EVANGELHO – Lc 6, 36-38
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor
Olhar para Jesus: Como dizíamos outros dia, a principal conversão que Deus espera de nós é a conversão no amor. Por isso, o Evangelho de hoje nos fala do perdão.
Um tempo atrás, li em espanhol um dos textos mais profundos que achei sobre o perdão. Gostei tanto que fiz a tradução. Segue abaixo o início dele e um anexo com o texto completo. Vale muito a pena lê-lo na íntegra.
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Aprender a perdoar
A única dor que destrói mais do que o ferro é a da injustiça que procede dos nossos familiares.
Por: Jutta Burggraf
Se alguém nos pisar no ônibus cheio, mas pedir desculpas com amabilidade, normalmente não teremos muita dificuldade em esboçar um sorriso, mesmo que o nosso pé esteja doendo. Somos conscientes de que o outro não nos causou o incômodo propositadamente, mas por descuido ou empurrado pela força da gravidade. Não é responsável por sua ação. Nesse caso não será necessário exercitar o perdão, pois este se refere a um mal que alguém nos ocasionou voluntariamente.
Uma reflexão prévia
Quando falamos do autêntico perdão, movemo-nos num terreno muito mais profundo. Um pé pisado por descuido não tem importância, mas sim a tem uma ferida no coração humano causada pela livre atuação de outra pessoa. Todos sofremos, de vez em quando, injustiças, humilhações e rejeições; alguns têm de suportar diariamente torturas, não só na cadeia mas também no trabalho ou na própria família. É verdade que ninguém pode nos fazer tanto dano como quem deveria nos amar. A única dor que destrói mais do que o ferro é a da injustiça que procede dos nossos familiares, dizem os árabes.
Não é só pela injustiça que nosso coração pode sofrer. Pode sofrer também pela infidelidade, pela corrupção, pelo desgaste. O amor pode esfriar-se pelo desgaste diário, pela desatenção e pelo estresse, pode ir desaparecendo oculta e silenciosamente. Casais aparentemente muito unidos podem sofrer “divórcios interiores”, podem viver externamente juntos sem estar, porém, unidos interiormente, na mente e no coração. Podem conviver, suportando-se.
Diante das feridas provenientes do trato com os outros, é possível reagir de formas diferentes. Podemos bater naqueles que nos bateram, ou falar mal dos que falaram mal de nós. Mas não vale a pena gastar energia com aborrecimentos, receios, rancores ou desespero; e menos ainda fechar-se para não sofrer mais. Só o perdão é que liberta.
O perdão consiste em renunciar à vingança e querer, apesar de tudo, o melhor para quem nos ofendeu. A tradição cristã oferece testemunhos impressionantes dessa atitude. Não só temos o exemplo famoso de Santo Estêvão, o primeiro mártir, que morreu rezando por aqueles que o apedrejavam. Em nossos dias há também muitos exemplos. Em 1994, um monge trapista chamado Christian foi morto na Argélia devido a uma perseguição religiosa junto com outros monges que tinham permanecido no seu mosteiro. Christian deixou uma carta à sua família para que a lessem depois da sua morte. Nela dava graças a todos os que tinha conhecido e dizia: “Neste agradecimento evidentemente incluo vocês, amigos de ontem e de hoje… E também a vós, amigos de última hora, que não tendes ideia do que fareis. Sim, também a vós, meus perseguidores, digo este “obrigado” e este “a Deus”. Que Deus, nosso Pai, nos conceda voltar a ver-nos no paraíso, se for do seu agrado”.
Talvez pensemos que estes são casos-limite, reservados a alguns heróis; que são ideais belos, mas mais admiráveis do que imitáveis, e que se encontram muito longe de nossas experiências pessoais.
Pode uma mãe perdoar o assassino do seu filho? Podemos perdoar uma pessoa que nos deixou numa situação completamente ridícula diante dos demais, que nos tirou a liberdade ou a dignidade, que nos enganou, difamou ou destruiu algo que para nós era muito importante? Essas são algumas das situações existenciais nas quais convém perguntar-nos.
CONTINUE LENDO O TEXTO COMPLETO QUE SE ENCONTRA ABAIXO…
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