhando com Ele, descansando com Ele, estando atentos a nossos amigos com o Seu amor, desejando ver um Pai cujo rosto só Ele contemplou e que nos mostrou e nos mostra na medida em que O deixarmos viver em nós.

EUCARISTIA: POR QUE DAR-NOS A SUA CARNE PARA COMER?

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