MARCELO CÂMARA: EXEMPLO DE UMA VIDA SANTA (3)

EVANGELHO – Mc 7, 31-37

Naquele tempo: Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole.
Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele.
Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”
Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
no Evangelho de hoje vemos como Jesus não fez seus milagres de uma forma padronizada. Neste caso, por exemplo, deste homem surdo que falava com dificuldade, Jesus cura seus ouvidos colocando neles seus dedos e cura a língua, cuspindo nos dedos e colocando nela sua saliva. O que isso nos mostra é que Jesus é Deus e pode fazer os milagres do jeito que quiser: à distância, colocando as mãos, colocando os dedos etc. Os milagres que foram feitos utilizando algo material, como no caso da saliva, são uma imagem dos sacramentos, pois os sacramentos conferem a graça de Deus através de alguma realidade material. Por exemplo, a graça do batismo, que é um dom divino, é comunicada através da água que é derramada no batizando.

Continuando à nossa série sobre o Marcelo Câmara, ficamos hoje de contar a sua conversão.

Para ver como a conversão do Marcelo mudou a sua vida, é interessante ver os depoimentos dos seus colegas da faculdade de Direito no primeiro semestre. A conversão do Marcelinho se dará no início do segundo semestre.

Depoimento de um amigo da faculdade: A par das inquestionáveis capacidades intelectuais, Marcelo apresentava nesta época uma certa impaciência em expressar alguns posicionamentos. Ficaram em minha memória as discussões, muitas vezes um tanto exaltadas com o professor de Economia Política, já que o docente era partidário das teorias marxistas abertamente rechaçadas pelo Marcelo. Nesta fase, a política e a economia eram um de seus principais objetos de estudo e pode-se dizer que Marcelo defendia seus pontos de vista com muito rigor, aparentemente movido por convicções ideológicas.

Outro depoimento de outro amigo: Conheci Marcelo Câmara em março de 1997, quando iniciávamos o curso de Direito na UFSC. De certa forma, minhas impressões originais a respeito do colega viriam a manter-se nos anos seguintes: uma profunda admiração, não raro permeada por certas doses de espanto. A primeira imagem, contudo, não foi exatamente positiva. Extremamente fluente, desde as primeiras semanas do curso Marcelo envolvia-se em debates contundentes, externando opiniões com as quais não concordava.

Além desta postura meio contundente do Marcelinho ilustrada pelos seus colegas, sua vida religiosa era bem superficial. Como muitos católicos, não costumava ir à missa aos domingos.

No entanto, no início do segundo semestre da faculdade, seu pai, levou-o, junto com seu irmão Murilo a uma missa. No final, seu pai quis dar uma passada na sacristia para cumprimentar o Monsenhor Bianchini e este sacerdote, ao ver seus filhos, quis conversar com eles e os convidou para um retiro com o movimento de Emaús que seria realizado de 28 a 31 de agosto.

Marcelinho diz como reagiu ao convite: eu não tinha mesmo muita determinação em juntar-me a um grupo de garotos em um fim de semana em um morro do sul da ilha de Santa Catarina. Mas, chamado de última hora para participar do retiro, fiquei constrangido em dizer não. Sinceramente, fui “laçado” para o tal “Emaús”.

Estando lá, a conversão veio escutando a pregação do Monsenhor Bianchini falando de Jesus Cristo. Diz o Marcelinho: Aquele Homem (Jesus Cristo), que era então um estranho para mim, revelava-se, de par em par, de minuto a minuto, como o sentido da minha vida, fundamento der toda minha existência. Posso afirmar que sentei na sala de palestras como um jovem avesso às Missas, e levantei-me um adulto pela felicíssima maturidade que as palavras ouvidas, tão evidentemente verdadeiras, trouxeram ao meu ser, à minha pessoa.

O coração de Marcelo transbordou de plenitude, como mencionou numa ocasião: Tudo, à luz de Cristo, parecia tão diferente, mais belo, mais cordial, mais pleno de significado. Era tudo tão simples! Dali em diante bastava seguir Aquele que me foi anunciado. Nas quedas, Ele me acolheria; nos progressos, Ele aumentaria em mim a graça da Sua Santa Presença, tanto espiritual como eucarística.

Marcelo destacou ainda o papel do Padre Bianchini como instrumento importantíssimo no processo de sua conversão: Não parecia que eu estava vendo e ouvindo alguém que tinha lido os Evangelhos, mas alguém que tinha visto aquelas magníficas cenas, que com tanto amor e fidelidade narrava, tendo o Cristo como referência essencial. Que trato delicado com a pessoa de Jesus tinha aquele padre! Uma fineza de alma, que apresentava àqueles jovens, dentre eles eu, admirado, toda a delicadeza da alma de Cristo, das maneiras de Cristo, dos olhares de Cristo! (…) E esta mudança de vida, de perspectivas, de valores, se deu ao escutar a fala de um senhor já com certa idade, mas que se mostrava um instrumento fidelíssimo dAquele Jesus que me fazia apresentar. Que sacerdote genial! Em suas palavras, manifestava uma erudição, uma confiança profunda no que dizia e um indiscutível amor a Jesus Cristo.

Marcelinho também dizia que neste retiro encontrou um ideal de vida muito superior a qualquer ideologia que já tinha conhecido, isto é, amar e seguir Jesus Cristo.

Sua mudança de postura foi percebida pelos colegas da faculdade. De fato, no segundo semestre Marcelo voltou diferente. Nas conversas entre as aulas passou a falar de Deus e da alegria que sentia ao ter descoberto um novo sentido para sua vida. Continuava com muito interesse e aptidão para os estudos, mas já não procurava impor aos outros as suas teses, optando por ouvir as razões alheias. Demonstrava um encantamento com a vida cristã que passava a assumir e convidava outros colegas, com entusiasmo, a realizarem a experiência de Deus no retiro de Emaús.

Lição: a conversão do Marcelinho foi muito impressionante. É difícil que uma pessoa ouça uma palestra sobre Jesus e provoque uma reviravolta tão grande como aconteceu na vida do Marcelo. Isto é sinal de que ele se abriu totalmente à graça de Deus. Deus quer nos converter, mas depende de que abramos o nosso coração para Deus. Pensemos nisso!

MARCELO CÂMARA: EXEMPLO DE UMA VIDA SANTA (3)

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