EVANGELHO – Jo 20, 19-23
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: A festa de Pentecostes já existia no Antigo Testamento. Era uma das três grandes festas judaicas. Muitos israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa remontava a uma antiquíssima celebração em que se davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinquenta dias depois da Páscoa, a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e frutos, permitindo-nos fazer uma colheita divina.
Hoje podemos fazer uma pergunta: como fazer que o Espírito Santo se derrame sobre nós, inundando-nos com o fogo do seu amor e com seus dons inefáveis de sabedoria, fortaleza, paz etc? Pedindo isso intensamente a Ele. Foi o que fez, por exemplo, São Felipe Neri.
Nasceu no dia 21 de julho de 1515, em Florença. Na juventude, embora seus pais planejassem um futuro promissor para ele nos negócios da família, São Filipe decide abrir mão de tudo e partir como peregrino para Roma, a fim de conhecer os túmulos de São Pedro e São Paulo, porque, no fundo, queria se entregar a Deus como fizeram esses dois apóstolos.
Almejando um amor a Deus gigante como o desses Apóstolos, passa a cultivar o hábito de visitar as catacumbas dos mártires — numa época em que ninguém o fazia — e rezar intensamente ao Espírito Santo pedindo por esta intenção.
Na véspera da festa de Pentecostes de 1544, rezando nas catacumbas de São Sebastião, o Espírito Santo apareceu diante dele na forma de uma bola de fogo e entrou por sua boca, como descreve seu biógrafo Pietro Giacomo Bacci:
Quando ele estava no maior empenho na sua oração pedindo os dons do Espírito Santo, o Espírito Santo lhe apareceu na forma de uma bola de fogo que entrou por sua boca e se alojou em seu peito; em seguida, ele ficou tomado por tal fogo de amor que, incapaz de suportá-lo, atirou-se ao solo; como alguém que tenta se refrescar, despiu seu peito para de algum modo moderar a chama que sentia. Após permanecer assim por algum tempo e recuperar-se um pouco, levantou-se cheio de uma imensa alegria, e imediatamente todo seu corpo começou a tremer violentamente; pondo a mão no peito, sentiu no lado do coração um inchaço grande como o punho de um homem. Essa dilatação milagrosa do coração de São Filipe Néri permaneceu por mais de 50 anos, até o fim de sua vida, conforme atestou o médico Andrea Cesalpino que, ao fazer a autópsia do corpo, constatou inclusive o deslocamento das costelas causado pelo aumento do coração:
“Percebi que as costelas estavam rompidas naquele ponto, isto é, separadas da cartilagem. Só dessa maneira era possível que o coração tivesse espaço suficiente para levantar e abaixar. Cheguei à conclusão de que se tratava de algo sobrenatural, de uma providência de Deus para que o coração, batendo tão fortemente como batia, não se ferisse contra as duras costelas”.
Será que pedimos ao Espírito Santo que se derrame sobre nós como São Felipe Neri? Tiremos o propósito de pedir por esta intenção como este santo. Fazendo assim, todos nós teremos de um modo ou de outro nossa experiência de Pentecostes.