ALEGRIA: NO LAR (II)

EVANGELHO – Jo 14, 7-14

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”. Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta”! Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: “Mostra-nos o Pai”? Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
O Evangelho de hoje continua a narrar os acontecimentos da Última Ceia. E chega uma hora onde Jesus fala do Pai aos Apóstolos. A expressão do rosto e tom da voz de Jesus ao falar do Pai deve ter sido tão especial, mas tão especial, que Felipe num ímpeto de comoção dirá a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta”! Estas são as alegrias de um cristão: a alegria de ter Jesus como irmão, a alegria de ter o Pai como pai e a alegria de ter o Espírito Santo como a fonte do amor. Continuemos então a falar da alegria, e, de modo especial, a alegria no lar, que é o centro da nossa vida. Diz Dom Rafael:

* * *

Outro capítulo importante para tornar o lar um remanso de paz e de alegria é evitar as discussões. Os assuntos não se discutem, estudam-se serenamente, dialogando. É preciso distinguir entre um diálogo em que se expõem diferentes pontos de vista e uma discussão da qual não sai a luz, mas a briga.
O clima de discussão procede do cansaço, da irritação. É preciso acalmar-se, descansar. Abordar determinados temas em determinados momentos é simplesmente provocar. E quando estas provocações se multiplicam, institucionaliza-se no lar uma espécie de guerra dialética: quem a ganhará? Certamente os dois perderão.
Evitar as áreas de atrito e exercitar-se no espírito de reflexão serena é o melhor remédio para desviar-se das discussões e para criar um clima de paz e de alegria.
O ambiente do lar tem de ser amável, descontraído; as pessoas devem sentir-se à vontade. Mas isso não acontecerá quando existe espírito de picuinhas: pequenas críticas e gozações mais persistentes, observações negativas, irônicas, sem importância, mas cotidianas. Esse espírito cria um clima tenso: as pessoas sentem-se observadas e defendem-se com desculpas e variados mecanismos de defesa. E essa atmosfera cresce quando um dos cônjuges, perfeccionista, fiscaliza continuamente o comportamento do outro: — “Você faz ruído ao mastigar e isso incomoda; não deixa ninguém falar; interrompe as conversas dos outros; não suporto esse seu ar de autossuficiência” …
Essas implicâncias tiram a liberdade. Uma coisa é a correção amável, outra o espírito inquisitorial, que acaba por ser verdadeira tortura. É importante respeitar a liberdade do outro, deixar-lhe amplos espaços de autonomia, onde possa respirar em paz. Isto é fundamental para um convívio conjugal sereno e alegre.
É preciso também fomentar a habilidade no trato. Essa atitude tem muitos nomes: cortesia, tato, sentido de oportunidade… Os franceses chamam-no savoir faire, outros, diplomacia, que não é duplicidade, mas — quando retamente usada — delicadeza no trato ou simplesmente psicologia doméstica.
Entre nós, utiliza-se também uma expressão gráfica: jogo de cintura. Há pessoas que confundem sinceridade com rudeza. Com muita frequência, depois de dizerem uma grosseria, desculpam-se dizendo: — “Eu não tenho papas na língua’’.
É muito possível ser sincero e amável ao mesmo tempo, sabendo escolher as palavras certas para corrigir e, sobretudo, dizê-las no momento oportuno, impregnadas de serenidade e afeto. Que adianta obstinar-se em que se “tinha razão’’, depois de uma briga em casa? Que adianta alegar que se andava na rua preferencial depois de uma batida violenta? É melhor brecar humildemente antes do que argumentar depois: — “Eu estava no meu direito”. Não alegue direitos, evite desastres.
Alegre a vida do seu cônjuge quebrando a rotina. O carinho mútuo entra com frequência em períodos de letargia e hibernação ou, pelo menos, cochila longamente na indiferença.
Alegre a sua “cara-metade” com uma pequena surpresa: uma caixa de bombons ou um ramo de flores por algum aniversário, um prato especialmente gostoso, um passeio agradável, um daqueles galanteios de noivo…. Acordem caríssimos amigos!… Talvez se estejam privando, um ao outro, de preciosas alegrias que nada custam, a não ser um pouco de atenção e imaginação.
Cada um dos esposos deveria ter a descontração de perguntar ao outro: — “Que você gostaria de fazer um dia na sua vida? Diga, por favor!:
– ir ao teatro;
– jantar num bom restaurante;
– que a acompanhasse a uma boutique para comprar um dos seus caprichos;
– comer uma peixada na praia”…
Satisfaça esses “caprichos” da sua “cara-metade”.
Um juiz amigo — sério e circunspecto —, que passava por uma fase enfadonha de rotina conjugal, teve a “coragem” de perguntar isso à sua esposa — uma morena bem charmosa —, e ela respondeu-lhe: – “Sem dúvida; gostaria de que dançássemos juntos aos sábados naquela gafieira que frequentávamos quando éramos noivos”. E ainda hoje podemos encontrar o nosso circunspecto juiz, com um sorriso de satisfação nos lábios, cada sábado às oito da noite, naquela gafieira da moda. Apenas um dia da semana deu um toque mágico à vida do nosso divertido casal.
Vamos, senhores, não deixem embolorar o lado brincalhão c alegre que deve ter todo o lar! Seja menos duro, mais soft, seja menos pesado, mais light.

Lição: que estas ideias de Dom Rafael nos sirvam para fazermos uma boa reflexão sobre a nossa conduta dentro de casa e de como podemos fazer para que reine a alegria em nossos lares, que nossos lares sejam remansos de paz e de alegria.

ALEGRIA: NO LAR (II)

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