EVANGELHO Mt 9, 9-13
Naquele tempo: Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus.
Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.
Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes.
Aprendei, pois, o que significa: “Quero misericórdia e não sacrifício”. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Novamente vemos uma cena na vida de Jesus onde os doutores da Lei pensam mal de Nosso Senhor. Aliás, não devia haver muita gente que cairia nas graças dos seus olhares orgulhosos.
Ficamos de falar hoje de como olhar e julgar o próximo como Jesus, que é justo, mas cheio de bondade.
A) Em primeiro lugar, é preciso fazer o que Jesus indicou numa ocasião: Por que olhas o cisco que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar o cisco do olho de teu irmão (Mt 7,3-5).
Só podemos olhar bem para os outros purificando nossos olhos pela humildade reconhecendo também que somos pecadores. Talvez Deus tenha dado uma graça para nós de não cairmos no erro que vemos nos outros, mas caímos em tantos outros campos da moralidade. É uma lição constante de Nosso Senhor: no episódio da mulher adúltera, Jesus cala-se diante dos acusadores odientos, e as primeiras palavras que diz são: Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra (Jo 8,7). Olhar primeiro para nós. Ter consciência de que somos pecadores, que não somos muito diferentes dos demais.
Assim, ver os outros como Jesus os vê, significa compreender, quer dizer, enxergar os outros com humildade e sem preconceitos; mas sem incorrer no erro oposto, que é o de pretender justificar o injustificável, e chamar santo ou normal o que ofende a Deus e ao próximo.
B) Em segundo lugar, vê-las como nossos irmãos, porque assim o somos e pôr-se no lugar das pessoas. É muito fácil olhar e já julgar. Porém, precisamos conhecer mais a vida das pessoas para poder julgá-las.
São Josemaria, falando disso, dizia estas palavras:
«Em vez de nos precipitarmos a julgar o nosso próximo, e talvez a condenar duramente, temos que pensar no que seria de nós se tivéssemos estado no ambiente em que viveu o homem que julgamos, se tivéssemos lido os livros que leu; se tivéssemos sentido as paixões que o dominaram… Não nos basta como exemplo o caso de Paulo que, depois de ter sido perseguidor dos cristãos, foi exemplo para todos? Compreensão, pois; essa criatura, que talvez no nosso interior desprezamos e condenamos, quem sabe se, uma vez corrigida, purificada, convertida em espiga sã, não produzirá frutos mais saborosos do que nós?» (O homem que sabia perdoar, Ed. Indaiá, pp. 51-520).
C) Em terceiro lugar, seguir, sempre que for possível, o conselho de Santo Agostinho: «Procurai adquirir as virtudes que julgais faltarem aos vossos irmãos, e já não vereis os seus defeitos, porque vós mesmos não os tereis». Os defeitos que nos incomodam, incomodam também a nós ao vê-los nos outros. Se arrancamos estes defeitos, deixarão de incomodar em nós e nos outros.
D) Em quarto lugar, agir. Quando Jesus fala sobre o cisco e a trave, termina dizendo: Tira primeiro a trave de teu olho (ou seja, faça algo) e assim verás para tirar o cisco do olho de teu irmão (Mt 7,5).
Agir, em primeiro lugar, é rezar pelos que erram e perdoá-los. Em segundo lugar é, quando possível, ajudar e, se for o caso, corrigir.
Em resumo, é preciso:
─ rezar sempre pela pessoa errada (cf. Mt 5,44)
─ tentar corrigi-la fraternalmente, se há possibilidade disso: Se te ouvir, terás ganho teu irmão (Mt 18,15).
Lição: se queremos que o amor reine no mundo, procuremos amar o próximo e vê-lo e julgá-lo como Cristo o vê e o julga.