VIRTUDES HUMANAS (25): MANSIDÃO (2)

EVANGELHO – Lc 21, 29-33

Naquele tempo: Jesus contou-lhes uma parábola: “Olhai a figueira e todas as árvores.
Quando vedes que elas estão dando brotos, logo sabeis que o verão está perto.
Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade, eu vos digo: tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus termina o Evangelho de hoje ajudando-nos a saber quando estaremos no fim dos tempos. Jesus utiliza o exemplo da figueira que quando está dando brotos, os seus frutos estão próximos. Numa outra homilia falamos dos sinais dos tempos. Nós sabemos quais eles são vendo as palavras de Jesus ao falar do fim dos tempos e vendo as profecias referentes a este período da história. É bonito que Jesus termine dizendo que suas palavras não passarão. Ou seja, suas palavras são perenes, são para todos os homens de todos os tempos. Estas palavras devem ser conhecidas por todas aquelas pessoas que dizem que a Igreja precisa evoluir. No que é passível de evoluir, não há nenhum problema em evoluir. Mas em tudo aquilo que é referente ao certo e ao errado, à moralidade, aos mandamentos, estas verdades são perenes.

Continuando a nossa série sobre as virtudes humanas, na semana passada falamos sobre a mansidão. Hoje vamos continuar e terminar. Vimos que a mansidão está relacionada com o domínio da ira ruim. Vejamos melhor isto.

* * *

Como combater a ira ruim?

Vivendo a virtude da mansidão, que não é a virtude dos fracos, mas dos fortes. Só uma alma forte, que está com Deus, pode segurar as rédeas desse cavalo indômito da ira.

A) Com a humildade. Jesus nos marca o caminho certo: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis repouso para as vossas almas (Mt 11,29). Já vimos que a humildade é o “húmus” fecundo de todas as virtudes.

Pode ter mansidão a pessoa amante do bem e da justiça que não olha os outros de cima para baixo, que não os despreza, porque bem sabe que ele – se Deus não o amparar – pode cair nos mesmos ou piores erros. A Bíblia, no livro dos Provérbios, diz: A ira não tem misericórdia (Pr 27,4). A mansidão é inseparável da misericórdia.

Isso não significa que não se deva corrigir; mas sem precipitação, deixando a indignação esfriar, e seguindo os conselhos das almas experientes e santas: «Quando é preciso corrigir, deve-se atuar com clareza e amabilidade; sem excluir um sorriso nos lábios, se for oportuno». «Repreender? … Muitas vezes é necessário. Mas ensinando a corrigir o defeito. Nunca por um desabafo do teu mau caráter» (Sulco, nn. 823 e 822).

B) Lutando por praticar atos de autodomínio.

Atos que não se fazem sem mortificação. Mais uma vez soa aos nossos ouvidos: «Onde não há mortificação, não há virtude» (Caminho, n. 180).

a) A primeira mortificação é calar. «Não repreendas quando sintas a indignação pela falta cometida. — Espera pelo dia seguinte, ou mais tempo ainda» (Ibidem, n. 10). É um pensamento já citado, mas que aqui vem a calhar.

b) Depois, pedir a Deus, como aquele jovem empresário: «Jesus, que eu faça boa cara» (Ibidem, n. 626).

c) Sempre, lutar para exercitar a mansidão esforçando-nos por fazer atos análogos aos que sugere Caminho: Dizer a palavra acertada (e não a palavra ardida sobre a ferida); ter um sorrido amável para quem incomoda; calar ante um mal-entendido sem transcendência; manter conversa afável com os maçantes e os inoportunos; não dar importância cada dia a um pormenor ou outro, aborrecido e impertinente, das pessoas que convivem conosco… (n. 173) . E, no trânsito, não olhar para o rosto de quem fez barbeiragem e quase bateu no nosso carro (porque, sem ver a cara, é difícil ter raiva).

d) Corrigir nossos maus hábitos pessoais de desabafo, reclamação, protesto, e evitar os comentários negativos.

e) Por fim, nunca esqueçamos que “ter razão” não é motivo para irar-se com as pessoas nem de ficar com raiva delas. Procure gravar esta verdade: «Ninguém foi ao Céu por ter tido razão. Pelo contrário, por ter compreendido, perdoado, corrigido do modo certo e ter ajudado, muitos se salvaram».

Questionário sobre a mansidão

─ Perco a calma com facilidade, caindo em reações desproporcionadas? Percebo que a ira é, com frequência, um reflexo das nossas próprias fraquezas, especialmente do nosso egoísmo, do comodismo e da nossa falta de paciência?

─ Tenho reações bruscas, de cólera? Compreendo que a ira é uma fraqueza própria de uma pessoa que não luta por dominar as suas paixões?

─ Evito agredir os outros com comentários ferinos ou censuras ásperas?

─ Vejo claramente que a origem de muitas irritações é com frequência o orgulho, a dificuldade em aceitar pequenas humilhações ou contradições com humildade de coração?

─ Procuro ser generoso e sacrificado com os outros, estando mais inclinado a calar e rezar do que a repreender e criticar?

─ Estou disposto a lutar para ganhar um profundo espírito de misericórdia, imitando a mansidão de Cristo?

─ Esforço-me por ser compreensivo com os defeitos e limitações dos outros, e, ao mesmo tempo, procuro ser forte para corrigi-los com paz e afeto, buscando – sem arrogância –ajudá-los a melhorar?

─ Na vida em família, corrijo os filhos asperamente, só quando estou irritado, descuidando o diálogo sereno, paciente e perseverante, que é o meio mais eficaz de corrigi-los e ajudá-los?

─ Dou-me conta de que perder as estribeiras é próprio de almas fracas, e, pelo contrário, viver a mansidão exige muita fortaleza?

─ Fico indiferente perante as injustiças, as mentiras, as injúrias contra Deus, os Santos, a Igreja, as pessoas e instituições honestas? Compreendo que a “santa indignação” é virtude própria do autêntico cristão?

─ Tenho consciência de que a indignação não poderia ser santa se me levasse ao ódio ou raiva dos que agem mal, pois o cristão deve detestar e combater o erro, mas amar os que erram?

Lição: que interessante é ver que a mansidão é virtude dos fortes e não dos fracos. Que estas palavras sobre esta virtude nos ajudem a refletir e a crescer nesta virtude que é tão importante para a paz na família e no mundo.

VIRTUDES HUMANAS (25): MANSIDÃO (2)

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