PLANO DA SANTIDADE (19): QUERER LEVAR A TODOS PARA O CÉU

EVANGELHO – Lc 15, 1-10

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar.
Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola:
“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!” Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!” Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
o Evangelho de hoje traz uma das palavras mais bonitas de Jesus onde Ele mostra o seu imenso Amor pelos seus filhos, como Ele está disposto a fazer o que for para salvar-nos. “Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!”

Nestas palavras Jesus mostra-nos que é nosso Pai, nosso Pastor, que cuida de todas as suas ovelhinhas. E que se uma delas se desgarra, afasta-se dEle pelo pecado, vai em busca dela até encontrá-la. E quando a encontra, como diz São Gregório de Niza, não a castiga e nem lhe arrasta violentamente até o redil, mas a leva nos ombros com alegria. E chama os amigos e faz uma grande festa.

Não é verdade que este amor tão grande de Deus por nós, deixa-nos envergonhados de ofendê-lo? Que por amor a Deus, que por amor a Jesus, lutemos contra todo pecado.

Continuando a nossa série sobre o Plano da Santidade, na semana passada vimos a caridade como um caminho claríssimo para irmos em busca da santidade. Hoje vamos terminar esta série falando do apostolado, isto é, da preocupação de ajudar Jesus a levar todas as almas para o Céu.

Se lemos a vida dos santos, vemos como todos, absolutamente todos tinham, como costumamos dizer, um grande zelo pelas almas, como tiveram um grande carinho, um grande amor e preocupação pelas almas. Vemos como foram muito apostólicos, como deram a vida para aproximar muitas almas a Deus.

E, podemos dizer, que o apostolado é fruto de um grande amor a Deus, de um amor que pode chegar a ser uma verdadeira labareda.

Este amor a Deus tem quatro vertentes que nos conduzem a fazer apostolado.

a) primeira vertente: preocupação pelas preocupações de Deus

Quando vai crescendo o nosso amor a Deus, é natural que comecemos a nos preocupar com as suas preocupações. E qual é a maior preocupação Deus: que todos os seus filhos se salvem. De fato, se formos ver o que Jesus disse a respeito do motivo pelo qual veio à terra, Ele dirá: “Eu vim para salvar” (Jo 3, 17; 12, 47). É natural que seja esta a maior preocupação de Deus, pois Ele é nosso Pai e nos criou para a felicidade eterna e não para a condenação eterna.

Como disse, é natural que ao crescermos no amor a Deus, passemos a ter as suas preocupações. Se uma pessoa não tem esta preocupação ou se esta preocupação ainda é muito pequena, é sinal de que seu amor a Deus também ainda é muito pequeno.

b) segunda vertente: o transbordar do amor a Deus e da alegria por termos descoberto a Deus

Quando estamos apaixonados por Deus, quando o nosso amor a Deus transborda, queremos pegar um megafone e falar dEle para todo mundo, não é verdade?

Também quando descobrimos a Deus e vemos que Ele é a razão de ser da nossa vida, que a nossa vida se transformou por tê-lo descoberto, que a partir da sua descoberta passamos a ter uma profunda paz no nosso coração, passamos a ter um profundo sentido da nossa vida, passamos a experimentar uma alegria indescritível, então esta alegria transborda e temos vontade de sair à rua e falar de Deus para todas as pessoas que cruzarem o nosso caminho, principalmente os nossos familiares e amigos.

Meu amor por Deus está transbordando?

c) terceira vertente: dor ao ver os sofrimentos de Cristo

Como já comentamos outras vezes, ver a Paixão de Cristo, tudo o que Ele sofreu e sofre pelo pecado, é de cortar o coração. Descobrindo Jesus na nossa vida, descobrindo todo o seu amor por cada um de nós, passa a doer-nos imensamente ao ver que esta Paixão continua, que Cristo continua a ser flagelado, com aqueles flagelos com pontas de ferro que arrancavam a sua carne, Cristo continua a ser coroado de espinhos, cuspido, crucificado devido aos nossos pecados. Jesus que é a Pessoa mais santa que existe, que todo Amor e não tem culpa de nada, é tratado desta maneira por nós. Doem-nos os nossos pecados e doem-nos muito os pecados destas pessoas que vivem como se Deus não existisse e estão cometendo pecados muito graves e um atrás do outro. E isto nos empurra a fazer um grande apostolado.

d) quarta vertente do amor que nos dá esta sabedoria: saber que quem está afastado de Deus está imerso num grande vazio, numa profunda tristeza, mesmo que não aparente externamente

Só Deus pode satisfazer nossa ânsia infinita de felicidade! Por isso dizia Santo Agostinho esta frase que gosto muito de repeti-la: “Criaste-nos Senhor para ti e nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em ti”. Esta é uma verdade que comprovo a cada dia, depois de mais de 30 anos de sacerdote: só Deus sacia a nossa sede infinita de felicidade!

Como dizia o filósofo ateu e justamente por ser ateu, Arthur Schopenhauer: “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”. A vida das pessoas afastadas de Deus pode ser resumida nestas palavras que acabamos de dizer: “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”.

Lição: agora entendemos porque os santos faziam um grande apostolado, arrastavam milhares de almas para Deus. Tudo é decorrência de um grande amor por Deus. Se não estamos fazendo um grande apostolado, é sinal de que nosso amor a Deus ainda é muito pequeno e de que ainda há muito egoísmo nosso coração, pois é ele que esfria qualquer amor. Procuremos crescer no amor a Deus, fazer muito apostolado e caminhar a passos largos em direção à santidade.

PLANO DA SANTIDADE (19): QUERER LEVAR A TODOS PARA O CÉU

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