MARCELO CÂMARA: EXEMPLO DE UMA VIDA SANTA (9)

EVANGELHO – Jo 10, 1-10

Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor

Olhar para Jesus:
o capítulo 10 do Evangelho de São João é o famoso capítulo do Bom Pastor onde Jesus utiliza esta imagem para nos mostrar um aspecto do seu amor que é o do cuidado amoroso por um cada um de nós. Ele é como um pastor que cuida delicadamente de cada uma das suas ovelhas. Nos protege dos inimigos, nos leva para verdes pastagens e para o Céu. Vive para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância. Saibamos agradecer a Jesus este amor tão grande e carinhoso que tem por nós.

Continuando a nossa série sobre o Marcelinho, agora vamos entrar na parte derradeira que é a da sua doença que o levará à morte. Nós vamos ver como um santo leva uma doença grave e dolorosa. O que vamos comentar nos próximos capítulos desta série servirá como uma enorme inspiração para aprendermos a carregar as pequenas e grandes cruzes da nossa vida.

O seu pai relata como ficou sabendo da doença do seu filho:

Por volta de junho/julho de 2004, Marcelo disse para mim que andava com umas dores nas costas, uma coisa desagradável. Levei-o numa massoterapeuta e o tempo foi passando, ele levando a vidinha dele. Levei-o também numa clínica de ortopedia e o médico atestou lombalgia, receitando analgésico, fisioterapia e massagens. Ocorre que, nada melhorou. Por volta das 10h da manhã do dia 18 de setembro de 2004, o celular tocou e era o Marcelo: “pai, a dor aumentou drasticamente e eu não estou sentindo muito os membros inferiores” (…) Fui levando o Marcelo de cadeira de rodas pela rua, como um louco, cerca de duzentos metros, para chegar na Clínica do Cérebro. Aí começou o suplício. A médica disse que já estava ligando para o Hospital Servidores para internar o Marcelo e fazer alguns procedimentos. Por volta de 22h, chamei o técnico que fez o exame, apertei-o e ele disse que havia um tumor entre a D4 e a D5. Perdi o chão, já não sabia mais o que falava. A essa altura o Marcelo já não andava mais (…) Começou o nosso calvário, em 20 de setembro de 2004, por volta das 22h. Ali ele já ficou internado praticamente até início de dezembro. No dia seguinte, já abriram a coluna para descomprimir e coletar material. Era um tumor grande no mediastino e um menor na coluna. Se eles não fazem essa descompressão ele ficaria paraplégico. Após isso, ficou uns dois meses de andador.

Uma grande corrente de oração começou a se formar na intenção da recuperação do Marcelinho.

E diante de uma cruz tão real e concreta, Marcelo foi extraordinário. A doença acabou se tornando a pedra preciosa que refletia o esplendor da sua santidade. Aqueles que o visitavam no hospital saíam confortados e impressionados com sua paz e seu otimismo.

O amigo Samuel Naspolini conseguiu expressar, com riqueza de detalhes, os sentimentos, as preocupações e o espanto com que os amigos observavam o modo de agir do Marcelinho naquelas circunstâncias tão adversas:

Decidi buscar mais informações no próprio hospital. Estava chocado com a brutalidade da notícia e a gravidade do problema. Dirigi, muito tenso, pelas ruas escuras ao redor do Hospital Celso Ramos, e caminhei nervoso pelos corredores até a porta de seu quarto. Alguns objetos religiosos e cartas de apoio deixados do lado de fora tornavam o ambiente um pouco mais receptivo, mas não diminuíam o impacto causado pela placa a indicar a proibição de visitas. Fiquei ali alguns minutos, até que Dona Leatrice (sua mãe) surgiu e me permitiu entrar. Preparei-me para o pior, afinal, ali estaria um jovem de 25 anos acometido por um linfoma grave. O choque de fato veio, mas de forma diferente. Ao me ver, Marcelo abriu um sorriso absurdo naquelas circunstâncias, genuinamente feliz. “Samuca, meu caro, que alegria vê-lo”. Descreveu-me as dores que sofria há alguns dias e a crise que o atingiu em sala de aula. Já tinha consigo alguns livros e iniciara o estudo sobre sua doença. De nada se queixou ou reclamou, apenas lamentou ter que se afastar do trabalho, preocupado com seus alunos. Dirigiu palavras de afeto aos enfermeiros que entraram no quarto. Em pouco tempo, deixou seu grave problema de lado e já falava de livros, do Brasil e de Cristo. Estava tocado pelo carinho dos amigos que o visitavam todos os dias e pela força que o Senhor lhe dava através da oração. Ao se despedir, sempre sorrindo, entregou-me um pequeno terço. Como depois bem sintetizou nosso amigo Eduardo Sens dos Santos, íamos visitar Marcelo para apoiá-lo, porém era ele quem nos apoiava.

A amiga Thaiz Vieceli também registra com muita admiração a atitude de fé e de esperança do amigo:

Logo no primeiro contato com ele após o descobrimento da doença, mais uma vez ele surpreendeu, quando deveria estar sendo acolhido e confortado era ele quem acolhia e confortava os seus. Ele dava lições de vida o tempo inteiro. Não que tivesse a intenção de fazê-lo, mas simplesmente porque ele vivia o amor, vivia a fé que evangelizava e confiava plenamente no caminho que Deus havia preparado para ele. Não que em muitos momentos não tivesse sentido medo ou tristeza, mas que mesmo sentindo dor, acreditava que o melhor estava por vir.

Lição: o que acontece com muitas pessoas que tem um diagnóstico como este? Caem em depressão e passam a estar centrados em si mesmos, na sua doença. O que fez o Marcelinho? Logo entregou a sua doença nas mãos de Deus, ciente de que tudo é para o bem, entregou também suas dores a Jesus, e com uma profunda paz e alegria, continuou como antes, voltado para os outros, para alegrá-los e servi-los. É assim que tenho me comportado quando aparece uma cruz um pouco mais pesada na minha vida? Pensemos nisso.

MARCELO CÂMARA: EXEMPLO DE UMA VIDA SANTA (9)

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