GRATIDÃO: SOMOS BILIONÁRIOS

EVANGELHO – Lc 17, 11-19

Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Ao vê-los, Jesus disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
São Lucas, no Evangelho deste domingo, relata-nos com certo detalhe a cura de 10 leprosos que acodem ao Senhor pedindo um milagre.

Eles pararam à distância e gritaram com força: “Jesus, Mestre, tem pena de nós!”. Nosso Senhor fica com pena deles e os manda se apresentem aos sacerdotes, como estava prescrito na Lei. Eles obedecem e enquanto caminham, ficam curados. Podemos imaginar a alegria que eles sentiram.

Mas, no meio de tanto alvoroço, esqueceram-se de Jesus. Somente um, um samaritano, voltou a Jesus para agradecer-lhe. Provavelmente voltou correndo, pois afinal de contas o milagre era portentoso. S. Lucas conta que voltou: glorificando a Deus em alta voz. E caiu com o rosto por terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe.

Que bom que São Lucas tenha recolhido esta cena da vida de Cristo. Porque ela nos leva a pensar nesta grande virtude que é a gratidão. E ver se temos sido pessoas agradecidas a Deus por todos os seus benefícios que superam de longe – como dizia S. João Crisóstomo – as areias do mar.

Uns anos atrás, na Espanha, convivi com um sacerdote, o Pe. Luis de Moya, que sofreu um acidente de carro e ficou tetraplégico.

Era o ano de 1991. Ele morava na cidade de Pamplona e foi visitar seus pais, que moravam numa cidadezinha perto de Madri. Na viagem, devido ao cansaço, adormeceu ao volante e, quando acordou, já estava no hospital com a trágica notícia de que, entre outras coisas, havia rompido a coluna. Tudo a partir daquele dia mudou em sua vida.

Esteve a ponto de morrer várias vezes. Conheci-o no ano de 1993.  Usava uma cadeira de rodas motorizada e com a cabeça ia controlando todos os movimentos. Tinha uma equipe de pessoas que o acompanha 24 horas por dia. Durante a noite, por exemplo, precisava de alguém que o mudasse de posição na cama. Sua cama era especial para evitar que se formassem escaras. Aliás, já havia passado por sérios problemas com algumas que, mesmo assim, surgiam. Ele mantinha um site na internet e, para escrever as palavras, assoprava um mecanismo que ia compondo as letras. As complicações que enfrentava por ser tetraplégico eram inúmeras e o fato de ter vivido tantos anos nestas condições, foi um milagre. Faleceu no ano…

Com frequência ele era entrevistado. Praticamente todas as vezes lhe perguntavam se já havia pensado em tirar a própria vida. Numa ocasião, deu uma resposta da qual nunca mais me esqueci: “Matar-me, por quê? Eu sou um bilionário que perdi apenas mil reais!”.

Que coisa impressionante! Como é possível que tenha dito isto: “Sou um bilionário que perdeu apenas mil reais”? Depois ele explicava com toda a razão que era um milionário mesmo, pois em primeiro lugar era filho de Deus, e esse é o maior presente que recebeu em sua vida. Depois, em sua alma estavam a graça de Deus e a Santíssima Trindade (a Santíssima Trindade mora em nossa alma quando estamos em estado de graça). E, além disso, Deus lhe tinha dado o sacerdócio, outro presente incomparável. Portanto, dizia ele: “Sou um bilionário! O que são essas perdas comparadas com os presentes que recebi? Nada, praticamente nada!”

Aprendamos com esse sacerdote a agradecer tudo que o que Deus nos deu. Façamos o propósito de não nos queixarmos dos contratempos do dia a dia. Que desagradável é conviver ao lado de pessoas que constantemente se queixam das coisas, que vivem se lamentando. Essas pessoas passam o tempo azedas e azedam a vida dos demais.

Que sejamos pessoas sempre agradecidas, alegres, apesar de todos os pesares! Por quê? Porque somos “bilionários”! Temos bens de valores infinitos: a vida, sermos filhos de Deus, a graça na nossa alma se estamos em estado de graça e junto com ela a presença da Santíssima Trindade, e todos os outros bens que podemos acrescentar a esses.

Essa consciência de que somos “bilionários” pode mudar a nossa vida. Aprofundemo-nos nessa verdade e uma alegria infinita e estável penetrará fortemente em nossa alma. E nunca, nunca, assumiremos o papel de vítima que não tem sentido para quem é um “bilionário”, para quem é um filho de Deus!!!

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