CARIDADE (25): BOM HUMOR (6)

EVANGELHO – Lc 14, 15-24

Naquele tempo, um homem que estava à mesa, disse a Jesus: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” Jesus respondeu: “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: “Vinde, pois tudo está pronto”. Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: “Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas”. Um outro disse: “Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas”. Um terceiro disse: “Acabo de me casar e, por isso, não posso ir”. O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: “Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos”. O empregado disse: “Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar”. O patrão disse ao empregado: “Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia”. Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
no Evangelho de hoje, começa com um homem dizendo: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” É como se este homem dissesse: “Feliz aquele que entra no Reino dos Céus, feliz aquele que se salva, feliz aquele que ouviu a voz de Deus e percorreu o caminho do amor que é o caminho da salvação”.

E Jesus sabe como o Céu é maravilhoso e como vale a pena fazer de tudo para conquistá-lo. E, então, Nosso Senhor começa a contar uma parábola conhecida como parábola do banquete. O banquete é a imagem do Reino do Céu. “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas”. Seria o mesmo que dizer: “Deus nos criou e nos convida para vivermos no seu Reino”. Mas o que acontece com muitas pessoas? Não dão importância a este convite, sendo que Deus está nos convidando para a coisa mais maravilhosa e indescritível que um ser humano pode experimentar. Nada, absolutamente nada pode se comparar com esta realidade.

No entanto, por uma insensatez, pelo brilho das coisas da terra, um a um dos convidados vão se desculpando. O primeiro disse: “Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas”. Um outro disse: “Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas”. Um terceiro disse: “Acabo de me casar e, por isso, não posso ir”. O empregado voltou e contou tudo ao patrão.

Que esta parábola de Jesus nos ajude a não sermos tontos trocando o Céu pelas bagatelas da terra. Conta-se que Santa Teresa de Ávila estando quase uma hora vendo o Céu, depois que voltou a si disse que tudo o que há aqui na terra é palha comparado com o Céu. Não sejamos tontos, portanto, de trocar o Céu pela palha que é a terra.

Continuando a nossa série das terças-feiras sobre a caridade, estamos refletindo sobre a virtude do bom humor. Na última vez falamos de mais um motivo que nos faz rir: o amor. Hoje vamos falar das razões sobrenaturais para sorrirmos. Vejamos.

* * *

RAZÕES SOBRENATURAIS

Todas estas razões para o bom humor são reforçadas extraordinariamente no cristão.

Quanto à consciência da comicidade da vida, do contraste da nossa pequenez com a nossa grandeza, é ainda maior: à natural condição miserável deste bichinho do espaço, deste fugaz micróbio que é o terráqueo, acrescenta-se (ou subtrai-se, se assim o preferirmos) a nossa miserabilíssima condição de pecadores. Somos menos que nada; somos negação! E, simultaneamente, somos filhos de Deus, irmãos de Deus, participantes da natureza divina! Sois deuses, diz-nos o próprio Deus (Sl 81, 6). Por uma maravilhosa adoção, vivemos da própria vida divina, através da graça!

O corpo desfaz-se em lixo, e a alma vê Deus face a face! E este corpo cheio de misérias ressuscitará no fim dos tempos para uma glória eterna!

É o contraste supremo! É um presente de enlouquecer. Mas como, graças a Deus, não enlouquecemos por isso, é de encher-nos de alegria. E daí o bom humor cristão. Tudo acaba bem! Ora, não terá graça que tudo — seja o que for — acabe bem? Doenças, guerras, crueldades, desastres, dores de dentes, negócios, assaltos na rua, visita inesperada de pessoas chatas e inoportunas, etc., etc., tudo serve à Providência divina para nos conduzir à glória celestial. Que confusão divertida!

Assim se explica que os Apóstolos, com tanto amor que tinham por Cristo, em vez de chorarem na sua despedida, na Ascensão aos céus, voltassem a Jerusalém cheios de alegria (cf. Lc 24, 52). Era lógico: a partir dali, já nada os podia perturbar; nem perseguições, nem mortes. Tudo fará parte da sua providência, caminho certo para a felicidade eterna com Cristo no céu!

Após a morte de Cristo na cruz, através da graça, nossa pequenez alcança uma grandeza espantosa. Somos mais poderosos que o Rei Midas, dizia o Fundador do Opus Dei. O rei lendário transformava em ouro tudo o que tocava (…), e nós podemos converter tudo o que fazemos em ação de Cristo.

Como se harmonizaria esta nossa fé com uma cara comprida? Seria contraditório. Que de vez em quando nos sintamos tristes ou assustados, vá lá, porque somos homens; mas uma atitude habitual de melancolia ou mau humor seria inadmissível num cristão.

(…) Enquanto o pagão — o agnóstico, o ateu, o frívolo — só se sente feliz às vezes, quando se esquece das sombras que o ameaçam, o cristão é feliz, mesmo quando se vê rodeado de sombras; o pagão sente-se feliz quando se distrai da sorte que o espera; o cristão, quando se lembra dela. O pagão está contente quando se distrai da realidade; o cristão fica triste quando se esquece dela. Quando vive a sua fé a sério, enche-se de esperança, e a esperança torna alegre o seu amor a Deus.

(…) Mesmo quando peca, o cristão pode olhar o futuro com confiança, pois conta sempre com o perdão paternal do Senhor, e por isso a sua visão da vida é sempre positiva. Como fazem notar os entendidos em literatura, com o advento do Cristianismo desapareceu o antigo gênero teatral da tragédia. (…) O fatalismo cego acabou. Quem tem um mínimo de fé, sabe que a Providência divina tudo governa para o nosso bem e que o homem pode refazer sempre os seus caminhos, porque é livre e Deus é Pai.

Desta forma, a alegria é o pano de fundo da vida cristã. Ainda que por momentos, dias ou anos, a tristeza possa empanar o nosso panorama, nunca se apresenta como a atitude própria de um discípulo de Cristo (…)

E daí também que São Paulo nos exorte à alegria como verdadeira obrigação: Andai sempre alegres! (1 Ts 5, 16), Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos (F1 4, 4). Não tinha dito o Senhor que viera ao mundo para que tivéssemos alegria e a nossa alegria fosse completa? (cf. Jo 15, 11). Mesmo que ouçamos falar de guerras e catástrofes, não nos devemos inquietar; pelo contrário, devemos alegrar-nos, visto que são sinais da segunda vinda gloriosa de Cristo à terra e da salvação final (cf. Mt 24).

Logo, nada mais próprio do discípulo de Cristo do que a serenidade, a alegria e, naturalmente, o bom humor que as acompanha.

Pensemos nisso!

CARIDADE (25): BOM HUMOR (6)

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