EVANGELHO – Mt 9, 32-38
Naquele tempo: Apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: “A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Apresentaram a Jesus um homem mudo que estava possuído pelo demônio. Penso que hoje é uma boa oportunidade para começar uma série onde falaremos sobre o demônio.
O que o demônio mais gosta é de que não falemos dele. Por quê? Porque assim não nos precavemos contra o seu mal e assim ele pode atuar à vontade. Devemos falar sobre o demônio porque acima das lutas e batalhas que são travadas aqui na terra há uma luta tremenda entre Deus e Satanás, entre o bem e o mal. Entre Deus que faz de tudo para salvar os seus filhos e Satanás que faz de tudo para perdê-los. Por que há tanto mal no mundo? Por que o mundo parecer piorar a cada dia? Porque o demônio existe e não para de atuar.
Como vocês verão, esta série será muito positiva, pois Deus não perde batalhas. Como já disse em outras ocasiões, o demônio é uma criatura e como toda criatura é sustentado por Deus na existência. Se ele precisa de Deus para existir, o que ele pode fazer contra Deus? Nada, absolutamente nada. Nesta série vamos entender que ele existe e nos tenta somente porque Deus permite e permite porque os que querem amar a Deus só crescem diante das suas artimanhas e tentações. E, crescendo, vai se santificando e preparando-se para entrar no Céu.
Podemos começar falando como foi a criação e a queda dos anjos. Há uma beata que teve revelações da criação e de toda a vida de Nossa Senhora que relata como isso aconteceu e está em perfeito acordo com os ensinamentos da Igreja. Esta beata se chama Maria de Jesus de Agreda. É uma espanhola que viveu entre os anos 1602 a 1665. O “de Agreda” se deve à sua cidade natal. Vejamos o seu relato sobre a criação dos anjos.
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Foram os anjos criados no céu, em graça, para com ela adquirirem méritos que precedessem à glória do Céu. Apesar de se encontrarem no lugar dessa glória, ainda não lhes tinha sido dada a visão de Deus face a face, pois deviam merecer pela graça obedecendo à vontade divina.
Deste modo, os anjos permaneceram muito pouco tempo neste primeiro estado.
Num primeiro instante, foram todos criados e adornados com a graça e outros dons formosíssimos.
Num segundo momento, a todos foi apresentada e ordenada a vontade de Deus e de sua Lei para observarem. Neste momento, travou-se entre S. Miguel com seus anjos e o dragão seguido dos seus, aquela grande batalha descrita por São João no capítulo 12 do Apocalipse (Ap 12, 7). Os bons anjos, perseverando na graça, mereceram a felicidade eterna e os desobedientes, insurgindo-se contra Deus, mereceram o Inferno.
Entendi que Deus lhes mostrou o bem e o mal, a verdade e a falsidade, o justo e o injusto, sua graça e amizade, a malícia do pecado e a inimizade de Deus, o prêmio e o castigo eterno (…) Viram eles todas essas coisas como são em si mesmas, com o conhecimento de sua tão superior e excelente natureza de maneira que, antes de perder a graça, viram claramente o lugar do castigo (…)
Movido pelo orgulho, Lúcifer incorreu em desordenadíssimo amor de si mesmo, ao se ver com maiores dons e formosura de natureza e graça que os demais anjos inferiores. Deteve-se demasiado nesse conhecimento, e a autocomplacência o tomou e enfraqueceu-se nele a gratidão que devia a Deus, como à fonte única de tudo o que recebera. Continuando a admirar a própria beleza e graça, acabou por se apropriar delas, amando-as como suas.
Este desordenado amor-próprio, não somente o fez se exaltar com o que tinha recebido (…) mas também o levou a invejar e cobiçar outros dons e excelências alheias que não possuía. Como não as pôde conseguir, concebeu mortal ódio e indignação contra Deus, que do nada o criara, e contra todas as criaturas. Com este ódio, induziu outros a estarem do seu lado.
Lição: que o conhecimento da existência dos demônios nos leve a colocar todo o cuidado para não cairmos nas suas armadilhas e tentações.