VIRTUDES HUMANAS (17): PACIÊNCIA (7)

EVANGELHO – Mt 10, 16-23

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Jesus continua a dar instruções a respeito da evangelização que está encarregando os apóstolos. Hoje lhes alerta que eles serão perseguidos e odiados por causa do seu nome. De fato, se Jesus foi perseguido e odiado, porque nós, que somos seus discípulos, não sofreremos as mesmas coisas? A verdade é que cada vez que sofremos uma parte do que Cristo sofreu por dar testemunho do que nos ensinou, nossa alma se enche de alegria. Sentimos a alegria de estar dando a vida por Cristo.

Dando continuidade à nossa série sobre as virtudes e, concretamente, sobre a paciência, na semana passada vimos alguns exercícios de paciência. Veremos agora alguns exemplos desta virtude em alguns santos. É o Padre Francisco Faus quem continua a falar no seu livro “A Paciência”. Ele vai citar em primeiro lugar São Josemaria, pois viveu com ele vários anos na mesma casa. Vejamos o que ele diz.

* * *

Mesmo sem conhecermos muitos detalhes, todos nós tínhamos noção das dificuldades grandes que São Josemaria tivera e tinha que enfrentar para levar o Opus Dei para a frente. Sabíamos em parte, ou imaginávamos saber, o calibre das suas provações e sofrimentos (…): incompreensões dolorosas, incríveis calúnias, perseguições, carência absoluta de meios materiais… Contradições brutais, que acabaram por deixar a sua marca na sua saúde. Desde os anos quarenta, de fato, passou a ter uma grave diabete mellitus, mas que ficou desconhecida para a maior parte de nós. Somente as pessoas mais próximas o sabiam. Se alguém nos perguntasse: – “Como vai a saúde de São Josemaria?”, teríamos respondido, com a maior naturalidade: – “Ora, graças a Deus, vai muito bem”.

E, com efeito, era assim mesmo que víamos o Fundador: muito bem. Todos os dias nos deixava a imagem de um homem cheio de Deus, transbordante de alegria e de dinamismo.

Por isso, a todos nos surpreendeu, como um choque inesperado, a notícia de que tivemos conhecimento na primavera de 1954. São Josemaria, no dia 27 de abril, estivera a ponto de morrer. Uma crise de saúde muito forte só não o levara por um triz.

Perguntávamo-nos, no primeiro momento, que tipo de achaque podia tê-lo acometido. Nem nos passava pela mente a ideia de que foi uma crise devida à diabete. Como mencionei, nada notávamos. São Josemaria de nada se queixava nem com a palavra nem com a expressão do rosto.

Assim descreve um biógrafo seu o que na realidade se estava passando naquele período:

“Trabalhava e mexia-se como se estivesse bem de saúde: sem o cansaço que o medo produz, livre da psicose de febre que com frequência excita os enfermos ou os deprime. Para o caso de que chegasse em qualquer momento a sua hora, tinha tomado precauções. Fez colocar uma campainha junto da cabeceira da sua cama, para pedir os sacramentos. Deitava-se com a mente posta em Deus: Senhor – dizia –, não sei se me levantarei amanhã; dou-te graças pela vida que me deres e estou contente de morrer em teus braços. Espero na tua misericórdia.

“Custava-lhe sorrir; mas os seus filhos recordam-no sempre com o sorriso nos lábios. A doença deparava-lhe surpresas variadas: um dia, não se tinha em pé; outro, sobrevinha-lhe uma infecção furibunda; na semana seguinte, falhava-lhe o olho direito…

“Tomava com alegria e paciência as peças que lhe pregavam as suas indisposições […]. Assim andaram as coisas, até que o seu médico resolveu fazer uma alteração no tipo de medicação. Resultado: teve um choque anafilático e voltou a si completamente curado”.

Foi por ter ocorrido este episódio que ficamos sabendo que ele havia tido por 10 anos a diabete. Se não fosse por isso, de nada saberíamos. E isto é profundamente admirável: para quem, como eu, que conviveu com ele nesses anos todos, não ter-me dado conta de nada, não recordar qualquer diferença nele de disposição, de vitalidade, de alegria. Que lição poderosa ficou para todos nós de como levar uma doença com alegria, sem se queixar, sem que se note. Isto é saber sofrer, isto é ser heroicamente paciente.

Lição: como tenho carregado a minha cruz no dia-a-dia? Como São Josemaria? Pensemos nisso!

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