SANTO AGOSTINHO: UM DOS MAIORES SANTOS DA IGREJA

EVANGELHO – Mt 23, 13-22

Naquele tempo, disse Jesus: “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam. Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando o conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós.
Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: “Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!” Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? Vós dizeis também: “Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!” Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
hoje comemoramos a festa de Santo Agostinho, um homem extraordinário, um ponto fora da curva, um santo de primeira categoria, um dos maiores da Igreja, com uma inteligência incrível. Sua influência na Igreja e no mundo até hoje é formidável. É um santo que temos que conhecer e ler seus escritos.

Seu nome era Aurélio Agostinho. Nasceu em Tagaste, uma cidade do Norte da África dominada pelos romanos, na região onde hoje fica a Argélia, no dia 13 de novembro do ano 354. Filho primogênito, seu pai, chamado Patrício, era pagão e pequeno proprietário de terras. Sua mãe, pelo contrário, era cristã fervorosa, tanto que tornou-se santa, Santa Mônica, celebrada no dia 27 de agosto, um dia antes da festa de Santo Agostinho. Mônica sempre buscou educar o filho na fé cristã. Agostinho, porém, por causa do exemplo do pai, não se importava com a fé.

Santa Mônica queria que seu filho se tornasse cristão, mas percebia que a hora de Deus ainda não tinha chegado. Tanto que adiou seu batismo, com receio de que ele profanasse o sacramento. Aos onze anos, Agostinho foi enviado para estudar em Madauro, perto de Tagaste. Lá, estudou literatura latina e algo que o distanciaria da fé cristã: as práticas e crenças do paganismo local e romano.

Com dezessete anos, foi para Cartago estudar retórica. Lá, embora tenha recebido formação cristã de sua mãe, passou a seguir a doutrina maniqueísta (que enxerga o mundo apenas como bem e mau). Além disso, tornou-se hedonista, ou seja, seguidor da filosofia que tem o prazer como fim absoluto da vida. Dois anos depois, passou a viver com uma mulher cartaginense, com a qual teve um filho chamado Adeodato. O relacionamento dos dois durou treze anos. Durante todo esse tempo, Santa Mônica rezava pela conversão do filho.

Agostinho tornou-se um professor de retórica famoso. Chegou a abrir uma escola em Roma e conseguiu o posto de professor na corte imperial situada em Milão. Decepcionado com as incoerências do maniqueísmo, aproximou-se do ceticismo. Sua mãe mudou-se para Milão e exerceu certa influência sobre seu comportamento. Nesse tempo, também decepcionado com o ceticismo, Agostinho aproximou-se do bispo Ambrósio (Santo Ambrósio de Milão). A princípio, queria apenas ouvir a retórica excelente do bispo. Depois, porém, foi se convencendo da verdade sobre Jesus Cristo pelas pregações de Santo Ambrósio. Sua mãe, ao mesmo tempo, não cessava de orar por ele.

Depois das buscas incessantes pela verdade, rendeu-se à coerência da mensagem de Jesus Cristo. Agora faltava cortar com toda a paixão desordenada da carne. Havia tido vários casos amorosos, envolvendo-se com outras mulheres. Nesta luta interior enorme, um dia, no ano de 386, caminhando aflito e desolado em um jardim, aconteceu-lhe algo inesperado que o deixou atônito e, tirando-lhe todas as dúvidas, ele finalmente chegaria à sua conversão total:

Joguei-me debaixo de uma figueira e dei rédea solta às minhas lágrimas. Não como as mesmas palavras, mas como o mesmo sentido, disse a Deus muitas coisas como esta: Senhor, até quando? Até quando, Senhor, estarás irado? Não queiras mais lembrar-te das minhas maldades passadas!

Enquanto dizia isto e chorava como amaríssimo arrependimento do meu coração, ouvi subitamente uma voz da casa vizinha, não sei se de menino ou menina, que cantarolava e repetia muitas vezes: Toma e lê.

Mudou-se-me de repente o rosto, e tentei recordar se havia algum jogo em que as crianças costumassem cantarolar algo de parecido, mas não me lembrava de ter ouvido nunca nada de semelhante. Contendo as lágrimas, levantei-me, interpretando essa voz como uma ordem divina para abrisse o livro e lesse o que se me apresentasse.  […]

Voltei rapidamente ao lugar (…) onde eu deixara a Bíblia; tomei-a, abri-a e li em silêncio o primeiro trecho que vi. Dizia assim: “Não andeis mais em comilanças e bebedeiras; nem em impudicícias e dissoluções; deixai já as contendas e rixas; e revesti-vos de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não vos ocupeis da carne e de seus desejos”.

Não quis ler mais. Também não era necessário, pois quando terminei de ler esse parágrafo, dissipou-se toda a escuridão das minhas dúvidas, como se uma luz fortíssima me tivesse inundado o coração”.

Depois da sua conversão diria estas palavras tão famosas:

“Tarde te amei, Beleza, tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim.

Como um animal, lançava-me sobre as coisas belas que tu criaste. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo. Mantinham-me atado, longe de ti, essas coisas que, se não fossem sustentadas por ti, deixariam de ser. Chamaste-me, gritavas-me, rompeste a minha surdez. Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira. Exalaste o teu espírito e aspirei o seu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz”.

Pouco depois, no ano de 387, ele e seu filho Adeodato, então com 15 anos, foram batizados em Milão por Santo Ambrósio, durante uma vigília Pascal.

Agostinho decide voltar a Tagaste, para morar com seus amigos, e entregar-se inteiramente ao serviço de Deus por meio da oração e do estudo. Mas no ano 391, em visita à cidade de Hipona, buscando um lugar para instalar um mosteiro, foi proclamado sacerdote pelo povo e ordenado sacerdote pelo bispo Valério. Fundando um mosteiro viveu com uma comunidade de Irmãos, como sacerdote, monge, asceta e estudioso.

Quatro anos depois, no ano de 395, foi sagrado bispo da cidade, daí o nome com o qual é conhecido: Agostinho de Hipona. Deixando o mosteiro, que se converteu em um centro de formação que formou muitos sacerdotes e bispos para toda a África, foi viver na casa episcopal, fundando ali um mosteiro para os clérigos de Hipona. Se dedicou ao estudo das Sagradas Escrituras e dos Padres da Igreja.

Sua morte ocorreu em 28 de agosto do ano 430. Mais tarde, em 725, seus restos mortais foram exumados e trasladados para a cidade de Pávia, na Itália, onde são venerados na igreja de São Pedro do Céu de Ouro. A igreja fica perto do local onde ocorreu sua conversão.

Lição: recomendo para conhecer a vida de Santo Agostinho o livro de sua autoria “As confissões”, onde ele relata a sua apaixonante trajetória em direção a Deus, sendo sincero consigo mesmo admitindo que o prazer, o dinheiro, a fama não o faziam feliz. Recomendo a edição feita pela Editora Quadrante, pois foi trabalhada para adaptar-se à nossa linguagem moderna.

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