EVANGELHO – Jo 16, 20-23a
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. A mulher, quando deve dar à luz, fica angustiada porque chegou a sua hora; mas, depois que a criança nasceu, ela já não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo. Também vós agora sentis tristeza, mas eu hei de ver-vos novamente e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Naquele dia, não me perguntareis mais nada.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Jesus no Evangelho de hoje nos dá um exemplo de dor que se converte em alegria: a dor da mulher que está para dar à luz. Este exemplo nos ajuda a continuar a nossa reflexão sobre a alegria no sofrimento citando o Padre Francisco Faus.
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O Amor de Deus, o Espírito Santo, foi simbolizado em Pentecostes pelo fogo que ilumina, acende e purifica. O sofrimento, o fogo que queima, purifica a nossa alma como o ouro é purificado pelo cadinho.
São Tiago, por exemplo, diz que os cristãos saem das provações, amadurecidos e aperfeiçoados (cf. Tg 1, 2-4).
Três meses antes de falecer, São Josemaria fazia oração diante de Jesus no Sacrário, lançando um olhar retrospectivo à sua vida, e dizia: «Um olhar para trás… Um panorama imenso: tantas dores, tantas alegrias. E agora, posso dizer que tudo são alegrias. Porque temos a experiência de que a dor é o martelar do Artista, que quer fazer de cada um, dessa massa informe que nós somos, um crucifixo, um outro Cristo». Ou seja, São Josemaria, fazendo uma retrospectiva da sua vida, viu como tudo foi para o bem, como Deus tirou o bem de toda dor, de todo sofrimento.
Voltemos ao cardeal Van Thuân, uma alma a quem o sofrimento injusto não o encolheu, mas dilatou o seu amor pelo próximo, inclusive por aqueles que o faziam sofrer. Veja, por exemplo, um diálogo entre o seu carcereiro e ele, prestes a ser libertado:
– O senhor nos ama verdadeiramente?
– Sim, eu os amo sinceramente.
– Mas nós o mantivemos preso durante tantos anos, sem julgá-lo, e o senhor nos diz que nos ama? É impossível, isso não é verdade!
– Estive muitos anos com vocês e você viu e pôde comprovar que isso é verdade.
– Quando for libertado, você não vai mandar os seus fiéis incendiar as nossas casas e matar as nossas famílias?
– Não, de modo nenhum.
– Mas, por quê?
– Porque Jesus me ensinou a amar a todos, mesmo aos inimigos. Se eu não amar meus inimigos, não sou digno de ser chamado cristão.
– É muito bonito o que o senhor diz, mas é difícil de compreender…
Passemos agora a uma menina. Montserrat Grases, ainda estudante, descobriu a sua vocação ao Opus Dei, e se entregou a Deus com alegria. Pouco depois, foi-lhe diagnosticado um sarcoma incurável numa perna, e veio a falecer após um longo itinerário de meses de sofrimento aceito com um sorriso.
Um irmão seu, que depois se tornou sacerdote, deu o seguinte testemunho:
«A sua Cruz foi muito dolorosa. Às vezes comentam-me, quando a recordam tão alegre e tão feliz, que ela sentia até gosto no meio da dor… Não, isso não é verdade. Falar assim poderia soar a masoquismo, porque aquilo não era uma dor convertida em gosto; era uma dor convertida em amor, e em luta para poder continuar a ser fiel a si mesma, a nós e a Deus, mas continuava a ser uma dor que a dilacerava, que a desfazia. Sofreu – eu o vi – tremendamente: mas era uma luta apaixonada, no meio da dor, para encontrar Cristo Crucificado. Em meio a essa dor, junto de Cristo, nunca esteve só. Se Deus está ao meu lado – pensou – e me pede isto, será porque é possível; e se Ele o quer, Ele me ajudará… Montse, graças à dor, deu-nos o melhor de si mesma».
Quero terminar este capítulo pedindo a Deus que nos ajude a realizar na nossa vida essa maravilha: manter a alegria no meio da dor, para podermos dar aos outros o melhor de nós mesmos.
E, para conseguir isso, que Deus nos faça compreender, num mundo que foge com horror da Cruz, o que diz o livro da Imitação de Cristo: «Somente os servidores da cruz encontram o caminho da felicidade e da verdadeira luz» (Liv. 3, cap. 56).
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Pensemos nisso!!!