EVANGELHO – Jo 15, 26 – 16, 4a
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando vier o Defensor que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada. Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. Eu vos digo isto, para que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: como já disse em outra ocasião, na Páscoa percorremos o Evangelho de São João. E, desde o início do capítulo 14, São João narra a Quinta-Feira Santa. No Evangelho Jesus começa a falar do Espírito Santo chamando-o de Defensor, de Espírito da Verdade. Até então, Jesus não havia falado diretamente do Espírito Santo. Falando dEle, agora sabemos que a Santíssima Trindade é composta por três pessoas reais e distintas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Vou retomar novamente a nossas séries com os temas para cada dia da semana. Nas segundas, temos falado de Jesus. Vamos, então, continuar a falar de Nosso Senhor. Na última vez falei das pessoas jovens, filhos de pais católicos, que acabam abandonando a prática da fé porque veem a religião como o cumprimento enfadonho de obrigações, dos mandamentos. E dizia que isto acontece quando eles não têm um verdadeiro encontro com Cristo.
Sem o encontro com Cristo, a religião, realmente, fica sem sentido, pesada. É como um corpo sem alma. E a religião é, no fundo, uma correspondência ao amor de Deus. É mergulhando neste amor que nós entendemos os mandamentos e os sacramentos. Os mandamentos nada mais são do que o caminho que nos leva a amar a Deus e ao próximo com perfeição. Os sacramentos são poderosas ajudas de Deus para percorrermos este caminho.
Os pais devem, portanto ajudar os filhos a mergulharem neste amor, a descobrirem a Deus, a descobrirem Jesus Cristo e tudo o que Ele fez e faz por nós. Mesmo que sejamos adultos, nosso caminho também é este: mergulhar cada vez mais no amor a Deus.
Para mergulharmos neste amor temos vários desafios. Um deles é que não vemos a Deus. E, como hoje vivemos numa sociedade muito materialista, o normal é falar das coisas que vemos e tocamos e achar que o que não vemos e tocamos não existem. Desde o início do povo judeu e depois com o cristianismo até a Idade Média, a realidade mais importante era a realidade espiritual. Com o afastamento de Deus que começou no início do século XVI, as pessoas foram pouco a pouco deixando de lado o mundo espiritual. Então, é um grande desafio fazer com que os filhos tenham uma fé verdadeira e sólida na existência de Deus e que Deus é uma pessoa e realmente está junto de nós em todo momento e, de modo especial, no Sacrário das igrejas, na hóstia consagrada. É um desafio também para nós adultos. A maior parte dos pais não costumam ir por aí ao passar a religião para os filhos. A maior parte ensina os filhos a rezarem e ficam encantados quando eles rezam, recitam o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Santo Anjo. Achando o máximo, tiram fotos, fazem vídeos. Pensando que Deus já entrou no coração deles, leva-os também à missa mas sem explicar o seu significado e por que ela é tão importante. E quando vão ficando um pouco mais crescidinhos começam a achar extremamente chata a missa e muitos pais os obrigam a irem. Desta forma os filhos vão ficando com um ranço da religião até que a abandonam.
O caminho em primeiro lugar é alimentar a fé na existência de Deus para depois descobrirem o seu amor.
O segundo desafio é ensinar os filhos a amarem alguém que lhes parece ser como uma estátua. De fato, quando pensamos em Deus, vem à nossa mente uma imagem que vimos de Deus ou de Jesus Cristo em algum lugar. E esta imagem é algo estático, parada. Mas como vamos amar uma estátua? Impossível.
Nós somos seres humanos e só conseguimos amar alguém que está vivo e tem sentimentos. Neste sentido, é fundamental, para amar a Deus, entrar em sintonia com os seus sentimentos. E aqui temos um caminho bem fácil: Deus-Filho, Jesus, pois ele assumiu a natureza humana e manifestou seus sentimentos ao viver aqui na terra e hoje, se perguntarmos a Ele, Ele nos dirá o que está sentindo.
Na segunda-feira que vem vamos falar mais sobre isso.
Lição: procuremos guardar esta ideia: ser cristão é corresponder ao amor de Deus. Quanto mais amarmos a Deus, mais fará sentido os mandamentos e os sacramentos e mais prazeroso será vivê-los. Para amar a Deus é preciso em primeiro lugar avivar muito a fé de que Ele existe e está do nosso lado o tempo todo e conhecer os seus sentimentos.