EVANGELHO – Jo 13, 31-33a.34-35
Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: as leituras deste domingo nos colocam diante de um paradoxo: somos peregrinos na terra, mas já portadores da promessa da salvação. Somos chamados a viver o amor pleno de Cristo, que não apenas santifica as relações humanas, mas antecipa o Reino definitivo. Como nos ensina São Josemaria Escrivá: “Não esqueças que Deus está nos contemplando, e quer que sejamos santos como Ele é santo, plenamente santos. E não nos deixará sozinhos nessa tarefa” (Caminho, n. 294).
Na Primeira Leitura, Paulo e Barnabé, após pregar o Evangelho, retornam às cidades onde haviam sido perseguidos para confirmar os discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé. Eles não prometem uma vida fácil, mas alertam: “É preciso passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus” (At 14,22).
Aqui nós aprendemos que a santidade não é ausência de lutas, mas perseverança na fé no dia-a-dia. São Josemaria recorda: “A santidade grande está em cumprir os deveres pequenos de cada instante” (Caminho, n. 817).
Na Segunda Leitura, São João contempla a visão da nova Jerusalém, onde “não haverá morte, nem luto, nem clamor, nem dor” (Ap 21,4). Essa promessa não é apenas futura: ela começa a se realizar já hoje, quando vivemos junto de Nosso Senhor, buscando a santidade e, assim, iremos construindo uma nova civilização que é a civilização do amor. Santo Agostinho, no livro “A Cidade de Deus” diz que nós podemos construir duas cidades aqui na terra, a do amor a Deus e a do amor desmedido por nós mesmos: “Dois amores construíram duas cidades: o amor próprio, que leva ao desprezo de Deus, construiu a cidade terrena; o amor a Deus, que leva ao desprendimento de nós mesmos, construiu a cidade celeste” (A Cidade de Deus, XIV, 28).
No Evangelho de hoje, Jesus, revela a essência da santidade no mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). Neste momento, Deus elevou o amor à sua máxima expressão, colocando como parâmetro o seu Amor. Ser santo nada mais é do que viver o amor na plenitude.
Santo Agostinho comenta o que significa amar como Deus ama: “Ele nos deu um mandamento novo: que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou. E como nos amou? Dando toda a sua vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida por nossos irmãos” (Comentário ao Evangelho de João, 65, 2). Esse amor, portanto, não é sentimental, mas doação total, entrega plena. Isso é a santidade.
As leituras deste domingo formam um mosaico: buscar a santidade perseverando na entrega (Atos), buscar a santidade nas pequenas coisas de cada dia (Apocalipse), lembrando que a essência da santidade é amar o próximo como Deus nos amou.
Que neste tempo pascal, renovemos de modo especial nosso compromisso de buscarmos a santidade nos nossos afazeres de cada dia, amando o próximo como Deus nos ama.