JESUS CRISTO (7): CARTA DOS ESPOSOS DE CANÁ A JESUS

EVANGELHO – Lc 18, 35-43

Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo.
Disseram-lhe que Jesus Nazareno estava passando por ali. Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”
Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: “O que queres que eu faça por ti?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero enxergar de novo”. Jesus disse: “Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou”.
No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu louvores a Deus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
que bonita é esta cena ocorrida na entrada da cidade de Jericó. Bartimeu, que era cego, mendigando esmola, fica sabendo que Jesus está passando por ali e começa a gritar: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Deve ter repetido várias vezes até chamar a atenção de Jesus. Bartimeu se aproxima e Nosso Senhor lhe pergunta: “O que queres que eu faça por ti?” E Bartimeu responde: “Senhor, eu quero enxergar de novo”. E Jesus diz: “Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou”. Que saibamos nos aproximar de Jesus com esta mesma simplicidade encantadora de Bartimeu. É assim que devemos falar com Deus: com toda simplicidade.

Continuando nossa série sobre Jesus Cristo, gostaria de ler para vocês algumas cartas de um livro cujo título é este: “Cartas dos amigos de Cristo”. É um livro muito bonito publicado pela Editora Quadrante, onde o autor escreve cartas dirigidas a Jesus de alguns personagens do Evangelho. Estas cartas vão nos ajudar a conversar com Jesus e ganhar familiaridade com Ele. Vocês vão ver como estas cartas vão tocar profundamente o nosso coração. A carta de hoje é uma possível carta que os esposos das bodas de Caná poderiam escrever a Jesus depois de terminada a festa, em agradecimento pela presença de Nosso Senhor na festa e pelo milagre que Ele fez de transformar a água e vinho. Vejamos.

CARTA DOS ESPOSOS DE CANÁ A JESUS

Jesus, em meu nome e em nome de minha esposa, muito obrigado.

Devo começar esta carta dizendo-te, em primeiro lugar, que fiquei muito surpreendido quando o chefe de mesa me chamou e me comentou que eu deveria ter mandado servir o melhor vinho no princípio e não no fim; ora, eu só tinha mandado comprar um único tipo de vinho, e na verdade não era do melhor. Naquele momento, a minha esposa e eu atribuímos tudo — sem pensar muito sobre o assunto —, à alegria da festa, animada pela bebida, e isso nos satisfez. Fosse como fosse, observamos que os criados se comportavam de maneira um pouco estranha, servindo generosamente os convidados com gestos e sorrisos de alegre cumplicidade.

Só vim a descobrir tudo mais tarde. Alguns casais de noivos que vão se casar em breve vieram perguntar-me onde adquirira aquele vinho tão especial, e o fornecedor que me tinha vendido a bebida chegou a irritar-se um pouco comigo por pensar que eu desejava guardar segredo ou fazer-lhe concorrência nos negócios.

Por fim, percebi o que tinha acontecido; um dos serventes me contou.

Por isso, queremos agradecer-te quanto antes o teu maravilhoso presente, que se converteu na fé e no carinho que introduziste nos nossos corações.

Tu sabes que a minha noiva e eu pusemos especial interesse em convidar-te para o nosso casamento. Alguns dos nossos familiares levantaram dificuldades, pensando que te apresentarias não só com a tua Mãe, o que todos desejávamos, mas também com todos esses amigos que costumam acompanhar-te, e isso aumentaria consideravelmente as despesas; tinham razão, pois de fato, vieram vários amigos teus, mas todos são maravilhosos e quem saiu ganhando fomos nós!

Das seis talhas de pedra, coloquei uma dentro da casa, no melhor lugar. Está vazia! Nem água, nem vinho. No entanto, para nós está sempre cheia de recordações e orações. Basta-nos olhá-la para nos lembrarmos de ti, e assim acabamos por sorrir quando estamos preocupados com algum problema, ou por beijar-nos quando se avizinha uma discussão.

Esperamos ver-te de novo quando a criança nascer. Se for homem, asseguramos-te que não faltará o vinho na festa da sua circuncisão, mesmo que venhas com todos os teus. Mas esse vinho não será como aquele.

Sabemos que foi a tua mãe, a boa Maria, quem fez tudo. Quando fomos visitá-la certa tarde, em Nazaré, para agradecer-lhe, insistia em que tinhas sido tu, afirmando que ela própria não fizera nada. Tanto faz. Para nós, foram os dois. Mas também comentou-nos algo que gostaríamos de que nos explicasses; disse-nos que naquela ocasião dirigistes à ela chamando-a de “mulher” ao invés de “mãe”, e ela nos confessou, com toda a simplicidade, que nesta hora sentiu-se como a Mulher das mulheres, a que continha e guardava em si todas as mulheres do mundo, escrava e senhora, pobre e ao mesmo tempo onipotente, filha e, ao mesmo tempo, mãe, mãe de todos nós.

Sentindo-se assim, a mãe de todos nós, ganhou coragem para interceder por nós e a começar a interceder por todos os seus filhos para que nunca nos faltasse a verdadeira alegria.

Esse milagre nos fez descobrir muitas coisas: foi como o primeiro de outros muitos; são tantos que de alguns nem nos apercebemos.

Compreendemos agora, a minha mulher e eu, que, antes de conhecer-te, não passávamos de cântaros vazios um para o outro; depois, fomo-nos enchendo de carinho humano, mas de um carinho limpo, viçoso, transparente.

Também compreendemos que a obediência de alguns homens permitiu o milagre. Por isso, perguntamo-nos igualmente: terias realizado o prodígio se aqueles criados não tivessem enchido, como afirmam, as talhas até à borda? Os recipientes tinham capacidade para mais de quinhentos litros! Aquele ir e vir à fonte da aldeia para buscar água, quando era de vinho que se precisava, deve ter-lhes parecido absurdo, ridículo, quase cruel…, uma lamentável perda de tempo.

Aprendemos assim a obedecer a Deus, e a obedecer-lhe de todo o coração, com total generosidade e confiança. Aquela obediência fez com que todos os convidados pudessem beber um bom vinho. A água converteu-se em vinho, o vinho em alegria, e a alegria em total confiança em ti. Quanto não recebemos e quanto não aprendemos!

Gravamos as palavras da tua mãe na talha…, e bem vês quantas lições estamos tirando.

Vemos com clareza que o casamento é algo de Deus; que deve ser para sempre (perdurará até no céu? Certamente acabarás por explicar-nos isso também); que aquele vinho jamais poderá converter-se em vinagre, e que também não encontraremos outro vinho melhor; que estaríamos loucos se quiséssemos romper esta obra divina ou permitir que alguém o tentasse; pressentimos que os filhos são — sempre devem ser — o novo milagre de conversão, e representam a colaboração dos pais com Deus e de Deus com os pais.

Se voltares a aparecer por aqui antes de que o menino nasça, avisa-nos, pois vários dos nossos amigos querem falar contigo; teríamos essa reunião junto à talha, na minha casa, que é a tua casa.

A minha mulher envia-te uma saudação carinhosa. Desde aquele dia em que visitamos a tua mãe, ela sente-se mais mulher, mais esposa, mais mãe, mais fiel. Voltamos para casa cantando salmos a Deus. Agora, nos momentos difíceis e duros, que não faltam, já quase não olho para a talha: cravo a vista na minha mulher que, com a bênção da fecundidade que recebeu em seu seio, é um verdadeiro recipiente repleto de vida e de amor.

Ela, o menino e eu te esperamos.

Lição: que belas são estas palavras, não é verdade? Como elas nos ajudam a amar Jesus Cristo com todo o nosso coração. Leiamos esta carta muitas vezes. Ela alimentará enormemente a nossa alma.

JESUS CRISTO (7): CARTA DOS ESPOSOS DE CANÁ A JESUS

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