CARIDADE (4): O ENSINAMENTO DE CRISTO A SEU RESPEITO (3)

EVANGELHO – Lc 9, 51-56

Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, para preparar hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”
Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os.
E partiram para outro povoado.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
São Lucas nos diz que Jesus tomou a decisão de partir para Jerusalém. Como estava na Galileia, que ficava ao norte da Palestina, teria que passar pela Samaria, que ficava no meio entre a Galileia e a Judeia, onde estava Jerusalém. Como já mencionamos em outras ocasiões, os samaritanos e os judeus estavam brigados há já um bom tempo e, por isso, não quiseram hospedar Jesus e os apóstolos. São Tiago e São João, que Jesus os chamava “filhos do trovão” pois provavelmente eram bem sanguíneos, não levam desaforo para casa e dizem a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” A reação deles lembra muito a nossa em muitas ocasiões, não é verdade? Quantas vezes já desejamos descer fogo do céu para destruir algumas pessoinhas. É um consolo ver que não somos muito diferentes dos apóstolos e, no entanto, terminaram as suas vidas muito santos.

Continuando a falar da caridade, estamos vendo como Cristo revolucionou o seu conceito ensinando-nos que a caridade significa dar a vida pelo próximo, dar tudo, para lhe fazer o bem, para lhe fazer feliz, independente se seja uma pessoa boa ou má. Foi o que Cristo fez por nós morrendo na Cruz. À esta definição, precisamos incluir o contrário, pois esta definição inclui no fazer o bem ao próximo, o não lhe fazer o mal. Assim, a definição ficaria assim: dar a vida pelo próximo, dar tudo, para que lhe fazer o bem, para lhe fazer feliz, lutando com todas as forças para não lhe fazer o mal, não lhe entristecer, independente se seja uma pessoa boa ou má.

Queria fazer um esclarecimento sobre a virtude da caridade. Muitos pensam que ter caridade é ajudar uma pessoa mais necessitada. Eu diria que este é um aspecto da virtude da caridade. Esta virtude, no fundo, fala do amor. A origem dessa palavra vem do latim, “caritas” – amor (uma espécie de amor incondicional), que por sua vez descende do grego “cháris”, que quer dizer graça. Assim a caridade engloba tudo aquilo que está relacionado com o amor e, mais concretamente, o amor ao próximo. O amor a Deus e o amor a nós mesmos também está dentro desta virtude, mas não costuma ser o seu foco. E, o amor ao próximo, engloba tudo aquilo que significa fazer o bem e tratar bem o próximo. Apenas um aspecto desta virtude é ajudar os necessitados, mas a maior parte dela refere-se à convivência do dia-a-dia com o próximo.

À definição que demos da caridade segundo os ensinamentos de Cristo, está faltando um traço ensinado por Cristo na Última Ceia. Em determinado momento, na Última Ceia, Jesus tomou a palavra e disse: “Um mandamento novo vos dou”. Todos ficaram atentos para o que Jesus ia dizer… um mandamento novo… o que pode haver de novo à esta altura… Jesus continuou: “Amai-vos uns aos outros”… até aí não havia nada de novo… “como eu vos amei”. Agora sim tem algo de novo: o modo como devemos amar o próximo, a nova medida do amor: como Cristo. Jesus, então, eleva o amor à máxima altura. Não devemos amar um pouco o próximo ou muito, devemos amar como Cristo nos amou. Não devemos ter um pouco de paciência com o próximo ou muita paciência: devemos ter a paciência com o próximo como Cristo teve paciência conosco. Não devemos perdoar pouco o próximo ou muito, devemos perdoar como Cristo nos perdoou.

Na verdade, Cristo elevou todas as virtudes a esta altura de tal modo que temos que ter este parâmetro moral sempre: o que faria, como se comportaria Cristo se estivesse no meu lugar.

Só para fechar, a definição da virtude da caridade ficaria assim: dar a vida pelo próximo, dar tudo, como Cristo, para que lhe fazer o bem, para lhe fazer feliz, lutando com todas as forças para não lhe fazer o mal, não lhe entristecer, independente se seja uma pessoa boa ou má.

Na próxima semana vamos começar as virtudes menores da caridade como mencionei na primeira reflexão que fizemos sobre esta virtude: amar é acolher, é admirar, é ajudar, é apostar, é ceder, é colocar-se no lugar do outro, é combater o egoísmo, é compreender, é confiar, é conquistar etc.

Lição: que estas reflexões sobre esta virtude tão importante da caridade transforme o nosso coração e assim possamos ajudar Jesus Cristo a instaurar no mundo a civilização do amor.

CARIDADE (4): O ENSINAMENTO DE CRISTO A SEU RESPEITO (3)

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