DOUTRINA (24): PECADO (4)

EVANGELHO – Lc 14, 25-33

Naquele tempo: Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: “Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!” Ou ainda: Qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz.
Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus hoje no Evangelho diz umas palavras que chocam à primeira vista: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. O que Jesus está querendo dizer com estas palavras?

Logicamente não é que deixemos de amar os nossos pais, o cônjuge, os filhos etc. O que está dizendo é que as criaturas humanas, aqueles que amamos, não podem ser obstáculo para amarmos a Deus sobre todas as coisas. O amor a um namorado ou namorada, por exemplo, não pode ser obstáculo para ir à missa no domingo. É que me convidou para um churrasco e vou passar o dia num sítio e não vou conseguir ir à missa. Não, isso não pode ser obstáculo para ir à missa. Tenho que encontrar uma solução para não deixar de cumprir o preceito dominical. Outro exemplo: Deus pede que um rapaz se ordene sacerdote. Como os pais tinham outros planos para ele, queriam que ele se casasse, impedem-no de que entre no seminário. Não, isso não pode acontecer. O querer de Deus deve ser o primeiro. Pensemos em que lugar nossos entes queridos estão ocupando e se Deus realmente é o primeiro.

Continuando a nossa série das quartas-feiras sobre a Doutrina Católica, na última vez citamos umas palavras de Nossa Senhora onde ela nos fala que os mandamentos são um mistério e que devemos confiar em Deus e obedecê-los, mesmo que não entendamos a sua razão, o seu sentido. Deus, como Pai, o que quer é a nossa felicidade infinita. Hoje vamos continuar a falar do pecado.

* * *

DISTINÇÃO DOS PECADOS

a) Distinção teológica: é a que existe entre o pecado mortal e o venial.
b) Distinção específica: é a que existe entre pecados de gênero e espécie. Por exemplo: gênero: pecar contra a caridade; espécie: xingar, desejar o mal, agredir etc.
c) Distinção numérica: é o número dos pecados cometidos. Quando a pessoa se acusa na confissão, deve dizer o número dos pecados mortais cometidos. Se isto for muito difícil – porque não é fácil lembrar, porque se passaram muitos anos depois da última confissão, etc. -, deve-se dizer um número aproximado, por exemplo, por volta de duas vezes por mês, durante três anos etc. Não há necessidade de dizer o número dos pecados veniais, somente dos mortais.

CLASSIFICAÇÃO DO PECADO

O PECADO MORTAL

DEFINIÇÃO

É a transgressão deliberada e voluntária da lei moral, em matéria grave. Chama-se mortal porque implica na morte da alma para a vida da graça, já que significa incorrer nos dois elementos constitutivos do pecado: aversão a Deus e conversão às criaturas.

O PECADO MORTAL EM RELAÇÃO A DEUS E AO HOMEM

Em relação a Deus, o pecado mortal significa:
a) gravíssima injustiça contra o seu supremo domínio, pela subversão à sua lei;
b) desprezo da amizade divina, manifestando enorme ingratidão para quem nos encheu de tantos e tão excelentes bens, começando pela própria vida, sendo que Deus não tem culpa de nada e é a Pura Bondade;
c) renovação da causa da morte de Cristo;
d) violação do corpo do cristão como templo do Espírito Santo.

Efeitos do pecado mortal

a) morte da alma porque perde toda a graça acumulada na alma e com isto perde as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo;
b) perda da presença da Santíssima Trindade na alma: quando cometemos um pecado mortal nós expulsamos a Santíssima Trindade da nossa alma;
c) perda dos méritos adquiridos durante a vida;
d) obscurecimento da inteligência, que a própria cegueira do pecado traz consigo;
e) perda do direito à glória eterna; nos torna merecedores do inferno;
f) nos torna escravos do demônio;
g) nos afunda cada vez mais no mal, levando-nos a cometer muitos outros pecados.

CONDIÇÕES PARA QUE HAJA PECADO MORTAL

Para haver pecado mortal, requer-se que a ação reúna três condições: matéria grave; pleno conhecimento e advertência e pleno consentimento.

a) Matéria grave

Matéria grave é tudo aquilo que é incompatível com o amor de Deus (p. ex., blasfêmia, idolatria, aborto, homicídio, pecados contra a castidade etc). Estes pecados nunca podem ser leves.
Há pecados graves, mas que podem ser leves. Por ex: roubo.

b) Pleno conhecimento e advertência

O pecado só é grave se a pessoa tem pleno conhecimento da sua gravidade.
Também a advertência deve ser plena. A advertência se refere a duas coisas:
1) advertência em si própria: é necessário que a pessoa se aperceba do que está fazendo (p. ex., não se adverte inteiramente da ação quem está meio adormecido);
2) advertência da malícia do ato: é necessário ter a advertência – pelo menos, confusa – de que se está fazendo um pecado, um ato mau (p. ex., quem comer carne em dias de abstinência, mas na ignorância absoluta do dia, tem advertência da ação – comer carne -, mas não da sua ilicitude). Devemos também notar que a advertência começa quando o homem se dá conta da malícia do ato: enquanto não tiver essa advertência, não haverá pecado.

c) Pleno consentimento

Por fim, o pecado só é grave se há pleno consentimento da vontade. O consentimento é pleno quando não há nenhuma luta ou houve uma luta no início, mas depois houve a entrega plena ao pecado com toda a liberdade.
Com relação aos pensamentos, há algumas pessoas que têm dúvida se consentiram ou não num pensamento ruim. Consentimos num pensamento ruim se, uma vez que se acendeu a luzinha vermelha de que aquele pensamento é algo ruim, nós livremente, vamos em frente, alimentamos, damos trela a este pensamento
Uma sensação ruim, um pensamento ruim, por pior que seja, não é um si um pecado. O pecado é se eu consinto numa sensação ruim, num pensamento ruim.

Lição: que estas considerações dos pecados nos levem, sobretudo, a lutar com todas as forças contra o pecado mortal. Coloquei no meu site homilias.fecomvirtudes.com.br, no final do texto da homilia, um link com todos os mandamentos e quais são os pecados mortais.

Confissão – Aplicativo – Fé com Virtudes

DOUTRINA (24): PECADO (4)

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