PURGATÓRIO: O QUE É (2)

EVANGELHO – Jo 13, 16-20

Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade vos digo: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou. Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis felizes. Eu não falo de vós todos. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se realize o que está na Escritura: “Aquele que come o meu pão levantou contra mim o calcanhar”. Desde agora vos digo isto, antes de acontecer, a fim de que, quando acontecer, creiais que eu sou. Em verdade, em verdade vos digo, quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
no Evangelho de hoje, Jesus começa dizendo estas palavras: “Em verdade, em verdade vos digo: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou”. O que é que Jesus está querendo dizer com estas palavras? Muitas coisas, mas uma delas é que nós, seus representantes, não podemos inventar nada. Não podemos modificar nada do que Jesus ensinou. Nós somos apenas servos, Ele é o Senhor. Sempre houve ao longo da história uma pressão para a Igreja mudar alguns ensinamentos de Jesus Cristo com a alegação de que os tempos mudaram, que a Igreja precisa se adaptar aos novos tempos etc. Não há dúvida que algumas coisas acidentais são passíveis de serem alteradas, por exemplo, se o batismo é feito por imersão ou por derramamento da água na cabeça do batizando, mas tudo aquilo que se refere à fé e a moral não pode ser alterado. Nós somos apenas transmissores da verdade revelada por Deus.

Continuando a nossa série sobre o Purgatório, na semana passada começamos a falar a seu respeito transmitindo o ensinamento da Igreja. Vimos que o Purgatório é um lugar ou estado de purificação das almas que morrem merecendo o Céu, porém ainda não estão prontas para irem ao encontro de Deus.

Os teólogos costumam dizer que o Céu não tem portas, que o Inferno não tem portas e que também o Purgatório não tem portas. Isto significa que a própria alma se dirige para onde ela deve ir. Uma alma que merece o Céu, mas vê que sua alma não está preparada para entrar nele, vendo o Purgatório, dirige-se livremente para ele para limpar a sua alma. É como se fôssemos convidados para um super banquete no palácio de Buckinhan. Não ousaríamos entrar neste banquete sem estar lavados e perfumados e com uma roupa de gala. Quando vemos que é o Céu é tão especial, tão divino, não ousamos entrar nele sem uma purificação total do nosso coração, apesar desta purificação ser dolorosíssima.

De fato, segundo o testemunho unânime de todos os santos, ou seja, não há nenhum santo que falou o contrário, o menor sofrimento no Purgatório é maior que o maior da terra. Não é nada agradável ouvir isto, mas é o que os santos dizem e não podemos ter medo, se somos pessoas maduras, de olharmos a verdade.

Santa Catarina de Gênova, por exemplo, que é conhecida como a doutora do Purgatório, a quem Nosso Senhor revelou o sofrimento que elas padecem e escreveu um tratado sobre o Purgatório, diz que o que as almas ali padecem só têm um termo de comparação: as penas do Inferno.

Após uma visão do Purgatório, exclamava: “Que coisa terrível é o Purgatório! Confesso que nada posso dizer e nem conceber que se aproxime sequer da sua realidade. É preciso uma graça e uma iluminação especial de Deus para compreendê-lo. Vejo que os sofrimentos que as almas do Purgatório padecem são tão dolorosos como as penas do Inferno”.

Santo Tomás de Aquino diz também que os sofrimentos das penas do Purgatório ultrapassam a qualquer sofrimento deste mundo.

São Gregório Magno reafirma a mesma verdade dos outros santos: “as penas do Purgatório, apesar de serem passageiras, são mais terríveis e insuportáveis que todos os males desta vida”.

Outro santo também diz: “Se o homem tivesse de suportar os tormentos do Purgatório, a dor o mataria num instante. Porém, a alma imortal, por sua natureza, torna-se mais forte com a separação do corpo e, por isso, pode suportar tanto sofrimento”.

Minutos que parecem séculos

São tão dolorosas as penas do Purgatório, que lá os minutos parecem séculos.

Conta Santo Antonino de Florença que foi bispo desta cidade (1389-1459), que um enfermo, vítima de dores atrozes, pedia sempre a morte. Julgava os seus sofrimentos terríveis e acima de toda força humana. Um Anjo lhe apareceu e disse: Deus me mandou para dizer a você que você pode escolher um ano de dores na terra, ou um só dia no Purgatório. O enfermo escolheu um dia no purgatório. Foi para o Purgatório. O anjo o foi consolar e o falecido lhe disse: “Você disse que eu ficaria no Purgatório um só dia e sinto que estou aqui há mais de vinte anos pelo menos!”

O anjo respondeu: “Imagina! Você acabou de entrar no Purgatório e seu corpo nem ainda foi sepultado. Mas a divina misericórdia permite que você ainda volte para a terra para ter aquele ano de doença. Você quer”?

– Prefiro mil vezes ter sofrer dores ainda maiores da minha doença!

Ressuscitou e durante um ano sofreu muitíssimo, mas com uma paciência heroica até a morte.

Lição: penso que ninguém de vocês imaginava que o Purgatório pudesse ser tão doloroso. Eu mesmo quando fiquei sabendo desta verdade, fiquei muito impressionado. E raciocinando, vejo que o Purgatório é muito doloroso, pois, por um lado, o Céu é muito, muito especial. Se o Céu fosse pouca coisa, não precisaria de muito para conquistá-lo. Por outro lado, o pecado é muito, muito sério. Nós temos uma tendência a banalizar o pecado. Não podemos esquecer que Jesus, o Filho de Deus, sofreu toda a terrível Paixão e morte na Cruz para nos libertar do pecado. Por outro lado, Deus nos dá a possibilidade de não sofrermos tanto aqui na terra e conquistarmos o Céu sem passar pelo Purgatório. Isso acontece se terminamos essa vida muito puros, isto é, muito santos, muito identificados com Cristo. E isto é possível, pois Deus dá toda a graça para isso. Pensemos nisso.

PURGATÓRIO: O QUE É (2)

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