EVANGELHO – Mt 11, 25-27
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.
Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: No Evangelho de ontem Jesus, como vimos, fala da dureza de muitos corações que não se abrem diante das manifestações evidentes da sua divindade através dos milagres que vai realizando. E hoje, Jesus louva ao Pai pela sabedoria dos pequeninos que abrem seu coração para Deus vendo seus sinais, ouvindo sua palavra.
Penso que hoje, ao ver Jesus louvar os pequeninos, isto é, os humildes, é uma grande oportunidade para falarmos do maior defeito de todos que é a soberba.
A soberba é o pecado que levará os nossos primeiros pais a caírem no pecado original. Adão e Eva cederam à tentação do demônio que lhes disse que se comessem do fruto da árvore do bem e do mal seus olhos se abririam, seriam como deuses, conhecedores do bem e do mal.
Sereis como deuses! (Gn 3, 5) Essa foi, e continua a ser – hoje, aliás, em grande escala -, a mentira com que o demônio, “pai da mentira” (Jo 8, 44), quer dominar o mundo dizendo: “Nada disso! Não façam caso de Deus! Aliás, será que Ele existe? Esqueçam! Vocês podem ocupar o seu lugar e decidir, com a sua liberdade, o que é o Bem e o que é o Mal. Não deixem que a crença em Deus, nem os seus mandamentos, lhes atrapalhem a liberdade”.
O orgulho, a autonomia da criatura que descarta Deus, continua sendo a grande tentação do demônio tentando convencer-nos que a religião, os mandamentos divinos, a Igreja, a moral cristã já estão superados ou são invenções de mentes perturbadas.
A soberba, cujo sinônimo é orgulho, tem vários níveis indo de 1 a 10. Nos níveis mais inferiores julga-se superior aos demais em escalas diferentes. No nível mais alto declara guerra a Deus e a toda religião. Esta é a soberba do demônio.
O julgar-se superior aos demais muitas vezes não é consciente. Vamos notar este defeito nas suas manifestações. Quais são, então, as manifestações principais da soberba? São estas: impaciência, teimosia, desprezo, críticas constantes, cair em frequentes discussões, não pedir desculpas, nunca aceitar que estamos errados, não perdoar, guardar mágoas, achar com frequência que o que fazemos é melhor do que o que os outros fazem, falar de si mesmo etc.
Unidos à soberba estão também dois defeitos: a vaidade e o egoísmo. A pessoa vaidosa é aquela que se preocupa muito com sua imagem: se ficou bem, se não ficou bem, se gostaram, se não gostaram, se é admirada, reconhecida, fica muito triste se foi desprezada, quer chamar atenção etc. Numa palavra: é uma pessoa muito centrada em si mesma. A pessoa egoísta é aquela que está muito centrada no seu mundo. Esquece dos outros porque está centrada em si mesma: na sua profissão, no seu descanso, no seu bem-estar, no seu prazer etc.
Penso que estas palavras já dão matéria suficiente para refletirmos bastante. Será que sou uma pessoa soberba? Em que grau está a minha soberba o meu orgulho?
Que propósito nós podemos tirar desta reflexão? Lutar com todas as forças contra a soberba. Seus efeitos são destruidores. Há muitas formas de lutar contra a soberba, mas hoje quero dar apenas um caminho: aceitar as críticas que as pessoas que nos querem bem fazem a nós: um familiar, um amigo, o chefe bem-intencionado etc.
Abrir-se às críticas é dar no cravo da soberba, pois o soberbo julga-se dono da verdade.