VOCAÇÃO: SEGUIR A ESTRELA, MAGOS

EVANGELHO – Lc 1, 46-56

Naquele tempo: Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Seguindo a adaptação da Novena de Natal do Padre Faus, hoje gostaria de falar sobre os Reis Magos e, mais concretamente, sobre seguir a estrela da nossa vida.

* * *

Dentre as figuras do Presépio, hoje vamos escolher os Magos. Podemos vê-los – ou imaginá-los – no caminho que leva para Belém. São homens sábios, homens de ciência e estudo, conselheiros de reis (talvez por isso os chamamos Reis Magos), que vêm de longe, da banda do Oriente, montados em camelos e com acompanhamento de pajens. Diante deles, marcando o rumo – agora que já estão quase chegando – brilha uma estrela, com fulgores prateados. É a mesma estrela que os fez empreender a sua longa caminhada.

Vale a pena lembrar que o Evangelho resume assim aquela incrível viagem: Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém. Perguntaram eles: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo”. Percebemos que a primeira coisa que dizem é que aquela longa viagem foi feita porque viram “a sua estrela”, e que ela lhes indicou um rumo e uma meta: ir ao país dos judeus para adorar o Rei de Israel, o Messias Filho de Deus, que é Rei do mundo inteiro.

Quantas coisas não há para meditar nessa frase tão breve que os Magos disseram ao chegar! Acho que, para obtermos fruto, bastaria que aprofundássemos nos dois verbos – apenas duas palavras – que resumem tudo o que aconteceu com eles: VIMOS e VIEMOS.

Que Deus nos conceda luz para entendermos também a riqueza da mensagem que Ele nos dá através do exemplo dos Magos.

Eles dizem: Vimos a sua estrela! Era o sinal da vinda do Messias, que fazia mais de mil anos já fora anunciado pelos profetas. E disso, no Oriente, muitos tinham ouvido falar. Uma estrela sai de Jacó, um cetro levanta-se em Israel.

Vocês acham que foi fácil ver a estrela? Não digo ver com os olhos, pois foi precisamente por perceberem a cintilação de uma estrela nova que ficaram intrigados, pesquisando e perguntando-se o que seria aquilo. Difícil foi querer ver mesmo, quando o significado da estrela ia ficando claro. Porque era uma estrela que anunciava e chamava; que mostrava e pedia; que era luminosa, mas comprometia.

Claro! Era mesmo uma chamada de Deus! Mostrava-lhes o roteiro de Deus: o caminho que Deus desejava que eles percorressem.

Sim. Para os Magos foi uma chamada, e agora é uma chamada e uma mensagem para nós. Do alto do céu do Presépio, Deus parece dizer-nos: “Por acaso você pensa que não tem estrela? Acha que Eu não conto com você nos meus planos? Pensa que há algum filho de Deus que não tenha um chamado e uma missão a cumprir nesta terra? Ou será que você veio à toa e sem finalidade a este mundo?”

É verdade. Cada um de nós tem a sua estrela. Como é importante vê-la!, porque só então se enxerga o sentido da vida. A estrela é a minha vocação, e a sua luz esclarece a missão que eu devo cumprir, a que Deus me confiou, e espera que eu não falhe.

Quando descobrimos a estrela, fica claro o sentido da nossa existência: todas as peças da vida – como as pedras de um mosaico – passam a ocupar o seu lugar: as alegrias e as tristezas, o passado e o presente, os sonhos, o trabalho, o amor, as dificuldades, tudo…, tudo fica mais claro e se harmoniza. Mas se não sabemos qual é a nossa estrela, essas peças não passam de um amontoado de cacos embaralhados.

Que Deus nos livre da cegueira espiritual e da desorientação, e abra os nossos olhos à luz que deve guiar a nossa vida.

Vejamos um exemplo. Quando um casal cristão descobre que o seu casamento é uma vocação, e que o próprio Deus lhes confiou uma grande missão – a bela missão de fazer, de edificar uma família –, esse casal viu a estrela. Em qualquer momento de crise, de dificuldade ou de cansaço, o coração lhes dirá: “Olha para a estrela. Ela te marca o caminho. Deus te chama. Sê fiel à tua estrela!”

Mas, vocês acham que a estrela se vê sempre? Não foi isso o que aconteceu com os Magos. Viram a estrela no Oriente. Perceberam o que ela indicava, e não desviaram disso o coração. Prepararam logo a viagem – que ia ser longa e penosa – e começaram a caminhar. A estrela marcou-lhes inicialmente a direção, revelou-lhes o destino, estimulou-os na partida, mas depois desapareceu…

Eles, porém, como tinham captado a mensagem de Deus, não hesitaram e continuaram a caminhar. E o caminho foi longo e áspero. Passaram por desertos sem uma gota de água. Passaram por montanhas escarpadas, cheias de gelo, neve e abismos ameaçadores. Muitas vezes dormiram ao relento, comeram mal, passaram frio e tiveram medo.

E, por serem humanos, tiveram a tentação de desistir. Pensavam: “Será que vimos claro, que não houve engano?” Outras vezes: “Será que vale a pena?” Outras: “Será que Deus pode pedir-nos tanto sacrifício? Por quê? Para quê?”…

Mas continuaram a caminhar, mesmo sem ver nada…

Perseveraram até o fim. Sabiam bem qual era o rumo da estrela. Não quiseram vacilar. Não traíram a estrela! Não a traíram!

Acho que todos sentimos que hoje, mais uma vez, temos muito que pensar. Quantas coisas não nos sugere o exemplo dos Magos! Que Jesus, Maria e José nos ajudem a ser homens e mulheres que sabem ver e ir. Peçamos a graça, mais preciosa do que todas as joias do mundo, de viver na presença de Deus e dos homens dizendo sempre: viemos, quer dizer, “estamos fazendo isto ou aquilo e nos comportamos assim por uma razão muito simples: porque vimos, porque vimos a estrela e entendemos qual é a nossa vocação e a nossa missão nesta terra…”

Ó Deus, que revelastes o vosso Filho aos Magos guiando-os pela estrela, concedei aos vossos filhos e filhas que já vos conhecem pela fé, seguir os caminhos que o vosso amor lhes marca, e contemplar-vos um dia face a face no Céu.

VOCAÇÃO: SEGUIR A ESTRELA, MAGOS

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