EVANGELHO – Mt 4, 1-11
Naquele tempo: o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome.
Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”! Mas Jesus respondeu: “Está escrito: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus””. Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: “Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra””. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: “Não tentarás o Senhor teu Deus”!” Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: “Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto”. Então o diabo o deixou. E os anjos se aproximaram e serviram a Jesus.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: O Evangelho do primeiro domingo da Quaresma é sempre o Evangelho das tentações de Cristo no deserto. Como dissemos que o foco da Quaresma é o pecado, é natural que a Igreja nos proponha a reflexão sobre as tentações que é o modo como o demônio nos induz ao pecado.
A primeira lição que podemos tirar das tentações é que Deus as permite. Nossa Senhora, por exemplo, disse em várias aparições que o demônio compareceu um tempo atrás diante de Deus e pediu um tempo para destruir tudo: destruir a Igreja, destruir as famílias etc. E Deus concedeu 100 anos para ele. Nossa Senhora dá a entender que isto ocorreu antes das aparições de Fátima, que ocorreram em 1917.
Alguém poderia perguntar: mas por que Deus permite isto? Se Deus é bom, Ele não deveria impedir a ação do demônio.
Na verdade, vamos ver, o demônio trabalha para Deus. Mesmo odiando a Deus, Ele acaba ajudando Deus na sua tarefa de nos santificar. O grande desejo de Deus é o de nos santificar para entrarmos no Céu. E nós crescemos muito diante das tentações. Santo Agostinho dizia uma frase fantástica: “Ninguém recebe a coroa da vitória se não lutou. E ninguém luta se não tem inimigo”. Imaginem recebermos a coroa da vitória sem ter feito nada, vivendo a vida toda debaixo de um coqueiro e olhando para o mar. Esta coroa não teria a menor graça. Assim, para recebermos a coroa da vitória precisamos lutar e, de fato, não há luta se não há inimigo. Assim, o demônio, tentando-nos nos ajuda a crescermos espiritualmente.
Haverá muitas pessoas que sucumbirão diante da tentação, mas é uma escolha da nossa liberdade, pois Deus não permite que nenhuma tentação seja maior do que as nossas forças. As tentações, neste sentido, nos provam para escolher o que queremos: o bem ou o mal. Provam a nossa liberdade de escolher o bem ou o mal. E estamos aqui na terra justamente para isso: para escolher se queremos viver ou não com Deus na outra vida, que é eterna, e para nos prepararmos para entrar lá, através da santificação, pois no Céu só os santos entram nele. Se terminarmos esta vida merecendo o Céu e ainda não formos santos, teremos que passar pelo Purgatório para terminar de nos santificar ou purificar.
Assim, a primeira lição sobre a tentação é que ela não é má, mas é boa. Assim não devemos pedir a Deus que nos livre da tentação, mas que nos livre do mal, do pecado, de cair na tentação, como rezamos no Pai-Nosso. De modo prático, sempre que me vir tentado, no dia-a-dia, a cometer um pecado seja de falta de caridade com o próximo, seja de preguiça, de perda de tempo, de egoísmo, de impaciência, de gula, de sensualidade etc, recorramos a Deus para nos ajudar a não cair em tentação.
Em outras homilias falarei mais sobre as tentações para tirarmos outras lições.