CARIDADE (14): COLOCAR-NOS NO LUGAR DOS OUTROS

EVANGELHO – Mc 2, 23-28

Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”. E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.
Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
no Evangelho de hoje Jesus nos ensina a hierarquia de alguns valores. Os judeus colocavam a lei do sábado, do descanso, acima de qualquer outra realidade. Nosso Senhor vai ensinar que a lei do sábado, que hoje equivale ao domingo, e concretamente a obrigação de ir à missa, não é um preceito absoluto.

De fato, a Igreja nos ensina que se há sérios motivos para uma pessoa não ir à missa, ela fica desobrigada deste preceito. E os casos que a Igreja diz são estes: no caso de doença; no caso de uma impossibilidade física, que é o caso de anciãos que já não podem se locomover; no caso de uma distância grande da igreja mais próxima; a Igreja não diz qual é esta distância, mas se supõe que este deslocamento suporia um grande incômodo; neste caso sempre é bom consultar um sacerdote para ver a sua opinião; e outro caso é o de pessoas que precisam cuidar de algum doente que requer sérios cuidados e não há ninguém para cuidar dele.

De modo geral, o importante é puxar para cima, isto é, colocar a missa como algo importantíssimo e não arranjar desculpas para não assisti-la.

Continuando a nossa série que estávamos considerando às terças-feiras sobre as virtudes da caridade, hoje vamos considerar a virtude de “saber colocar-nos no lugar dos outros”. Na última vez vimos a virtude de “saber ceder”. Procurem no meu site a tag “caridade” e vocês podem acompanhar toda a série.

Não encontrei um nome para esta virtude de “saber colocar-nos no lugar dos outros”, mas é uma virtude importantíssima da caridade.

Se a virtude da caridade é aquela que nos leva em última instância a dar a vida pelos outros, não há dúvida que só vamos dar atenção aos outros se nos colocamos no seu lugar.

Em geral, nosso modo de atuar consiste, principalmente para aqueles mais expansivos, em soltar o nosso modo de ser. Então se uma pessoa é brincalhona, ela vai ser brincalhona com todas. Se ela é falante, ela vai ser falante com todas. Porém, mesmo que caiamos simpático para muitas pessoas, não é assim que se vive a caridade. Menos ainda se somos daqueles que convivendo com outras pessoas dizem assim: “gosto de fazer tudo do meu jeito”. Viver a caridade é viver aquilo que disse São Paulo na sua carta aos coríntios: “fiz-me tudo por todos para ganhar a todos”. Ou seja, para conquistar as pessoas para Cristo, São Paulo tratou cada um como devia ser tratado.

Uma pergunta que já podemos fazer é esta: tenho me colocado no lugar dos outros? Penso antes se o que vou comentar ou fazer eles irão gostar? Vou procurando conhecer as pessoas para saber o que elas gostam e o que não gostam?

É um grande desafio conhecer bem as pessoas. Mas esta é uma tarefa importantíssima. Nós vemos como Jesus Cristo, ao conhecer o fundo do coração de cada apóstolo, por exemplo, tratava a cada um de um modo diferente. Cada ser humano é um mundo e conhecê-lo é uma tarefa apaixonante.

Quais são os inimigos de colocar-nos no lugar dos outros?

Em primeiro lugar, o egoísmo. Quanto mais uma pessoa for egoísta, menos ela irá enxergar os outros, conhecê-los, saber se estão bem ou não. Uma pessoa egoísta é aquela que os seus pensamentos giram em torno de si mesma. Sou uma pessoa egoísta? Tenho lutado contra o egoísmo?

Em segundo lugar, a superficialidade. Tem pessoas que ficam no raso no mundo do relacionamento. Podem ser verdadeiras feras no âmbito profissional, mas são superficiais no âmbito humano. Quão profundo eu sou no relacionamento humano? Luto para conhecer mais as pessoas, sabendo que também podemos ser “feras” no conhecimento do ser humano?

Colocar-se no lugar dos outros não significa que vou fazer de tudo para agradá-los. Não podemos esquecer também que a caridade é exigente. Jesus foi corrigindo os apóstolos para que eles se tornassem santos e grandes colunas da Igreja. Mas também esta exigência foi feita com muito amor e não em série, mas adaptando-se ao modo próprio de cada um.

Pensemos nestas ideias para vivermos este aspecto fundamental da caridade que é “colocar-nos no lugar dos outros”.

CARIDADE (14): COLOCAR-NOS NO LUGAR DOS OUTROS

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