EVANGELHO – Jo 16, 16-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. Alguns dos seus discípulos disseram então entre si: “O que significa o que ele nos está dizendo: “Pouco tempo, e não me vereis, e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”, e: “Eu vou para junto do Pai”?” Diziam, pois: “O que significa este pouco tempo? Não entendemos o que ele quer dizer”. Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo; então disse-lhes: “Estais discutindo entre vós porque eu disse: “Pouco tempo e já não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis”? Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. – Palavra da Salvação – Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Não há muita dificuldade para entender o que Jesus está dizendo hoje neste Evangelho. Jesus está falando da sua morte e ressurreição: “Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. No entanto, para os Apóstolos, estas palavras eram obscuras: “Não entendemos o que ele quer dizer”. Deixando esta questão de lado, gostaria que vocês observassem a relação dos Apóstolos com Jesus. Eles eram muito simples. Não tinham nenhuma formalidade com Jesus. Perguntavam o que não entendiam, manifestavam o que lhes passava no coração e na cabeça. Jesus quer que sejamos muito simples com Ele. É o que testemunha Gabrielle Bossis no seu livro. Gabrielle Bossis, falecida em 1950, foi uma atriz de teatro que em determinado momento passou a ouvir Jesus falar com ela. Ora Jesus lhe falava, ora ela se dirigia a Jesus e Ele respondia. Isso durou 14 anos. Este diálogo entre ela e Jesus estão no seu livro “Ele e eu”. Vejamos algumas palavras de Jesus a Gabrielle: 21 de dezembro de 1936. “Comigo sê simples, como em família.” 29 de março de 1940. No campo. Na sala grande eu lhe dizia: Parece-me que Te falo com demasiada familiaridade. Ele me respondeu: “Estamos em família! Nada pode agradar-Me mais”. 18 de março de 1943. Igreja de Le Fresne (…) “Nesta manhã, observavas que muitas plantas crescem muito, antes de dar as suas primeiras flores. Sê tu como elas. Não te canses de te dirigires a Deus com palavras delicadas, dessas que soam como um beijo. Isto não seria audácia, senão simplicidade de criança. Que bom se tu quisesses adquirir esse hábito! Far-Me-ás finalmente esta honra? Pede amanhã a São José que te ensine como viver em família comigo. Põe em suas mãos a tua vida em Mim, e Ele, que é tão terno, te ensinará. Lembra-te frequentemente que pertences à família de Deus”. 9 de dezembro de 1943. Igreja de Fresne (…) Vive conosco em família, com toda a simplicidade, como se vivesses conosco em Nazaré, porque nada de nossa intimidade te fica proibido. Eu vos dou tudo o que possuo e ainda o Amor de Minha Mãe. Assim, quando te sentires só e fraca, entra na intimidade de nós dois, Minha Mãe e Eu. Não é necessário que ninguém te apresente, pois te conhecemos há muito tempo e melhor do que tu te conheces. 30 de junho de 1937. (…) “Que a oração não seja para ti uma fadiga. Por que te desgastas tanto? Tudo deve ser simples, agradável, como uma conversa de família.” Às vezes pensamos que devemos tratar a Deus, por ser infinitamente superior a nós, com formalidade, como um Ser distante. De fato, se fôssemos meras criaturas, deveria ser assim o nosso relacionamento com Ele. Porém Deus, com o batismo, nos elevou à condição de filhos seus. Como dizia São João na sua carta: “Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato” (1Jo 3, 1). Ao dizer que nós somos filhos de Deus, não é uma maneira bonita de considerar a nossa relação com Deus. É a realidade!!! Então devemos tratar a Deus com toda a familiaridade, com toda simplicidade: contar tudo para o nosso Pai-Deus, nossas alegrias, nossas preocupações, como está indo nosso trabalho, as novas amizades que fizemos etc. Reclamar também. Um dia Santa Teresa estava caminhando e conversando com Jesus e, de repente, tropeçou numa pedra e caiu. E aí reclamou com Jesus por não ter alertado sobre a pedra. Jesus a ouviu e lhe disse: “É que às vezes eu permito isso aos meus amigos”. Nisso Santa Teresa respondeu: “Ah… agora entendo por que o Senhor tem tão poucos amigos”!
Lição: Tirar todo formalismo no trato com Deus. Ele é nosso Pai, Ele é nosso amigo íntimo. Tratando Deus assim iremos ganhar uma grande intimidade com Ele, um amor imenso que nos levará a estar junto dEle, a conversar com Ele o dia inteiro e essa será a nossa maior alegria na vida.