ALEGRIA: DEPENDE DE QUAL ESTRELA ESTOU SEGUINDO

EVANGELHO – Jo 6, 44-51

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: “Todos serão discípulos de Deus”. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
No Evangelho de hoje, Cristo continua o discurso da Eucaristia. Jesus volta a dizer: Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.

O que Jesus está dizendo é muito claro, não é verdade? Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. Ou seja: Ele realmente será o nosso pão, o nosso alimento. Que loucura não é verdade? É que o amor de Deus por nós é indizível. Somos meras criaturas, mas Deus faz de tudo para fazer suas criaturas felizes. E isto nos leva a pensar nas raízes da alegria e continuar a citar Dom Rafael. Hoje, fazendo alusão à estrela que mencionamos ontem, ele dirá que há três possíveis tipos de estrela. Vejamos.

* * *

A ALEGRIA: UM CRITÉRIO PARA CLASSIFICAR OS HOMENS

Compreende-se assim que a alegria seja um dos critérios mais seguros para estabelecer uma divisão fundamental no gênero humano. Há mais verdade — um valor mais autêntico — onde há mais alegria. O valor de uma personalidade mede-se pela altura, profundidade e duração das suas alegrias.

Poderíamos, assim, determinar três grandes grupos: os homens que têm uma estrela definida: são os homens que vivem uma alegria permanente; os homens que perderam a sua estrela: são os homens tristes, negativos, pessimistas; e, por último, os homens que seguem estrelas cadentes, meteoros: homens flutuantes, de alegrias passageiras e intermitentes.

Os homens com estrela são aqueles que enxergam no firmamento da sua alma a estrela da vocação, que representa sempre um sentido definitivo para a sua vida e, portanto, um norte, um ideal, uma esperança. Essa esperança no futuro é a grande consoladora do presente porque, como escreve São Tomás, a autêntica alegria é como um antecipado sabor da felicidade eterna, limiar de um júbilo que não há de terminar nunca, penhor e garantia que confirma o coração na sua esperança de terminar um dia mergulhado na própria fonte inesgotável da alegria.

Estes são os homens a quem dedicaremos mais adiante a nossa maior atenção.

Os homens sem estrela são os sem-destino. A alegria da existência perde-se quando o seu rumo se desvanece. Porque, como escreve Dostoievski, “o segredo da existência humana consiste não apenas em viver, mas também em encontrar um motivo para viver”. E que motivo há para viver quando se pensa que tudo vai acabar entre as escuras paredes de um mísero túmulo? É por isso que Albert Camus — paradoxalmente considerado o grande cantor da alegria mundana — nos diz que “a existência humana é um perfeito absurdo para quem não tem fé na imortalidade”.
Os homens sem estrela são sempre homens com uma forte predisposição para a depressão ou melhor, na expressão característica de Sartre, são homens “nauseados” da existência, criaturas fadadas impreterivelmente à tristeza.

E há por fim os homens que seguem estrelas cadentes. A grande maioria das pessoas guia-se por cometas de consistência gasosa, transeunte… Muitos já tiveram em determinados momentos da sua vida algumas dessas experiências: a festa que tanto os atraiu e terminou melancolicamente; essa passagem do amor romântico para as responsabilidades rotineiras do lar; um êxito longamente esperado que termina no esquecimento de todos; o tédio depois da explosão sexual; a saída de um cinema ou de uma reunião alegre num domingo à noite, quando uma lufada de ar fresco lhes diz: amanhã, segunda-feira, a monotonia de sempre…

Alegrias que animam e decepcionam. Pobres alegrias humanas que são como um passarinho…, um frágil passarinho que aninhamos na concha das mãos, zelosamente protegido contra tudo o que possa perturbá-lo, e que, de repente, por qualquer motivo banal — um movimento precipitado, um pequeno ruído, um vento leve —, alça voo, deixando na concha vazia das nossas mãos a tristeza da sua ausência irreparável. Como é frágil a nossa vida quando a alegria pode desaparecer a qualquer momento — com um piscar de olhos da nossa saúde ou do nosso sucesso —, como um passarinho assustado.

Sem dúvida, uma parte substancial do gênero humano vive dessas alegrias passageiras como cometas, atrativas e, nessa mesma medida, decepcionantes.

* * *

Sigamos o conselho de Dom Rafael e pensemos se somos homens que têm uma estrela definida, a clareza de uma vocação, de um chamado, de um propósito divino ou se somos homens que perderam a sua estrela ou seguem estrelas cadentes.

ALEGRIA: DEPENDE DE QUAL ESTRELA ESTOU SEGUINDO

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