SALVAÇÃO (7): REALIDADE QUE MAIS IMPORTA (7)

EVANGELHO – Lc 11, 29-32

Naquele tempo: Quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus no Evangelho de hoje nos fala de um grande sinal que nos dá para acreditarmos nele prefigurado pelo profeta Jonas. Como sabemos, o profeta Jonas esteve três dias dentro do ventre de uma baleia e depois a baleia o colocou para fora. Jesus estará morto três dias e depois ressuscitará. Só Deus pode morrer e auto-ressuscitar-se. Cristo mostrou muito sinais, além do que precisamos, para acreditar nele, acreditar que é o próprio Deus. Saibamos abrir o nosso coração para a fé e acreditar em Deus que veio a esta terra e nos salvou.

Continuemos a série sobre a salvação. Santo Afonso continua falando do inferno. Hoje falará da pena de dano. Sejamos corajosos em ouvi-lo, pois o inferno não é uma fábula, mas uma verdade afirmada por Deus.

* * *

Todas as penas referidas nada são em comparação com a pena do dano. As trevas, a infecção, o pranto, as chamas não constituem a essência do inferno. O verdadeiro inferno é a pena de ter perdido a Deus! Dizia São Bruno: “Multipliquem-se os tormentos, contanto que não se prive de Deus”. E São João Crisóstomo: “Se disseres mil infernos de fogo, nada dirás comparável à dor daquele”. Santo Agostinho acrescenta que, se os condenados gozassem da visão de Deus, “não sentiriam tormento algum, e o próprio inferno se converteria em paraíso”.

Para compreender algo desta pena, consideremos: Se alguém perde, por exemplo, uma pedra preciosa que valha 100 mil reais, sentirá grande tristeza; mas se esta pedra valesse duzentos mil, muito mais sentiria.

Portanto: quanto maior é o valor do objeto que se perde, tanto mais se sente a pena que ocasiona a perda. E como os condenados perdem o bem infinito, que é Deus, sentem — como diz São Tomás — uma pena de algum modo infinita.

Agora Santo Afonso fala do inferno de modo geral

Quando a dor é intensa, ainda que seja breve, torna-se insuportável. E se dura um mês, um ano? Que será, pois, no inferno, onde não é música, nem teatro que sempre se ouve, nem leve dor que se padece, nem ligeira ferida ou superficial queimadura de ferro candente que atormenta, mas o conjunto de todos os males, de todas as dores não em tempo limitado, mas por toda a eternidade? (Ap 20,10).

Insensato seria aquele que, para desfrutar um dia de divertimentos, quisesse condenar-se a uma prisão de vinte ou trinta anos num calabouço. Se o inferno durasse, não cem anos, mas apenas dois ou três, já seria loucura incompreensível que por um instante de prazer nos condenássemos a esses dois ou três anos de tormento gravíssimo. Mas não se trata de trinta nem de cem, nem de mil, nem de cem mil anos, trata-se de sofrer para sempre penas terríveis, dores sem fim, males incalculáveis sem alívio algum. Portanto, os santos tremiam, com razão, enquanto viviam neste mundo, com medo de se condenarem.

Enquanto está vivo, o pecador pode ter alguma esperança; mas, se a morte o surpreender em pecado, perderá toda a esperança (Pr 11,7). Se os condenados pudessem ao menos consolar-se em alguma enganosa ilusão que aliviasse o seu desespero horrível!… O pobre enfermo, ferido e prostrado em seu leito, desenganado dos médicos, talvez se iluda a respeito de seu estado, pensando que encontre algum médico ou remédio novo que o possa curar. O infeliz delinquente, condenado à prisão perpétua, também procura alívio em seu pesar na esperança remota de evadir-se e desta maneira obter a liberdade… Conseguisse sequer o condenado iludir-se assim, pensando que algum dia poderia sair da sua prisão!… Mas não; no inferno não há esperança, nem certa nem provável; não há até um quem sabe, consolador (Sl 49,21). O infeliz condenado verá sempre diante de si a sentença que o obriga a gemer perpetuamente nesse cárcere de sofrimentos.

O condenado não sofre somente a pena de cada instante, mas a cada instante a pena da eternidade. “O que agora sofro, dirá, hei de sofrê-lo sempre”. “Gemem os condenados, diz Tertuliano, sob o peso da eternidade”.

Dirijamos, pois, ao Senhor a súplica que lhe fazia Santo Agostinho: “Queimai, cortai e não nos poupeis aqui, para que sejamos perdoados na eternidade”. Os castigos da vida presente são transitórios, mas os castigos da outra vida nunca têm fim. Temamo-los, pois. Temamos a voz do trovão com que o Supremo Juiz pronunciará, no dia do juízo, sua sentença contra os condenados. “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”.

Dirá, porém, o incrédulo: Onde está a justiça de Deus ao castigar com pena eterna quem morre em pecado?… “Até a justiça humana, disse São Tomás, mede a pena, não pela duração, mas pela qualidade do crime. O pecado cometido contra Deus tem uma gravidade infinita e merece uma pena infinita. A ofensa feita à Majestade infinita deve merecer castigo infinito, diz São Bernardino de Sena. Mas como a criatura, escreve o Doutor Angélico, não é capaz da pena infinita em intensidade, é com justiça que Deus torna a pena infinita em duração.

Além disso, a pena deve ser necessariamente eterna, porque o condenado jamais poderá prestar satisfação por sua culpa. Nesta vida, o pecador penitente pode obter o perdão do pecado pela aplicação dos merecimentos de Jesus Cristo; mas o condenado não participa desses méritos, e, portanto, não pode obter o perdão do pecado. “Ali a culpa será castigada, mas jamais expiada” (Lib. II, 3p). Também porque, segundo Santo Agostinho, “ali o pecador é incapaz também de arrependimento”. Ainda que Deus quisesse perdoar ao condenado, este não aceitaria a reconciliação, porque sua vontade obstinada e rebelde está confirmada no ódio contra Deus. Disse Inocêncio III: “Os condenados não se humilharão; pelo contrário, crescerá neles a perseverança do ódio”. São Jerônimo afirma que “nos condenados, o desejo de pecar é insaciável” (Pr 27,20). A ferida deste infelizes é incurável; porque eles mesmos recusam a cura (Jr 15,18).

No inferno, o que mais se deseja é a morte. “Buscarão os homens a morte e não a encontrarão” (Ap 9,6). E explica-o São Bernardo, acrescentando que, assim como, ao pastar, os rebanhos comem apenas as pontas das ervas e deixam a raiz, assim a morte devora os condenados, mata-os a cada instante e conserva-lhes a vida para continuar a atormentá-los com castigo eterno. De modo que, diz São Gregório, o condenado morre continuamente sem morrer nunca e ninguém terá compaixão dele. Quando um homem sucumbe de dor, todos têm compaixão dele. Mas o condenado não terá quem se compadeça dele.

Conta-se que em Roma, em certa ocasião, interrogou-se a um demônio (na pessoa de um possesso), quanto tempo devia ficar no inferno. Respondeu com raiva e desespero: Sempre, sempre! Foi tal o terror que se apoderou dos circunstantes, que muitos decidiram fazer uma confissão geral e, mudaram sinceramente de vida, consternados por esse breve sermão de apenas duas palavras.

Infeliz Judas! Há mais de mil e novecentos anos que já está no inferno e, não obstante, se diria que seu castigo apenas está no começo!

Se um anjo fosse dizer a um condenado: “Sairás do inferno quando se tiverem passado tantos séculos quantas gotas houver de água na terra, folhas nas árvores e areia no mar”, o condenado se regozijaria tanto como um mendigo que recebesse a notícia de que ia ser rei. No entanto, passarão todos esses milhões de séculos e outros inumeráveis e, contudo, o tempo de duração do inferno estará sempre no seu começo.

Lição: que a consideração do inferno e, concretamente, da pena de dano, nos leve a buscar a salvação com todas as forças.

SALVAÇÃO (7): REALIDADE QUE MAIS IMPORTA (7)

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