CÉU: VALE A PENA CORTAR TUDO QUE NOS SEPARA DELE

EVANGELHO – Mt 13, 44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
que bonitas são estas palavras de Jesus sobre o Reino dos Céus. O Céu é tão especial, tão especial, que quando descobrimos que ele existe, fazemos de tudo para conquistá-lo. Se necessário, abrimos mão de tudo que nos afasta dele. É isso que Jesus quer dizer quando diz em vender todos os nossos bens para adquiri-lo.

Acabei de ler agora umas palavras de Santo Afonso Maria de Ligório no seu livro “Preparação para a morte”. Este livro todo mundo deveria lê-lo. Estou fazendo um resumo dele e depois o disponibilizarei. No trecho que vou citar, ele fala da maravilha que é o Céu. Vejamos:

Depois que a alma entrar para gozar a glória divina, todos os sofrimentos deixarão de existir. Como diz o livro do Apocalipse: “Deus enxugará todas as lágrimas dos nossos olhos, e já não haverá morte, nem pranto, nem gemido, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E o que estava sentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas” (Ap 21,4-5).

No Céu não haverá sucessão de dias e noites, de calor e frio. Será um dia perpétuo e sempre sereno, uma contínua primavera deliciosa e perene. Não haverá perseguições nem invejas porque nesse reino de amor todos se amam com uma ternura infinita, e cada um goza da felicidade dos demais como se fosse a sua.

Desconhecem-se ali as angústias e os temores porque a alma confirmada na graça já não pode pecar nem perder a Deus. Todas as coisas possuem uma renovada e completa formosura (Ap 21,5), e todas satisfazem e consolam. Os nossos olhos deslumbrar-se-ão na admiração desta cidade de perfeita beleza. Que delicioso espetáculo seria vermos uma cidade cujas ruas fossem calçadas de granito e límpido cristal e cujas casas fossem feitas de prata e com telhados de ouro puríssimo e ornadas de grinaldas de flores… Infinitamente mais bela é a cidade da glória!

Como será agradável ver os seus felizes moradores vestidos com pompa real, porque, segundo diz Santo Agostinho, todos lá são reis! Que prazer será contemplar a Virgem Santíssima, mais bela que o próprio céu; e o Cordeiro imaculado, Nosso Senhor Jesus Cristo, divino esposo das almas! Santa Teresa conseguiu ver, certo dia, apenas uma das mãos do Redentor e ficou maravilhada à vista de tanta beleza…

Nas moradas celestes nos deliciaremos com suavíssimos perfumes, aromas de glória, e se ouvirão músicas e cânticos de sublime harmonia… São Francisco ouviu, certa vez, por breves instantes, a execução dessa harmonia angélica e julgou morrer de dulcíssimo prazer… O que será, então, ouvir a audição de todos os coros de anjos e santos, que, conjuntamente, cantam as glórias divinas (Sl 83,5), e a voz puríssima da Virgem Imaculada que louva o seu Deus?! Como o canto do rouxinol num bosque excede e supera ao das demais aves, assim é a voz de Maria no céu. Numa palavra: haverá na glória todas as delícias que se podem desejar.

Mas esses prazeres até aqui considerados são apenas os menores. O alegria suprema da glória é Deus. A recompensa que o Senhor nos promete não consiste unicamente na beleza, na harmonia e nos encantos daquela cidade bem-aventurada; a recompensa principal é o próprio Deus, é ser amado e contemplado por Ele face a face (Gn 15,1). Assegura Santo Agostinho que, se Deus mostrasse seu rosto aos condenados, “o inferno se transformaria de súbito em delicioso paraíso”. E acrescenta que, se fosse dada a uma alma, ao sair deste mundo, a escolha de ver a Deus, ficando no inferno, ou ficar fora do inferno, mas não vê-lo, “preferiria, sem dúvida, a primeira opção: ficar no inferno, experimentar os tormentos eternos, mas ver a Deus continuamente”.

Não podemos compreender totalmente neste mundo a felicidade indizível que significa ser amado e contemplado face a face por Deus. Procuremos, porém, imaginá-la de alguma maneira, considerando que o amor de Deus, mesmo na vida mortal, chega a arrebatar não somente a alma dos santos, mas até o seus corpos. São Filipe Néri foi uma vez arrebatado para Deus juntamente com o banco em que estava sentado. São Pedro de Alcântara elevou-se também sobre a terra abraçado a uma árvore, cujo tronco separou-se da raiz. Os santos mártires, embebidos do amor de Deus, regoziram-se no meio dos seus atrozes padecimentos. São Vicente, durante o seu martírio, falava com tanta doçura — diz Santo Agostinho — “que não parecia ser o mesmo que estava falando e o que estava sofrendo”. São Lourenço, estendido sobre as grelhas, sendo queimado pelo fogo, dizia ao tirano com assombrosa serenidade: vira-me e tosta-me do outro lado”. Santo Agostinho dizia que São Lourenço era capaz de dizer isto, pois estava “inundado pelo amor de Deus e assim não sentia o fogo material que o devorava”.

Se aqui na terra já sentimos uma inefável consolação sentindo nossa alma desfalecer de amor quando experimentamos na oração um pouco da bondade e da misericórdia divina, sendo que aqui neste mundo não vemos a Deus tal qual é, mas entre sombras, o que sucederá, porém, quando desaparecer essa venda e se rasgar este véu que nos separa de Deus e nossos olhos virem quanto Deus é belo, quanto é grande e justo, perfeito, amável e amoroso? (1Cor 13,12).

Lição: conquistar o Céu é a grande finalidade desta vida. Sigamos o conselho de Jesus desfazendo-nos de todos os bens, isto é, cortando tudo aquilo que nos afasta do Céu, para conquistá-lo.

CÉU: VALE A PENA CORTAR TUDO QUE NOS SEPARA DELE

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