EVANGELHO – Lc 12, 49-53
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: como amigo verdadeiro, o Senhor manifesta aos seus discípulos os seus sentimentos mais íntimos. Assim, fala-lhes do zelo apostólico que o consome, do seu amor por todas as almas: Vim trazer fogo à terra, e que quero senão que arda?
É muito bonita esta imagem que Jesus utiliza para mostrar, por um lado, que o seu coração é uma brasa de Amor. Imaginem o fogo de Amor que consome o coração de Cristo. Seu coração arde de amor por nós. Imaginem o pai mais apaixonado pelo seu filho. Agora temos que multiplicar por infinito para termos uma ideia do tamanho do Amor de Deus por nós.
Com esse coração em brasa ardente, qual é o maior desejo de Deus para nós? Fazer-nos imensamente felizes. Porém, seus filhos estavam com um câncer no coração que é o pecado e, mais concretamente, o pecado original que se propagava desde Adão a todos os descendentes. De alguma maneira, todos nós estávamos em Adão e Eva e, por isso, nascemos com o pecado original. É fácil de perceber que nós nascemos com o pecado original, vendo a propensão do homem ao mal. Antes do pecado original, Adão e Eva viviam na graça de Deus e sem nenhuma propensão ao mal. Viviam santamente e sem cometer nenhum pecado, com domínio total das paixões. Porém, bastou cometer o pecado original para causar um estrago gigantesco.
Adão e Eva viviam num paraíso que ainda não era o Céu, mas era maravilhoso. Viviam na graça e na presença de Deus; trabalhavam, mas não se cansavam; não havia doenças, dores, sofrimentos etc. Tinham os dons preternaturais que eram dons especiais que Deus deu para eles e que também os teríamos se não cometessem o pecado original. Os dons preternaturais são três: dom da ciência, tinham a ciência infusa; dom da imortalidade, não morreriam para entrar no Céu; dom da integridade, com este dom tinham o domínio total das paixões. Com o pecado original, a primeira consequência foi a expulsão do paraíso. Com a expulsão, perdemos a união íntima com Deus, perdemos os dons preternaturais, nossa natureza ficou inclinada ao mal. Passamos a ser presas fáceis do demônio. Como castigo o trabalho passou a custar e vieram as doenças, dores e sofrimentos. E, com o pecado, já não podíamos mais ir um dia ao Céu. O pecado torna incompatível a união com Deus que é a Suma Pureza e Santidade. Vejam o estrago do pecado original, além de ser porta para todos os terríveis males que o homem hoje comete.
Assim, com este coração em brasa ardente de Amor por nós, apesar de termos ofendido gravemente a Deus, Deus nunca deixou de nos amar e não via a hora de vir à terra para nos perdoar. E o modo como escolheu fazer isso foi morrendo na Cruz por nós. Deus, neste amor imenso, vem à terra para fazer o que de maior poderíamos fazer para reparar o nosso pecado contra Ele: dar a nossa vida em reparação. Porém, mesmo se fizéssemos isso, isso não seria nada para reparar uma ofensa cometida contra Deus que tem uma dignidade infinita e, portanto, o pecado que se comete contra Deus tem uma dimensão infinita e irreparável. Porém, Jesus virá à terra e assumindo a natureza humana, será o nosso representante, como se todos os pecados recaíssem sobre Ele e Ele daria a sua vida em reparação.
E vejam o amor de Deus incomensurável ao dizer estas palavras do Evangelho de hoje, depois de dizer estas que estamos comentando, “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Então complementa dizendo: “Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra”! Ou seja, Jesus fala que está ardendo de amor por nós e que não vê a hora de sofrer o batismo, no caso aqui este batismo é o batismo de sangue, ou seja, a sua morte na Cruz. Jesus não vê a hora de morrer na Cruz por nós, para nos perdoar e voltar a estar unido a nós.
Quem é capaz de dizer que não vê a hora de morrer por alguém, ainda mais do jeito que Cristo irá morrer, com todo aquele sofrimento planejado e pensado por Ele para mostrar a gravidade do pecado e, ao mesmo tempo, o tamanho do seu Amor.
Lição: Agradecer este amor imenso de Deus por nós e pensar naquela frase de São Josemaria que já disse em outra ocasião: “amor, com amor se paga”. Como retribuir tanto amor de Deus por nós? Dando muito, muito amor a Deus.