EVANGELHO – Lc 14, 1.7-11
Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: “Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: “Dá o lugar a ele”. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar.
Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: “Amigo, vem mais para cima”. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: O Evangelho de hoje nos conta que Jesus foi almoçar na casa de um dos chefes dos fariseus e que Ele notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Isso dá margem a Jesus a apontar para um defeito que é a vaidade, esta preocupação de aparecer, de brilhar, de ocupar os primeiros lugares.
A vaidade, que é o excesso de preocupação com a própria imagem, deve ser combatido por uma série de motivos. Um deles é porque ela é a causa da tensão nervosa.
Conversando com as pessoas no meu trabalho de direção espiritual, vejo que muitas delas se queixam de que não dormem bem, de que vire e mexe o pescoço fica duro, de que a coluna trava de vez em quando, de que estão com gastrite etc. E vejo que, cientes disso, procuram fazer uma academia de ginástica para relaxar, viajar de vez em quando, e até, quando necessário, tomam algum ansiolítico. Vão vivendo dessa maneira, aos trancos e barrancos.
O que essas pessoas precisariam saber é que há um defeito que está por trás da tensão nervosa, e esse defeito se chama vaidade.
Isso mesmo!!! A vaidade é a principal causa do alto consumo de Rivotril, Lexotan, de doenças como a gastrite, de moléstias como o endurecimento do pescoço, do sono prejudicado à noite etc.
É que a vaidade é um defeito que poucos conhecem com profundidade. Muitos associam a vaidade ao cuidado excessivo com a aparência. De fato, essa é uma manifestação concreta da vaidade, mas ela vai muito além disso.
Poderíamos definir a vaidade como o excesso de preocupação com a imagem pessoal. Excesso de preocupação: em ficar bem diante dos outros; em ficar bem diante do chefe; em ficar bem diante dos amigos, das amigas; com o que os outros vão pensar, vão dizer; com o fato de alguém gostar ou não gostar etc.
O resultado disso é que a pessoa vaidosa: não vive em paz; cobra-se muito; não admite erros, gafes; fica presa a um asfixiante perfeccionismo etc.
A verdade é que há um tipo de temperamento, que é um conjunto de características inatas da personalidade, suscetível a esses problemas. É o temperamento da pessoa certinha e muito responsável. As pessoas que nascem com esse temperamento, carregam junto uma vaidade oculta. Mas também há pessoas que, mesmo não tendo esse temperamento, desenvolvem a vaidade na sua personalidade.
Para estas pessoas, se não houver um forte combate contra a vaidade, nunca será possível relaxar, por mais exercícios e passeios que façam, por mais filmes que vejam para se distrair, por mais medicamentos que tomem.
No combate à vaidade, só há um caminho: o desprendimento da própria imagem. Lembro-me de um amigo filósofo e educador que, ciente desse defeito nos filhos, propôs um dia a seus filhos o seguinte desafio: estudar muito para a próxima prova e tirar dois. Quando eles ouviram isso, reagiram, cada um, de uma forma. Não é preciso dizer que o filho mais vaidoso e certinho se recusou terminantemente a fazer aquilo. Mas esse amigo soube convencer este filho e os outros. Aquela experiência ficou muito marcante na vida deles, uma experiência de desprendimento da própria imagem.
Para o desprendimento da imagem, sugiro: arriscar e perder o medo de errar; cortar os pensamentos que levam a dar volta em si: se fiquei bem, se não fiquei bem, se gostaram, se não gostaram etc; pensar que o mais importante não é ser perfeitinho, mas fazer o bem. Que o foco não seja “ficar bem”, mas “fazer o bem”; no trabalho: não estar preocupado em receber elogio do chefe, mas em tornar o trabalho uma ocasião de fazer um bem à sociedade. O ser humano não vive neste mundo para receber aplausos, mas para amar. Amar a Deus, ao próximo e a si mesmo.
Saibamos combater a vaidade e nossa vida se encherá de uma profunda paz.