PROVIDÊNCIA DIVINA (1): DEUS É PAI (1)

EVANGELHO – Jo 3, 7b-15

Naquele tempo disse Jesus a Nicodemos: Vós deveis nascer do alto. O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”. Nicodemos perguntou: “Como é que isso pode acontecer?” Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitais o nosso testemunho. Se não acreditais, quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos falar das coisas do céu? E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
o Evangelho de hoje narra este episódio onde Nicodemos que, além de ser fariseu, era um homem importante entre os judeus, pois pertencia ao sinédrio, isto é, uma espécie de Corte Suprema de Israel, foi à procura de Jesus para conversar com Ele. Vê-se que Nicodemos, ao contrário da maior parte das autoridades judaicas, começa a acreditar em Jesus e vai conversar com Ele às escondidas. Nicodemos será uma das personalidades, junto com José de Arimateia, que irá dar a cara por Jesus nos momentos derradeiros da Paixão e Morte de Nosso Senhor, não temendo as represálias e ameaças que receberiam.

Hoje gostaria de começar uma série sobre a Providência Divina. Por que escolhi este tema? Porque, como sabemos, a ansiedade é hoje pandêmica. Milhões de pessoas no Brasil e no mundo inteiro sofrem de ansiedade. E por que isto acontece? Eu penso que o motivo principal é o arrefecimento da fé na cultura moderna, fazendo com que as pessoas vivam numa perspectiva da vida meramente humana, sendo que a vida humana não é brincadeira e, muitas vezes, temos que passar por momentos que ultrapassam a nossa capacidade de lidar com determinado problema ou com a somatória deles. Enfrentar os problemas desta vida sem Deus, sem fé, é realmente algo sobre-humano.

Como antigamente as pessoas tinham uma fé mais sólida e mais profunda, elas sabiam deixar a parte que corresponde a Deus nas suas mãos e permaneciam mais serenas. Hoje, a tendência natural é, devido ao distanciamento que as pessoas têm de Deus, não deixar nada nas suas mãos, tentando resolver tudo sozinho e assim acabam por implodirem por dentro.

Então, é muito oportuno falar sobre a Providência Divina, sobre o cuidado que Deus tem com cada um de nós.

A primeira pergunta que podemos fazer é esta: o que é a Providência Divina? É o cuidado que Deus, que é nosso Pai, tem por nós, seus filhos queridos.

Nunca podemos nos esquecer que Deus é nosso Pai. Até a vinda de Jesus Cristo à terra, a ideia que os homens tinham de Deus é a que está no Antigo Testamento. E lá, Deus não se mostra como Pai, mas como o Senhor dos senhores, como o Criador de todas as coisas, como vemos no livro do Gênesis, a quem devemos todo o respeito. Temos que entender que Deus tem a sua pedagogia e que foi, pouco a pouco, mostrando a nós quem Ele é. De fato, a primeira verdade fundamental que Deus nos revelou para saber como nos relacionarmos com Ele foi o respeito. Por isso, no Antigo Testamento Deus se revela como o Senhor dos senhores. Se Deus se mostrasse, em primeiro lugar, muito próximo de nós, nós, com toda certeza, abusaríamos desta proximidade.

Mas Jesus, chegando a plenitude dos tempos, revela-nos o mistério da Santíssima Trindade, desconhecido até então, e que Deus é nosso Pai. E esta verdade plasmada para toda a eternidade na oração das orações que Ele nos ensinou, o Pai-Nosso. Jesus, ao nos ensinar a rezar, ao nos ensinar a conversar com Deus, diz-nos que devemos começar dirigindo-nos a Ele como Pai, como nosso Pai.

Esta é uma das verdades mais consoladoras da nossa fé. Deus poderia ser apenas o Criador e o Senhor de todo o universo. Mas, adotou-nos, como dizemos, como filhos seus. Dizemos que nos adotou porque o filho por excelência do Pai é Deus Filho. Mas o amor que Deus Pai tem por Deus Filho é o mesmo que tem por nós. Ama-nos com um amor infinito. Quando nos gerou, já gerou como filhos seus, derramando todo o seu amor em nós.

Se os bons pais aqui na terra já são capazes de dar a vida para que os seus filhos sejam felizes, imaginem o que Deus é capaz de fazer por nós!!! O que Deus mais quer é que sejamos felizes, infinitamente felizes. Costumo dizer que o tamanho da preocupação que Deus tem com a nossa felicidade é infinitamente maior que a nossa pela nossa felicidade. Nossa preocupação pela nossa felicidade pode atingir apenas a dimensão do nosso ser. Deus, por ter um ser infinito e um amor infinito por nós, tem uma preocupação infinitamente maior que a nossa pela nossa felicidade.

E esta preocupação não só é infinita pela nossa felicidade, como o seu poder também é infinito. Ou seja, pode fazer o que quiser para nos tornar felizes, para nos proteger, para cuidar de nós. Nada é obstáculo para o seu poder. Se for necessário fazer milagres, Ele fará milagres. Se for necessário que ganhemos na loteria, nós ganharemos na loteria. E assim por diante.

Alguém poderia dizer: mesmo Deus tendo este poder, o demônio não poderia nos fazer o mal. De modo algum, pois Deus é o Senhor de todas as criaturas, inclusive do demônio e, portanto, o demônio só pode fazer o que Deus lhe permite.

Então, o que devemos temer se Deus é nosso Pai e tem um amor infinito por nós, uma preocupação infinita pela nossa felicidade e pode tudo? Nada, absolutamente nada.

Que gravemos profundamente estas verdades no nosso coração e que nos façam viver uma serenidade a toda prova.

PROVIDÊNCIA DIVINA (1): DEUS É PAI (1)

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