SALVAÇÃO (5): REALIDADE QUE MAIS IMPORTA (5)

EVANGELHO – Lc 11, 1-4

Um dia, Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: “Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação””.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
lembramos hoje o dia que Jesus nos ensinou a mais perfeita de todas as orações pois foi ensinada pelo próprio Deus: o Pai-Nosso. Tudo que devemos pedir esta nesta oração. E um dos pedidos é de perdoar os nossos pecados e de nos ajudar a não cair em tentação.

Jesus deixa bem claro que existe o bem e existe o mal, apesar de que o mundo diga que tudo é relativo. Existe o mal e o mal é o pecado. E é pecado justamente porque causa o mal a Deus, ao próximo e a nós. Se queremos nos salvar, temos que declarar guerra ao pecado.

Vamos continuar nossa série sobre a salvação. Hoje Santo Afonso vai dizer que é uma insensatez querer salvar-se e, ao mesmo tempo, seguir o caminho do pecado. Vejamos.

* * *

Loucura: seguir o caminho do pecado, do inferno, e querer salvar-se

Põe diante de nós a vida e a morte (Ecl 15,18) e ser-nos-á dado o que escolhermos (Ecl 15,18). Jeremias disse também que o Senhor nos deu dois caminhos, o da glória e o do inferno (Jr 21,8). A nós cabe escolher. Mas quem se empenha em andar pela senda do inferno, como poderá chegar à glória? É de admirar que, ainda que todos os pecadores queiram salvar-se, eles mesmos se condenam ao inferno seguindo o caminho do pecado. Quem será tão louco — disse Santo Agostinho — que tome veneno mortal com esperança de curar-se?… No entanto, quantos insensatos se dão a morte a si próprios, pecando, e dizendo: “mais tarde pensarei no remédio…” Insensatos: a morte pode sobrevir a qualquer momento!

Se tanto trabalho se dá o homem para adquirir uma casa cômoda, espaçosa, saudável e bem situada, como se tivesse certeza de que a poderia habitar durante toda a vida, por que se mostra tão descuidado quando se trata da casa que deve ocupar eternamente? E, além disso, não se trata de morar numa casa mais ou menos cômoda ou espaçosa, mas de viver em um lugar cheio de delícias, entre os amigos de Deus, ou num abismo de todos os tormentos, entre a turba infame dos celerados, hereges e idólatras… E isto por quanto tempo?… Não por vinte nem por quarenta anos, senão por toda a eternidade. Grande negócio, sem dúvida, de suma importância, é preocupar-se com esta moradia eterna.

Quando São Tomás More foi condenado à morte por Henrique VIII, Luísa, sua esposa, procurou persuadi-lo a mentir dizendo que concordava com a nulidade do casamento do rei com Ana Bolena, quando ele não era nulo.

Tomás lhe replicou: Dize-me, Luísa, vês que já sou velho. Quanto tempo ainda poderei viver? — Poderás viver ainda vinte anos — disse a esposa. — Minha esposa, disse São Tomás, você não é boa de matemática. Por vinte anos de vida na terra, queres que eu  perca uma eternidade na glória do céu para me condenar eternamente?”

Iluminai-nos, ó Deus! Se a doutrina da eternidade fosse duvidosa, se não passasse de opinião provável, ainda assim deveríamos procurar com empenho viver bem para não nos expormos, caso essa opinião fosse verdadeira, a ser eternamente infelizes. Mas essa doutrina não é duvidosa, e sim certa; não é mera opinião, senão verdade de fé: “Irá o homem à casa da eternidade…” (Ecl 12,5). É a negligência em considerar esta verdade a causa de tantos pecados e da condenação de tantos cristãos!

Reavivemos, pois, nossa fé, dizendo, como dizemos todo domingo no Credo: “Creio na vida eterna!” Creio que depois desta vida há outra que não acaba nunca. Tendo sempre presente este pensamento, coloquemos os meios convenientes para assegurar a salvação. Confessemos frequentemente, mantenhamo-nos em estado de graça e fujamos das ocasiões de pecado. “Não há cautela que seja excessiva quando está em perigo a eternidade” — diz São Bernardo.

Agora Santo Afonso vai considerar estas três verdades de fé: o Juízo Particular, o Inferno e o Céu.

Imaginemos a hora da sentença no Juízo Particular e imaginemos que tenhamos morrido em pecado mortal. Agora Jesus vai pronunciar a sentença. Santo Afonso começa citando as palavras de Jesus no Evangelho:

“Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno!”

Quão terrivelmente ressoará estas palavras no nosso coração — exclama Dionísio, o Cartuxo… Será como um trovão terrível. “Quem não treme da cabeça aos pés ao considerar essa horrenda sentença”, observa Santo Anselmo”. Santo Eusébio acrescenta que será tão grande o terror dos pecadores ao ouvir a sua condenação que se não fossem já imortais, morreriam de novo. Então, — como escreve São Tomás de Vilanova, — já não será tempo de suplicar, já não haverá intercessores a quem recorrer. A quem, efetivamente, hão de recorrer?… Porventura, a seu Deus a quem desprezaram? Talvez aos santos, à Virgem Maria?

Devemos, pois, ajustar as contas da alma, antes que chegue o juízo (Ecl 18,19), porque, segundo diz São Boaventura, os negociantes prudentes, para não se exporem a uma falência, conferem e ajustam suas contas frequentemente. “Antes do juízo, diz Santo Agostinho, podemos ainda aplacar o Juiz; mas durante o juízo, não”.

Lição: será que espero me salvar cometendo continuamente pecados mortais? São Paulo diz que basta um pecado mortal para voltarmos a crucificar novamente Nosso Senhor. Um bom cristão deveria viver com este lema: “prefiro morrer a cometer um pecado mortal”. Se conseguimos tantas coisas nesta vida, não vamos conseguir manter-nos longe do pecado mortal com toda a ajuda que Deus nos dá? Pensemos nisso.

SALVAÇÃO (5): REALIDADE QUE MAIS IMPORTA (5)

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