SÃO MATEUS APÓSTOLO: EXEMPLO DE CORAGEM

EVANGELHO – Mt 9, 9-13

Naquele tempo: Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me”! Ele se levantou e seguiu a Jesus. Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: “Quero misericórdia e não sacrifício”. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
Certo dia, saindo da cidade de Cafarnaum e dirigindo-se ao mar da Galileia, onde costumava pregar à multidão, Jesus avistou um publicano, isto é, um cobrador de impostos, chamado Levi ou Mateus. Era filho de Alfeu. Olhando para seus olhos lhe disse: segue-me. Ele, imediatamente, e isso é impressionante, abandonou tudo e passou a seguir Jesus.

O nome Mateus significa “presente de Deus”. Alguns supõem que ele mudou de nome como uma forma típica da época, para indicar a mudança de vida, à semelhança de Simão, depois Pedro, e Saulo, depois Paulo.

Desde então Mateus, de publicano, transformou-se em apóstolo, e neste caminho perseverou até o fim! Acompanhou o Mestre em seus três anos de vida pública e depois de receber o Espírito Santo com a abundância de suas graças, no dia de Pentecostes, pregou durante vários anos na Judéia. Em seguida, segundo a Lenda Áurea, que é um livro da Idade Média sobre a vida dos santos, levou o Evangelho a uma longínqua nação, a Etiópia.

Impelido pelo Espírito Santo, dirigiu-se para a cidade de Nadaber. Ali foi hospedado por aquele eunuco que foi batizado pelo diácono São Filipe como conta os Atos dos Apóstolos. São Mateus não demorou em fazer os primeiros discípulos. Estes logo lhe informaram da existência de dois grandes magos, Zaroés e Arfaxat, que enganavam os homens com seus truques, parecendo ter o poder de curar doenças e praticar outros milagres. Cheios de soberba, faziam-se adorar como deuses e exerciam forte influência sobre o rei Égipo e sua esposa Ifianassa. O apóstolo Mateus percebeu como o prestígio daqueles magos era causa de perdição para os homens, e quis convertê-los.

São Mateus, ao sair da casa do eunuco, foi seguido de grande multidão, pois correu a voz de que ele queria se encontrar com os magos.

Chegando à praça central da cidade, avistou os dois magos que, em alta voz, ameaçavam os habitantes de Nadaber: – Se não nos obedecerem, eis que a nossa ira cairá sobre vós! – disse Arfaxat. – E mandaremos que esses dois leões, que temos conosco, avancem contra vós! – completou Zaroés.

A multidão, apavorada, pedia clemência. São Mateus, munindo-se do sinal da cruz, levantou a voz e foi com segurança até eles: – Não vos preocupeis, pois trago a salvação do Senhor Jesus! Vendo os magos que havia aparecido um homem que ousava enfrentá-los, ordenaram aos leões que atacassem o apóstolo. Este, erguendo uma pequena Cruz de madeira, disse: – A paz esteja convosco! E todos viram que os dois enormes leões deitaram-se mansamente aos pés do apóstolo e caíram num profundo sono.

Então São Mateus disse aos magos: – Onde está a arte de que fazeis uso? Onde está o vosso poder? Desperte-os se puderem! Eis que contra o sinal da Redenção vossas bruxarias de nada valem. Vosso poder provém da mentira, que é o demônio que nada pode contra Cristo!

Grande multidão se reuniu e São Mateus, voltando-se aos leões, despertou-os e os mandou embora. No mesmo instante partiram, sem fazer mal a ninguém. O apóstolo começou a fazer então um grande sermão ao povo sobre a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Paraíso cujas portas foram abertas por Ele. E assim, naquele dia, São Mateus batizou muitos homens e mulheres, velhos e crianças.

Porém, os magos, fechando-se para as graças do Espírito Santo, prometeram vingar-se do apóstolo. No dia seguinte, uma notícia iria entristecer todo o povo da Etiópia: a morte do filho do rei Egipo! Como Zaroés, Arfaxat e outros magos não conseguiram ressuscitar o filho de Egipo, e temendo com isso perder o seu prestígio já abalado com a derrota na praça, teceram uma ardilosa explicação. Arfaxat, apresentando-se com seu amigo diante do rei, disse: – Senhor, sempre que foi preciso ressuscitamos um morto, pois isso, – para nós que somos enviados dos deuses – não é tarefa difícil! Entretanto, vosso filho não foi ressuscitado, não porque nós não conseguimos, mas a causa se deve a ele ter sido escolhido pelos deuses a lhes fazer companhia! – Sim! É isso! – completou Zaroés. – E o que deves fazer agora é erguer uma estátua e um templo ao novo deus, seu filho!

O eunuco da rainha tinha ouvido tudo e pediu para São Mateus entrar nos aposentos em que estava o corpo do príncipe. Junto ao leito fúnebre estavam sua mãe Ifianassa e sua irmã Ifigênia, que choravam a morte do menino. Ao entrar, o apóstolo disse serenamente: – A paz do Senhor esteja sempre convosco! E erguendo a Cruz que sempre levava consigo, rezou: – Senhor Jesus, é chegada a hora de glorificar ao Pai! Lembra-te, Jesus, de que ressuscitastes o filho da viúva e o que fizestes à filha de Jairo; que chamastes Lázaro quando este já havia morrido a quatro dias. Vós, meu Deus, que ressuscitastes dos mortos e que nos destes a vida! Vós que nos prometestes que “tudo o que pedirmos a vosso Pai em teu nome, nos será dado”, eu vos peço Senhor Jesus, nascido da Virgem Maria, de que ressusciteis este jovem!

E eis que no mesmo instante o príncipe abre os olhos e levanta-se da cama! Mãe e filha caem aos pés do apóstolo soltando gritos de alegria. Nesse momento, entra nos aposentos o rei Egipo e vendo seu filho vivo, não sabe o que fazer. Sua esposa lhe disse apontando para São Mateus: – Ele o ressuscitou! O rei exclamou: – Um deus! Um deus! Venham todos ver um deus oculto sobre os traços de um homem! Ele acaba de ressuscitar o meu filho!

Então, homens e mulheres apresentaram-se com coroas de ouro e diferentes tipos de sacrifícios a serem oferecidos a São Mateus, que os impediu, dizendo: – Homens, que fazeis! Não sou um deus, mas apenas um apóstolo do Senhor Jesus Cristo. Então, aproveitando a excelente ocasião deu início a uma pregação, no fim da qual todos, pediram o batismo.

Com o ouro e a prata que haviam levado, o Apóstolo pediu que as pessoas construíssem uma Igreja, o que foi feito em 30 dias. No dia da consagração da igreja, São Mateus consagrou Ifigênia a Nosso Senhor Jesus Cristo. Junto com ela foram consagradas mais 200 virgens.

Apesar de ficar um pouco longa esta homilia, vale a pena continuar a história para ver como foi a morte de São Mateus segunda a Lenda Áurea.

Passaram-se alguns anos, cerca de 33, e Egipo morreu, sendo sucedido no trono por seu irmão Hirtaco. Este, não havia recebido o batismo e queria se casar com Ifigênia. Para isso, mandou chamar o apóstolo Mateus e prometeu dar-lhe tesouros sem fins se a convencesse a se casar com ele. São Mateus disse ao rei para que fosse domingo à Igreja que ali ele arranjaria tudo. Hirtaco alegrou-se muito com isso. No dia marcado, o rei apressou-se a ir à Igreja. No momento em que São Mateus ia dirigir a palavra ao povo, lá estavam presentes o rei, Ifigênia e as 200 consagradas que eram dirigidas por ela. O apóstolo discorreu longamente sobre as vantagens do casamento e foi muito elogiado pelo rei, crente de que dizia aquilo para animar a Ifigênia a se casar com ele. Depois de pedir que se fizesse silêncio, São Mateus retomou o sermão, dizendo:

– O casamento é uma boa coisa quando nele se mantém a fidelidade. Saibam os presentes que se um escravo tivesse a presunção de raptar a esposa do rei, não apenas ofenderia o rei como também mereceria a morte, não por ter se casado, mas porque convencera a esposa de seu senhor a violar o seu matrimônio. E o mesmo aconteceria a vós, ó rei Hirtaco, pois saibas que Ifigênia tornou-se esposa do Rei Eterno e está consagrada a Ele. Assim, como poderias tomar a esposa de alguém mais poderoso do que vós e unir-se a ela pelo casamento?!

Quando o rei ouviu isso, retirou-se louco de raiva. O intrépido e firme apóstolo exortou todo mundo à paciência e à constância, a seguir abençoou Ifigênia. Terminada a missa o rei enviou um carrasco que com uma espada feriu mortalmente a São Mateus, que estava orando de pé diante do altar e com os braços estendidos para o Céu. E assim fez dele um mártir. Sabendo disso, o povo correu ao palácio do rei para incendiá-lo, e foi com dificuldade que os padres e diáconos puderam contê-lo. Em seguida, celebraram, com solene alegria, o martírio do apóstolo.

Como o rei não conseguia por nenhum meio mudar a resolução de Ifigênia, decidiu matá-la. Para isso, convocou alguns soldados. Estes, foram à noite até a casa de Ifigênia e acenderam fogo em volta de sua residência para queimá-la junto com as outras virgens. Quando o fogo já dava a volta à casa, e Ifigênia e suas companheiras encomendavam suas almas a Deus, eis que se dá uma aparição do apóstolo São Mateus que imediatamente afastou o fogo e o mandou em forma de uma esfera em direção ao palácio de Hirtaco.

Vendo seu palácio destruído pelo fogo, Hirtaco não quis ainda reconhecer o poder de Deus, e blasfemando, jurou vingança. Obstinado no seu pecado, foi atacado por uma lepra horrível. Não quis reconciliar-se com Deus e matou-se com a própria espada.

Na manhã seguinte, o povo aclamou como rei o irmão de Ifigênia, o mesmo que havia sido ressuscitado e batizado pelo apóstolo. Ele reinou setenta anos e foi depois substituído por seu filho, que ampliou o culto cristão e encheu toda a Etiópia de igrejas em honra de Jesus Cristo.

Os manuscritos do Evangelho de São Mateus foram encontrados no ano 500, junto com os ossos de São Barnabé. Este apóstolo carregava aquele Evangelho consigo e punha sobre os enfermos, que eram todos curados tanto pela fé de São Barnabé quanto pelos méritos de São Mateus.

No ano de 1080, Santo Alfano, arcebispo de Salerna, descobriu nesta cidade as relíquias de São Mateus. Apressou-se em comunicar o achado ao Papa São Gregório VII, que o felicitou, e com ele toda a Igreja Católica, numa carta datada do dia 18 de setembro, na qual recomenda ao bispo que as preciosas relíquias sejam dignamente veneradas.

Lição: como é bonito ver um apóstolo agindo, com toda coragem, em nome de Cristo e fazendo milagres. Que a exemplo de São Mateus, sintamos uma proteção especial ao estarmos com Cristo.

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