PURGATÓRIO: O QUE É (3)

EVANGELHO – Jo 14, 1-6

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
que consoladoras são estas palavras de Jesus: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito”. Jesus está nos dizendo que todos nós podemos ir ao Céu. E depois diz qual é o caminho: Ele mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e Vida”. Então o caminho é seguir os ensinamentos de Jesus e imitá-lo procurando comportar-nos em tudo o que fazemos como se Jesus estivesse no nosso lugar. Sabemos, então, qual é o caminho. Agora é segui-lo.

Dando continuidade à nossa série sobre o Purgatório, começamos a falar ontem da intensidade dos sofrimentos que as almas padecem neste lugar. Hoje vamos falar dos tipos de sofrimento e vamos falar também das consolações e alegrias que elas têm enquanto permanecem neste lugar de purificação.

Há dois sofrimentos, duas penas principais no Purgatório: a pena do dano ou separação de Deus, e a pena do sentido.

A pena do dano

É a que sofrem as almas do Purgatório por serem privadas da visão de Deus.

Não ver a Deus, cuja beleza infinita e bondade suprema elas compreendem após a morte de modo tão claro e nítido leva a alma a sentir um martírio mais insuportável do que todos os tormentos que possa padecer, mais do que o próprio fogo do Purgatório.

Santo Tomás de Aquino tratando da pena do dano, confirmava esta verdade dizendo ser mais insuportável, maior e mais terrível que a pena de sentido.

Aqui neste mundo, o apego às coisas da terra faz com que muitas vezes nos esqueçamos de Deus e vivamos sem sentir e nem imaginar sequer o que seja estar separado de Deus.

“Sentir um ímpeto de ir para Deus sem o poder satisfazer, isto, diz Santa Catarina de Gênova, é o maior sofrimento que se possa imaginar, é propriamente o Purgatório. Este estado é um estado de morte, uma dor inenarrável”.

A pena de sentido: o fogo do Purgatório

1031 (…) Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador.

Os testemunhos dos santos falando de visões que tiveram do Purgatório, falam, e isto é unânime também, que viram almas em meio a um fogo abrasador.

Agora vamos falar das alegrias e consolações que as almas experimentam no Purgatório.

Santa Catarina de Gênova que dizia que o sofrimento das almas do Purgatório só tem uma comparação que é o sofrimento que padecem as almas que estão no Inferno, dizia também, para nossa felicidade, que a alegria que sentem as almas do Purgatório só tem uma comparação que é a alegria que experimentam as almas que estão no Céu. Vamos, então, que há um misto de dor e alegria.

As almas do Purgatório também recebem consolações que excedem a todas que possamos ter nesta vida.

Não podemos dizer que o Purgatório é um Inferno com prazo de validade, nem que é o Céu. É um lugar de expiação e de tormentos terríveis, não há dúvida, mas há nele a doce esperança da salvação, esperança acompanhada da certeza absoluta de um dia chegar à posse de Deus na Bem-aventurança. E isto não é uma felicidade sem par?

Quando São Francisco de Assis, estando aqui na terra, soube que iria para o Céu, teve uma alegria tão grande que nenhuma linguagem humana o poderia traduzir. Que alegria devem sentir as almas ao entrarem no Purgatório tendo a certeza de que irão para o Céu?

São Francisco de Sales, cuja doutrina é um bálsamo suavizante para as almas, fala das alegrias e consolações do Purgatório. Escreve São Francisco:

“É verdade que os tormentos do Purgatório são extremos, e as maiores e mais terríveis dores desta vida não se podem comparar a eles; mas também as satisfações interiores são tão especiais e tão grandes, que nenhuma felicidade nem alegria da terra podem se igualar. Feliz estado mais desejável que temível, pois suas chamas são chamas de amor e de caridade. Terríveis penas, sim, pois elas retardam a hora da visão de Deus”.

Dos ensinamentos de São Francisco de Sales a este respeito podemos destacar dez pontos principais:

1º. – As almas do purgatório estão numa contínua união com Deus e perfeitamente submissas à sua vontade.

2º. – Elas se purificam com muito amor e com toda boa vontade, porque sabem que essa é a vontade de Deus e é para poderem entrar no Céu. Sofrer para fazer a vontade de Deus é uma alegria para elas.

3º. – Elas querem sofrer do modo como Deus quer e no tempo que Ele quer.

4º. – São impecáveis e não podem experimentar nem o mais leve movimento de impaciência nem cometer uma imperfeição sequer.

5º. – Amam a Deus mais do que a si próprias e mais do que todas as coisas e com um amor muito puro e desinteressado.

6º. – São consoladas pelos Anjos.

7º. – Estão seguras da sua salvação e com uma segurança que não pode ser confundida.

8º. – Os sofrimentos que experimentam são muito grandes, mas sofrem numa profunda e perfeita paz.

9º. – Se pelo que padecem estão como numa espécie de Inferno, quando a dor, é um Paraíso de doçura quanto a caridade que é mais forte do que a morte, do que o maior sofrimento.

10º. – Feliz estado, mais desejável que temível, pois estas chamas do purgatório são chamas do Amor!

Lição: no próximo episódio vamos falar das consequências que podemos tirar ao refletir sobre o Purgatório.

PURGATÓRIO: O QUE É (3)

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