VIRTUDES HUMANAS (4): VIRTUDES CARDEAIS

EVANGELHO – Lc 16, 1-8

Naquele tempo: Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: “Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens”. O administrador então começou a refletir: “O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração”. Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: “Quanto deves ao meu patrão?” Ele respondeu: “Cem barris de óleo!” O administrador disse: “Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!” Depois ele perguntou a outro: “E tu, quanto deves?” Ele respondeu: “Cem medidas de trigo”. O administrador disse: “Pega tua conta e escreve oitenta”. E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus hoje conta uma parábola onde fala de um administrador infiel que é ao mesmo tempo experto para não se dar mal. E aí Jesus conclui a parábola dizendo estas palavras: “com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”.

Esta é uma grande verdade! Muitas vezes, os filhos das trevas são mais expertos em seus negócios do que os filhos da luz. Não podemos ficar tranquilos constatando esta verdade. Saibamos também mobilizar-nos para fazer o bem, para espalhar o bem aos outros. O que estou fazendo para mudar o mundo? Penso nisso com frequência? Tomo iniciativas? Que ninguém possa dizer de nós que somos omissos em ajudar a Deus a mudar este mundo.

Dando continuidade à nossa série sobre as virtudes, na última vez falamos que um cristianismo sem virtudes é uma caricatura do cristianismo. A partir de agora vamos começar a falar das principais virtudes humanas. Eu diria que as principais virtudes humanas são estas: alegria, audácia, caridade, constância, esperança, fidelidade, fortaleza, generosidade, gratidão, humildade, justiça, laboriosidade, magnanimidade, mansidão, ordem, otimismo, paciência, pobreza, prudência, respeito, responsabilidade, santa pureza, serenidade, sinceridade, simplicidade, temperança.

Gostaria de começar falando das famosas virtudes cardeais. Quais são as virtudes cardeais e por que elas se chamam assim? As virtudes cardeais são: prudência, justiça, fortaleza e temperança. E por que elas se chamam assim? Porque elas são o eixo de todas as virtudes.

Os gregos, que foram os grandes descobridores das virtudes, logo pensaram se havia algumas virtudes que fossem a origem das demais, as mais importantes. E chegaram à conclusão que são quatro, as quatro virtudes cardeais.

A tese das quatro virtudes cardeais começou com Platão, na Grécia Antiga. Platão propunha que havia quatro virtudes que eram fundamentais para qualquer ser humano se desenvolver e tornar-se uma pessoa boa e virtuosa. Ou seja, essas virtudes são principais na medida em que ninguém consegue ser feliz, desenvolver-se enquanto ser humano, se não as possuir.

Aristóteles, no seu livro Ética a Nicômaco, faz um tratado sobre as virtudes e fala destas quatro virtudes cardeais.

Indo para a Idade Média, São Tomás de Aquino, na primeira sessão da segunda parte da sua Suma Teológica, na questão 1, fala das quatro virtudes cardeais. Diz ele que essas quatro virtudes são fundamentais porque elas dominam as principais inclinações do ser humano, possibilitando-o agir corretamente.

São Tomás faz um paralelo das virtudes cardeais com as potências da alma, como já fazia Platão. As potências da alma são a inteligência, a vontade e a sensibilidade. Dentro da sensibilidade há uma distinção entre o apetite irascível, a irascibilidade, e o apetite concupiscível, o desejo do prazer.

São Tomás, como Platão, relaciona a prudência com a inteligência. Ele diz que a prudência é a principal virtude, na medida em que ela é a cabeça das virtudes. Todas as virtudes têm que ter uma cabeça, uma sensatez, uma razoabilidade. Por exemplo, a virtude da caridade. A caridade não significa dar tudo aos outros e ficar sem nada. Isso seria uma insensatez. Quem mostra isso é a virtude da prudência.

São Tomás dirá que a virtude da justiça está relacionada com a vontade. Ou seja, todas as nossas ações que são movidas pela vontade, devem ser justas. Depois diz que a fortaleza está relacionada com o apetite irascível e a temperança com o apetite concupiscível.

As virtudes cardeais, então, equilibram as potências da alma, ajudando-nos a agir corretamente.

Lição: vamos entendendo cada vez mais as virtudes e a sua importância. Agora que elencamos as principais virtudes humanas e as virtudes cardeais, seria interessante cada um fazer uma relação das virtudes que possui e perceber aquelas que lhe faltam. Este é um bom exercício de conhecimento próprio, fundamental para sabermos hoje qual é a situação da nossa alma e, olhando para Cristo, ver o que precisamos melhorar.

VIRTUDES HUMANAS (4): VIRTUDES CARDEAIS

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